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Desejo, vazamento e tempo: por que o Palmeiras mais uma vez não trouxe um 9

Abel e comissão técnica conversam com jogadores do Palmeiras durante treino  - Cesar Greco/ Palmeiras
Abel e comissão técnica conversam com jogadores do Palmeiras durante treino Imagem: Cesar Greco/ Palmeiras

Diego Iwata Lima

Do UOL, em São Paulo

14/04/2022 04h00

Uma conjunção de fatores —ou a falta de tal conjunção— foi o que fez o Palmeiras passar por mais uma janela de transferência sem contratar o seu tão sonhado camisa 9 de renome. Uma ausência que assombra o técnico Abel Ferreira e o torcedor palmeirense há mais de um ano. Mas que ficou um pouco menos assustadora diante das boas atuações recentes de Rafael Navarro.

Pedro, do Flamengo; João Pedro, do Al Wahda (EAU) e Carlos Vinícius, do PSV (HOL) foram os três nomes que estiveram na mira do clube mais recentemente. Curiosamente, ao contrário do que se imagina, segundo o UOL Esporte apurou, dinheiro não foi o fator impeditivo principal para nenhuma delas se concretizarem.

Se um time não quer vender, não tem como o outro comprar

Esse foi o caso de Pedro. O Flamengo topou conversar com o Palmeiras, ouviu a oferta de R$ 100 milhões (20 milhões de euros) e, segundo fontes no Palmeiras, retrucou com a contraproposta de R$ 150 milhões (25 milhões de euros), mais Gabriel Menino e Patrick de Paula - o que totalizaria aproximadamente R$ 250 milhões (50 milhões de euros).

A pedida exorbitante foi encarada no Palmeiras como um "truco", um blefe de pôquer. Se o Palmeiras aceitasse condição tão exorbitante, por mais importante que Pedro possa ser, o Rubro-Negro não teria como dizer não. Mas, no fundo, os cariocas sabiam que o Palmeiras não aceitaria tal condição.

Em outras palavras, a conclusão a que se chegou é que o Flamengo pediu tal valor porque não queria negociar o jogador. Que, oficialmente, aliás, foi o que os dirigentes do clube sempre disseram quanto à possibilidade de fazer negócio.

Vazamentos atrapalharam a chegada do jogador do Al Wahda

A diretoria do Palmeiras chegou a falar pessoalmente com João Pedro, algo que é fora do atual modus operandi do clube, acostumado a lidar diretamente com agentes e empresários.

Mas segundo a reportagem ouviu de pessoas de dentro do clube, o Palmeiras ficou muito incomodado com o vazamento de detalhes da negociação, atribuído pelo clube aos empresários do atleta.

João tinha a aprovação de Abel e o valor de R$ 30 milhões (6 milhões de euros) não era um ponto de partida tão fora da curva para início de negociação. Mas a falta de sigilo na negociação foi o que brecou de vez o vinda do jogador do Al Wahda.

Muita fatia para um só bolo

A quantidade de variáveis na equação da vinda de Carlos Vinícius, jogador do Benfica emprestado ao PSV, foi o que complicou sua chegada ao Palmeiras.

Tratava-se de uma negociação de quatro partes: o Palmeiras, como comprador; o Benfica, como vendedor; o PSV, como terceiro interessado; e o próprio atleta, que é quem seria negociado de fato.

O Benfica não tem planos imediatos para Vini da Pose, mas investiu alto para tê-lo e não ficou imediatamente contente com os cerca R$ 40 milhões (8 milhões de euros), valor que a reportagem apurou como sendo a primeira sinalização do Alviverde.

O PSV, que tem o jogador por empréstimo até o meio do ano, pelo qual pagou 2,5 milhões de euros (R$ 15 milhões), tem utilizado o atacante e não ficou confortável com a aproximação do Alviverde.

Por fim, a negociação salarial com o jogador esbarrou em questões que dificilmente seriam dirimidas a tempo de selar o negócio até as 23h59 da última terça-feira, dia 12.

E agora? Como fica

O Palmeiras seguirá por pelo menos mais três meses, até 18 de julho, sem anunciar um centroavante. É nessa data que a janela de transferências nacional voltará a abrir.

Até lá, o Palmeiras vai com o grupo que tem, que, na visão da diretoria é suficiente para disputar as competições que o time tem pela frente, embora haja, sim, o reconhecimento de que um reforço no setor não seria mau.

As recentes conquistas da Recopa e do Paulista, e agora o avassalador desencantamento de Rafael Navarro, no fim das contas, engrossam o coro decantado na Academia de Futebol.

E a verdade é que com tantas goleadas, uma parte da torcida pode acabar até ficando até sem jeito de se queixar. Em especial se Rafael Navarro, também conhecido, desde terça-feira, como Navagol ou Navandovski —-em referência a Levandowski, do Bayern (ALE)—, mantiver o ritmo.