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Na ativa e com careca impecável: a vida do "juiz do penta" após 20 anos

Ex-árbitro Pierluigi Collina apitou o penta do Brasil em 2002 - na foto, em premiação de 2018 - Reuters/John Sibley
Ex-árbitro Pierluigi Collina apitou o penta do Brasil em 2002 - na foto, em premiação de 2018 Imagem: Reuters/John Sibley

Thiago Varella

Colaboração para o UOL

07/07/2022 04h00

Dono de um olhar penetrante e de uma inconfundível careca, Pierluigi Collina talvez seja o melhor árbitro de futebol da história. O italiano venceu o prêmio de juiz do ano pela Federação Internacional de História e Estatística do Futebol (IFFHS) por seis vezes, foi eleito pela revista France Football como o maior de todos os tempos e, desde 2011, está no hall da fama do futebol italiano.

Para nós, brasileiros, Collina é lembrado por ter apitado a final da Copa de 2002, em que o Brasil se sagrou pentacampeão do mundo ao vencer a Alemanha.

O italiano, que hoje tem 62 anos, pendurou o apito em 2005, mas está longe de levar uma vida de aposentado. Collina segue trabalhando no futebol e sua opinião ainda influencia bastante nos rumos do esporte.

Desde 2017, ele é o presidente da Comissão de Arbitragem da Fifa e ajuda a entidade em temas importantes como, por exemplo, o avanço da tecnologia no auxílio aos árbitros.

O UOL Esporte separou algumas curiosidades do juiz que, há 20 anos, apitou a partida que deu o último título mundial de futebol ao Brasil.

Aposentado? Que nada!

Apaixonado pelo apito, Collina chegou a se beneficiar de uma mudança na regra na Itália que estendeu em um ano sua aposentadoria como árbitro. Mas precisou deixar a arbitragem de maneira compulsória por causa da idade.

Desde então, o italiano segue no esporte como consultor de arbitragem para a Associação Italiana de Árbitros, como chefe de arbitragem da Federação Ucraniana de Futebol e, hoje, como presidente da Comissão de Arbitragem da Fifa.

Collina ganha dinheiro mesmo fora do futebol. Ele trabalha como consultor financeiro, já que é formado em economia pela Universidade de Bolonha.

Careca famosa

Se você gosta de futebol, reconhece facilmente a careca de Collina, sua marca registrada. O italiano sofre de uma forma severa de alopecia, que surgiu quando ele tinha 24 anos. Além da falta de cabelos, também não tem sobrancelhas ou cílios. Além disso, por causa da careca, o ex-juiz também é conhecido pelo apelido Kojak.

Após 20 anos, sua tradicional e marcante careca continua impecável.

Celebridade do apito

Collina é um dos árbitros mais populares de todos os tempos. O italiano soube bem aproveitar a fama e já estrelou inúmeros anúncios publicitários. Ele, inclusive, estampou a capa do game Pro Evolution Soccer 3, em 2003.

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Na Itália, o Pierluigi Collina assinou um contrato de patrocínio com a Opel, que era o mesmo do Milan. Ele foi acusado pela associação de árbitros de conflito de interesses e acabou anunciando a aposentadoria
Imagem: Dylan Martinez/Reuters

Com a popularidade adquirida na Copa de 2002, Collina virou garoto-propaganda de algumas marcas no Japão. Ele também é amado na Turquia, já que a seleção local ou os times turcos jamais perderam em jogos apitados pelo italiano.

Tecnologia é inevitável

Como ex-árbitro, Collina é defensor das decisões tomadas em campo por humanos, mas sabe que a tecnologia é inevitável para o esporte. Para a Copa deste ano, o italiano se mostra entusiasmado com a tecnologia semi-automatizada de impedimento e considera que será boa para o futebol por causa de sua velocidade e precisão. No entanto, ele rechaça que a novidade seja um "robô de impedimento".

"Os árbitros e assistentes ainda serão responsáveis pela decisão no gramado", afirmou, em entrevista ao canal de TV italiano Sky Sport.

Grande frasista

Inteligente, Collina é bom em criar frases de impacto. Em entrevista ao jornal Corriere della Sera, em 2006, disse que o juiz não pode ser sábio.

"Sábio é quem pensa. O árbitro não pode ser sábio. Deve ser impulsivo. Deve decidir em três décimos de segundo", cravou.

O italiano também se recusa a escolher a partida mais difícil que já apitou. Para ele, apesar de importante, uma final de Copa não é mais complicada do que um jogo regional.

"A dificuldade depende do contexto, então paradoxalmente a final da Copa do Mundo é menos difícil do que uma partida inter-regional. Ali, dependendo do resultado, o risco também é físico", afirmou.