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Fabinho, em alta, é mais um ex-10 da 'Academia de Volantes' do Palmeiras

Zé Rafael e Fabinho, do Palmeiras, durante treino na Academia de Futebol - Cesar Greco/Palmeiras
Zé Rafael e Fabinho, do Palmeiras, durante treino na Academia de Futebol Imagem: Cesar Greco/Palmeiras

Diego Iwata Lima

Do UOL, em São Paulo

01/06/2022 04h00

Fabinho está ganhando espaço no Palmeiras. O volante campeão da Copa São Paulo neste ano tem sido presença constante nas convocações de Abel Ferreira para o time profissional, embora tenha idade para ser sub-20 por mais uma temporada.

Entrou em campo na vitória sobre o Santos, no último domingo (29), pelo Brasileirão. Também atuou em parte dos jogos na Libertadores, contra Emelec-EQU e Deportivo Táchira-VEN. E a sua característica que mais sobressaiu nestes duelos foi sua qualidade na saída de jogo. Não é por acaso. Fabinho já foi um camisa 10.

Assim como Danilo e Patrick de Paula, o volante teve seu posicionamento recuado em campo em relação ao início de sua carreira. Fabinho é assim mais um expoente da 'Academia de Volantes do Palmeiras'.

Outrora conhecido por revelar goleiros, o clube tem se especializado em formar jogadores para atuarem como 5 ou 8, como o primeiro e segundo volantes são chamados no jargão do futebol. Além de Patrick, Danilo e Fabinho, Gabriel Menino é mais um jogador de destaque da posição —bem como Pedro Bicalho, parceiro de Fabinho na Copinha.

"O Palmeiras é um time que propõe jogo, por isso é importante ter jogadores com qualidade na saída de bola. A gente que era meia acaba sendo recuado para volante ali para acrescentar isso", disse Fabinho, em entrevista ao UOL Esporte, tentando explicar por que o clube tem essa tradição de recuar alguns de seus meias para criar volantes de muita qualidade na construção das jogadas.

"Antes, como eu jogava de meia, eu não era não era tão marcador. Mas aí, tive de trabalhar para evoluir bastante nesse aspecto e juntar a marcação com a qualidade técnica que eu já tinha", explicou ele.

Nem sempre a transição para volante é fácil

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Fabinho, volante do sub-20 do Palmeiras, em ação durante a Copinha 2022
Imagem: Fabio Menotti/SE Palmeiras

Fabinho não teve problema para jogar como volante, mas alguns jogadores relutam. Especialmente aqueles que são instados a mudar de posicionamento já nas fases finais de suas formações na base.

Em entrevista ao UOL, em 2021, Wesley Carvalho, o ex-técnico do sub-20 que detectou que Patrick e Danilo seriam ótimos volantes, relatou que alguns processos são mais difíceis. Apelidados de Pelé e Neymar, respectivamente, ambos se tornaram volantes de primeira linha.

"É difícil convencer um jogador, no fim já de sua trajetória na base a recuar", disse Wesley. "Você chegar para um cara que é 10 é falar: 'você agora é cinco'. 'Pô, então eu vou ter que marcar, agora?' Normalmente eles dizem".

A mudança de Fabinho para a cabeça da área, porém, se iniciou antes, e talvez daí tenha vindo a maior facilidade. O processo começou na chegada ao Palmeiras, aos 13 anos, em 2015, depois de passar um ano em Natal. Fabinho e família estavam na capital potiguar por conta do trabalho do pai Flávio Silva, Oficial da Marinha, que morreu em 2020.

Quem trouxe Fabinho para o Palmeiras e iniciou a transformação em volante foi Rogério Andrade, que havia sido seu treinador na Portuguesa, dois anos antes. "Quando cheguei para o Palmeiras, já fui logo ser camisa 8", contou o jogador.

Já a transformação em primeiro volante veio com Lucas Andrade, que hoje é auxiliar de Paulo Victor no sub-20. "Ele avaliou que eu tinha essa qualidade para fazer esse jogo ali mais atrás e aí ele me recuou e gostou bastante. E aí, eu continuei", lembrou.

Sonho realizado com o amigo de infância

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Garcia, Renan e Fabinho antes do jogo entre Palmeiras e Corinthians
Imagem: Cesar Greco

Fabinho lembra como se fosse hoje da sua estreia no time profissional. Pela frente, afinal, estava nada menos que um clássico contra o Corinthians, em março de 2021, pelo Paulista.

No trajeto até Itaquera, onde fica a Neo Química Arena, uma viagem que pode levar horas, Fabinho teve ao seu lado no ônibus um amigo de infância para compartilhar sua ansiedade, o lateral Gustavo Garcia.

Garcia e Fabinho se conhecem desde 2013, pois ambos jogaram na Portuguesa antes de chegar ao Verdão.

"Imagina, no caminho até lá, com a demora [o tamanho da ansiedade]. A gente começou na expectativa de chegar logo, de começar logo o jogo. Mas a nossa conversa era essa mesmo, de sonho realizado, né? Nossas mães, estavam juntas também, elas se tornaram amigas por nossa causa", contou o agora volante, sobre Geysa Silva e Fátima Garcia, mãe do lateral direito.

"Elas mandavam fotos pra gente, se preparando para ver o jogo juntas", contou ele.

Naquele dia em que os reservas do Palmeiras empataram em 2 a 2 com o maior rival, ambos fizeram seus primeiros jogos como profissionais.

"Ele [Garcia] está realizando o sonho dele também. Ainda mais com a gente junto, a felicidade é dobrada. Às vezes, a gente compartilha o quarto quando tá no CT, né? Pô, é momento de felicidade cada jogo. Quando acaba o jogo, a gente chega e troca ideia", revelou Fabinho.

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Gustavo Garcia e Fabinho, do Palmeiras jogaram juntos na base da Portuguesa, em 2013.
Imagem: Divulgação/Palmeiras

A chance de fazer história

Fabinho era um dos capitães do elenco sub-20 do Palmeiras que conquistou a sonhada Copa São Paulo, em janeiro deste ano.

"[A musiquinha que falava que o Palmeiras não tinha Copinha] Incomodava sim. Mas isso foi até um combustível a mais pra gente a gente. [A conquista] Era uma coisa inédita para o clube, e a gente conversava disso, de que a gente poderia conseguir algo inédito", disse.

"Quando o Paulo [Victor] assumiu, no primeiro dia que ele chegou, ele mostrou lá os objetivos que que ele tinha. Estava muito claro na nossa cabeça que o que a gente queria era estar na final no dia 25 [de janeiro]. Ele dizia: 'grava esse dia, que vai ser o dia que a gente vai fazer história'", relembrou.

História que ele também quer fazer como profissional.

"Então, é um momento muito importante na minha carreira. Estou cada vez mais junto ao profissional. Então, graças a Deus, estou conseguindo mostrar o meu trabalho. E a cada oportunidade que eu tiver é isso, né, me dedicar e trabalhar para estar cada vez mais junto com eles [os profissionais]", comentou.

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