Topo

Grêmio: lateral da Batalha dos Aflitos dá receita para volta à Série A

Patrício jogou pelo Grêmio em 2000, voltou e 2005 e ficou até o final de 2007 - Reprodução/Facebook
Patrício jogou pelo Grêmio em 2000, voltou e 2005 e ficou até o final de 2007 Imagem: Reprodução/Facebook

Jeremias Wernek

Do UOL, em Porto Alegre

08/07/2022 04h00

Grêmio e Náutico vão se reencontrar em um jogo válido pela Série B do Campeonato Brasileiro 17 anos depois. Hoje (8), em Porto Alegre, os dois clubes fazem um jogo que remete a 26 de novembro de 2005, o duelo batizado de 'Batalha dos Aflitos'. Patrício, lateral direito gremista naquele sábado em Recife, lembra bem o que pensou na época. E dá a receita para o clube voltar à elite em 2023: fazer o elenco pensar no futuro, do time e dele mesmo, além de ter espírito de Série B.

"Eu tinha 31 para 32 anos na Batalha dos Aflitos e fui pensando claramente na situação. Era a chance de subir, renovar e ter mais uns dois ou três anos em alto nível. E, por outro lado, se não subisse, não ia ficar no Grêmio e ia começar a descer mais. Ali, era a minha vida. Por isso a gente colocou tanto na cabeça dos mais novos que não era só um campeonato. Era a nossa vida, para os mais experientes do grupo. Com o acesso do Grêmio, joguei até os 38 anos e sempre passando por times grandes", comenta.

Patrício foi titular do Grêmio em boa parte da campanha do título da Série B de 2005. Ele voltou ao clube naquela temporada depois de uma primeira passagem em 2000. Hoje, tem 47 anos e olha com carinho para os dias do passado. Contra o Náutico, na última rodada do quadrangular final da Série B de 2005, o Grêmio teve cinco jogadores expulsos. O time da casa perdeu dois pênaltis e no final, Anderson arrancou para fazer o improvável gol da vitória. A luta de 17 anos atrás precisa aparecer agora, na visão do ex-camisa 2 do Grêmio.

"Os caras precisam pensar o seguinte: jogar esse ano para renovar, crescer na carreira. Se o Grêmio não subir, o que fica? Como fica o grupo? Pode ter injustiça com jogadores bons que não vão ser valorizados também", aponta o ex-lateral direito.

Lucas Leiva (15) e jogadores do Grêmio durante jogo com o Náutico, em 2005 - BETO FIGUEIRÔA/JC IMAGEM/AE - BETO FIGUEIRÔA/JC IMAGEM/AE
Lucas Leiva (15) e jogadores do Grêmio durante jogo com o Náutico, em 2005
Imagem: BETO FIGUEIRÔA/JC IMAGEM/AE

O Grêmio de 2022 tem outra conexão com 2005: Lucas Leiva. Jovem da base há 17 anos, o volante voltou ao clube e se prepara para estrear novamente. Como grande contratação para o restante da Série B.

"A volta do Lucas é muito, muito bacana. Ele é jogador de Série A. É um jogador que se cuida, treina muito, preparado. É um jogador com cabeça, é profissional. Ele vai dar um up no meio-campo do Grêmio. Depois da saída do Maicon, o meio-campo do Grêmio ficou carente de referências e o Lucas pode fazer um papel assim. Mas só ele não vai resolver. Tem que ter mais uns caras para dar uma mão. Na Série B é preciso ter gente que saiba jogar a Série B. A Série B não é fácil", aponta Patrício.

O novo duelo entre Grêmio e Náutico pela Série B chega em meio à série do clube gaúcho de 10 jogos sem derrota. Mas cada partida coloca o time diante de um cenário diferente. "O ambiente de Série B muda muito. Além da força física que o time precisa. O time que joga contra o Grêmio espera, se fecha. Então, o campo fica mais apertado para o Grêmio", opina Patrício.

Confira outras respostas de Patrício ao UOL Esporte

Grêmio x Náutico na Série B de novo

Eu estava pensando nisso. Cheguei ao Grêmio justamente no jogo contra o Náutico, aqui em Porto Alegre. Eu estreei na rodada seguinte. Voltei ao clube a pedido do Mano Menezes, que trabalhou comigo no XV de Campo Bom. É complicado, né? Ninguém esperava um rebaixamento do Grêmio, mas a gente sabe que quando o time cai num marasmo, numa onda ou luta de má fase, é terrível. É complicado demais. As outras equipes se aproveitam e quando o Grêmio viu, não tinha mais como se levantar. Caiu, infelizmente.

Série B de 2005 com o Grêmio

Naquela temporada subiam só dois, então já era mais difícil do que agora. Hoje em dia sobem quatro, OK, tem clubes tradicionais. Mas em 2005 era uma fase de classificação, passavam oito e aí tinha duas chaves com quatro times para formar o quadrangular final. A gente chegou uns dois dias antes a Recife e lutou muito naquele jogo. Em todo jogo, na verdade. Não tinha cansaço, não tinha dor. Ali, a gente sabia que precisava muito subir.

Novo ciclo de Série B à final da Libertadores

A gente nunca pode dizer que é impossível, mas para chegar à final da Libertadores? Naquele ano, a torcida foi fundamental. Fundamental. A torcida ia nos buscar no hotel antes do jogo. A gente entrava em campo emocionado, sabe? Quando se veste a camisa do Grêmio é diferente. Joguei em 16 clubes no Brasil, mas no Grêmio tem um algo mais. A torcida inflama. Não sei como explicar, sempre fui gremista e é diferente.

A gente subiu, foi campeão gaúcho na casa dos caras (Inter) no ano que eles ganharam a Libertadores e o Mundial. Nos classificamos para a Libertadores com três rodadas de antecedência. Ganhamos o Gauchão em 2007, conseguimos viradas em casa no Gauchão e na Libertadores. Tanto que a torcida acreditou na virada depois de o time levar 3 a 0 do Boca na Argentina. O nosso time criou uma relação com a torcida que fez ela acreditar sempre, até nos jogos mais difíceis. Era algo especial. Agora, ainda não encaixou.