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Futebol Sem Fronteiras

O jogo por trás do jogo. Com Jamil Chade e Julio Gomes


OPINIÃO

Futebol sem Fronteiras #54: Após Copa, EUA sonham com 'Super Libertadores'

Do UOL, em São Paulo

23/06/2022 17h00

Nesta semana, a Fifa anunciou quais cidades sediarão as partidas da Copa do Mundo-2026. No total, são 16: 11 nos Estados Unidos, três no México e duas no Canadá. Com os holofotes voltados para a região, os EUA vivem um momento especial no futebol. A MLS (Major League Soccer) entrou para lista das quatro principais ligas profissionais do país, que também sonha em seus clubes participarem de uma Libertadores turbinada.

No podcast Futebol sem Fronteiras #54 (ouça na íntegra no episódio acima), o colunista Julio Gomes e o correspondente internacional Jamil Chade conversaram com o jornalista Sérgio Patrick, que mora há oito anos nos Estados Unidos. Eles falaram sobre o panorama do soccer e do seu desenvolvimento, tanto dentro como fora das quatro linhas.

"Desde crianças ouvimos esta frase: 'Onde vai parar o futebol nos EUA?' Há quase 50 anos, o Pelé chegava por lá para jogar no New York Cosmos. O discurso era de que os americanos 'pegariam' o futebol e nunca mais ninguém ganharia nada. Cinquenta anos depois, finalmente parece que, discursos à parte, está se transformando em algo maior mesmo. Temos Copa do Mundo em 2026, investidores americanos comprando clubes por todas as partes e o futebol feminino já é uma realidade há bastante tempo", comentou Julio.

Jamil destacou o crescente envolvimento de empresários dos EUA no mercado do futebol. Vários deles adquiriram clubes ao redor do mundo - no caso do Brasil, John Textor se tornou dono da SAF do Botafogo. Na Europa, ele se tornou o acionista majoritário do Lyon nesta semana - antes, ele já havia comprado o RWD Molenbeek, da segunda divisão belga, e é dono do Crystal Palace, da Inglaterra. O correspondente internacional e colunista do UOL explicou se a Uefa se sentiria ameaçada de alguma forma com esta expansão da influência norte-americana.

"Por enquanto, os europeus olham com interesse, mas não daria muito para eles começarem a olhar com preocupação. Eventualmente, esse mesmo empresário terá dois times na mesma competição. E se houver uma invasão de empresários norte-americanos?", questionou Jamil.

Super Libertadores

A ideia de crescimento e desenvolvimento do futebol nos EUA passa por um debate cada vez mais comum por lá: uma integração maior com a América do Sul. A ideia de criação de uma Libertadores turbinada, com a presença de clubes da MLS, surge como uma oportunidade de negócio para confrontar a Uefa e suas rentáveis competições.

"Juntar o futebol sul-americano com o norte-americano seria, na minha opinião, o único caminho possível para que um dia qualquer clube daqui possa competir com os europeus. Essa competição esportiva sempre existiu desde o século passado. Deixou de existir quando o abismo financeiro foi se abrindo e, hoje, parece irrecuperável. A chance seria essa: pegar a capacidade de gestão, organização e o dinheiro dos americanos e juntar com o talento, a paixão e a mobilização que o futebol tem aqui na América do Sul", apontou Julio.

Patrick ressaltou que esta é uma conversa antiga nos EUA. "Essa é uma questão feita frequentemente por aqui para os principais dirigentes de futebol dos Estados Unidos. Por enquanto, nos últimos anos, a resposta tem sido 'é uma ideia interessante, mas que não cabe no calendário'. Quando a grana falar mais alto, porém, isso vira uma justificativa para qualquer coisa no país", analisou.

Para o jornalista, o temor de uma concorrência direta com uma 'Super Libertadores' faz a MLS agir com cautela. "A minha impressão é que a MLS não quer uma competição que esteja acima dela. A Copa dos Campeões da Concacaf não é superior à MLS. A vida do futebol aqui nos EUA é a MLS. Há essa dificuldade. A MLS não é uma entidade como a CBF; é uma liga estruturada nos moldes do esporte americano. Eles sabem o que a Champions League fez com as ligas europeias. Pode fazer sentido financeiramente, mas há essa trava muito forte. A MLS não quer uma competição que ofusque o tamanho que ela deseja ter. Nos próximos anos, ela pretende ser uma competição tão relevante como ligas europeias importantes", completou Patrick.

Ouça o podcast Futebol sem Fronteiras e confira também o debate sobre a polêmica em torno dos naming rights dos estádios dos EUA que receberão jogos da Copa-2026 e os problemas no sistema de transporte aéreo do país, que podem dificultar o deslocamento das seleções durante o Mundial.

Não perca! Acompanhe os episódios do podcast Futebol sem Fronteiras todas as quintas-feiras às 16h no Canal UOL.

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