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OPINIÃO

Coutinho: Infelizmente é a realidade do futebol a exclusão de homossexuais

Do UOL, em São Paulo

17/05/2022 16h39

Na véspera do Dia Internacional de combate à LGBTfobia, o jogador inglês Jake Daniels, do Blackpool, anunciou publicamente que é homossexual, sendo o primeiro jogador do futebol inglês desde Justin Fashanu, em 1990.

No UOL News Esporte, Rodrigo Coutinho, colunista do UOL, lamenta a realidade no futebol para pessoas LGBTQIA+, considerando que o esporte ainda exclui quem não é heterossexual e que no Brasil este cenário se agrava.

"Infelizmente é uma realidade do futebol as pessoas com outra orientação sexual que não seja hétero, elas são muito perseguidas, são excluídas, a realidade é essa e ele está fazendo isso em um contexto de futebol profissional onde você tem mais mídia, não vai acontecer o que aconteceria na base de um grande clube brasileiro. Se um menino de 16 anos chegar na base do Flamengo ou do Bahia, do Corinthians, qualquer clube, e fala 'eu sou homossexual', eu tenho certeza que ele viraria alvo de piadas internas, alvo de perseguição, seria excluído", diz Coutinho.

"A gente vê isso de uma forma muito nítida em qualquer estádio de futebol que você frequente, existe isso até dentro dos estados, você vai no Rio de Janeiro, um torcedor que é homossexual é ligado a determinado clube, em São Paulo a outro, em Minas outro, no Rio Grande do Sul outro, são coisas lamentáveis e a gente está muito longe, infelizmente é um problema estrutural do Brasil, não é só no futebol, isso acontece também em determinados cursos de faculdade, dentro das Forças Armadas, dentro das polícias", completa.

Vitor Guedes afirma que o futebol não evoluiu neste aspecto, com um comportamento homofóbico da parte de muitos torcedores nos estádios, criticando também os clubes por não utilizarem o número 24 nas camisas de seus jogadores.

"Futebol é a vanguarda do atraso em todas as áreas, eu tenho 45 anos e muito antes de ser jornalista eu frequento estádio, desde criança. Eu nunca vi na minha vida um casal de homens ou mulheres no estádio, um beijo, uma mão dada, porque se acontecer apanha como se fossem criminosos. Eu não sei estatisticamente falando qual o percentual de gays da população, mas é impossível que não tenha um gay jogando bola, um gay na arquibancada", diz Vitão.

"Eu vi uma melhora em relação às mulheres, em relação aos gays eu não vejo nenhuma melhora, não vejo nenhum clube caminhar. Na Libertadores quantos clubes não inscrevem jogador com a camisa 24?", conclui.