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Negociável? Por que futuro de Neymar deve passar longe de Barça e Real

Neymar em ação durante PSG x Lens, jogo válido pelo Campeonato Francês - Christian Hartmann/Reuters
Neymar em ação durante PSG x Lens, jogo válido pelo Campeonato Francês Imagem: Christian Hartmann/Reuters

Pedro Lopes e Thiago Arantes

Do UOL, em São Paulo

01/05/2022 04h00

A imprensa europeia noticiou na última semana que o PSG teria colocado um preço para vender Neymar: 90 milhões de euros. O clube francês não confirma o valor, e muito menos fala sobre qualquer possibilidade de negociar o brasileiro, contratado em 2017 por 222 milhões de euros, na maior transação da história do futebol. Se Neymar vier a deixar Paris, seu destino deve ser distante de Barcelona e Real Madrid, os clubes com os quais flertou nos últimos anos.

Sempre que se falou em uma possível saída de Neymar do PSG, o Barcelona apareceu como um caminho natural. Foi no clube catalão que o brasileiro começou a escrever sua história na Europa, conquistando 8 títulos e formando com Lionel Messi e Luis Suárez um dos maiores ataques da história da Liga Espanhola.

Só que o cenário mudou no Camp Nou. Segundo fontes do clube, há motivos "políticos, financeiros e esportivos" que hoje afastam Neymar de um possível retorno. O brasileiro deixou de estar na lista de desejos do Barcelona. A diretoria quer contratar algum nome de peso na janela do fim da temporada, mas já está "em outra página".

O primeiro motivo é político. Joan Laporta voltou à presidência do clube no ano passado com uma proposta de retomar os valores históricos do clube e recuperar as categorias de base, a famosa La Masia, como fornecedora de talento para a equipe. Contratar um jogador como Neymar é visto pelos membros da diretoria como uma contradição a essas propostas. Um movimento neste sentido também faria Laporta perder a confiança dos sócios que o apoiaram, piorando ainda mais seus índices de popularidade.

O fator financeiro é outro impeditivo. Nas últimas temporadas, o Barcelona tem acumulado dívidas e vive um dos momentos mais delicados de sua história. Pagar 90 milhões de euros (R$ 470 milhões) por um jogador não está nos planos. O presidente Joan Laporta tem repetido a frase "não vamos perder a cabeça" quando fala sobre esse tipo de movimento. Além das contratações, o clube tem outro investimento pesado pela frente: uma reformulação total do Camp Nou e das imediações do estádio, que deve custar em torno de 1,5 bilhão de euros (R$ 7,8 bilhões).

Número 1 na lista do Barcelona, o norueguês Erling Haaland já foi praticamente descartado porque o clube estimou toda a "operação Haaland" em mais de 200 milhões de euros. Sem o jovem atacante do Borussia Dortmund, a alternativa seria apostar por um centroavante mais veterano e que chegasse por um valor muito inferior, em um contrato curto. Nos últimos dias, Robert Lewandowski e Romelu Lukaku foram nomes comentados no Camp Nou.

Por fim, há o fator que talvez seja o mais importante: o esportivo. O técnico Xavi Hernández tem como plano basear sua renovação do elenco em jogadores jovens, como Pedri e Ansu Fati. Para isso, a ideia é cercá-los de alguns veteranos que aceitem a condição de coadjuvantes e possam ajudar no desenvolvimento do grupo, casos como os de Daniel Alves e Aubameyang. Na avaliação interna do clube, Neymar não tem esse perfil.

No Real Madrid, outro clube que sonhou com Neymar e quase o levou do Santos em 2011, a situação é parecida. Uma fonte com trânsito constante no clube madrilenho afirma à reportagem que o camisa 10 da seleção brasileira está longe da lista de prioridades. Os olhares do Real, na verdade, seguem voltados para um companheiro do brasileiro, Mbappé. Haaland também é um alvo antigo e público.

A avaliação é de que o clube de Madri está em pleno processo de reconstrução em torno de nomes como Rodrygo e Vinicius Jr., ainda com protagonismo de veteranos como Benzema e Modric. Há uma passagem de tocha no horizonte que não passa pelo investimento em um atleta de 30 anos, ainda que de altíssimo nível como Neymar. Voltar à carga pelo brasileiro só poderia acontecer em caso de uma oportunidade única de mercado, e não como um investimento de quase 100 milhões de euros.

Dentro desse cenário, um movimento agressivo para tirar Neymar do PSG teria de vir da Inglaterra ou de algum clube emergente. Do lado do jogador, não existe hoje qualquer problema de adaptação na França ou desejo de sair. Com contrato longo até 2025 e um time competitivo e com jogadores com os quais mantém relação de amizade, o brasileiro se prepara para a Copa do Mundo e para uma nova tentativa de conquistar a Liga dos Campeões.

O PSG entra em campo às 15h45 do domingo que vem (8), para encarar o Troyes, pelo Campeonato Francês.