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Até jejum de gols de falta da seleção é combustível para 'novo' Coutinho

Philippe Coutinho durante Brasil 4 x 0 Chile pelas Eliminatórias: ele fez o terceiro gol numa cobrança de pênalti - Lucas Figueiredo/CBF
Philippe Coutinho durante Brasil 4 x 0 Chile pelas Eliminatórias: ele fez o terceiro gol numa cobrança de pênalti Imagem: Lucas Figueiredo/CBF

Gabriel Carneiro

Do UOL, em São Paulo

27/03/2022 04h00

A seleção brasileira não marca um gol em cobrança de falta direta desde o dia 19 de novembro de 2019. Neste amistoso contra a Coreia do Sul há mais de dois anos, Philippe Coutinho acertou o ângulo do goleiro com uma batida de pé direito. Desde então são 24 jogos em que o jejum é sempre lembrado, ainda mais porque o último gol de falta antes deste tinha saído lá em 2014.

O jejum agora funciona como combustível para o processo de retomada da confiança e do desempenho de Coutinho em alto nível. Há grandes chances de o meia ser o substituto de Neymar no jogo de terça-feira, às 20h30 (de Brasília), contra a Bolívia. No estádio Hernando Siles, o Brasil joga a 18ª rodada das Eliminatórias da Copa do Mundo do Qatar.

Coutinho jogou 32 minutos da goleada por 4 a 0 sobre o Chile da última quinta. Ele entrou no segundo tempo na vaga de Lucas Paquetá e foi o autor do terceiro gol da seleção numa cobrança de pênalti. Apesar de ter atuado ao lado de Neymar, ele frequentemente treina entre os reservas na mesma função do camisa 10, como um meia que parte do centro para o lado esquerdo.

Coutinho - Lucas Figueiredo/CBF - Lucas Figueiredo/CBF
Coutinho durante o treino de ontem (26) da seleção na Granja Comary, em Teresópolis
Imagem: Lucas Figueiredo/CBF

O único problema é que a formação que jogou no Maracanã tinha Neymar dividindo responsabilidades com Lucas Paquetá entre o papel deste meia esquerda e o de centroavante, que é uma característica que Coutinho não tem. Daí, Tite tem a opção de escalar nomes como Richarlison, Gabriel Martinelli e Rodrygo. Há ainda a possibilidade de apostar em outro esquema tático de acordo com o adversário. Neste cenário, a escalação do jogador do Aston Villa ganha força.

Certo é que a seleção brasileira segue no propósito de motivar e desenvolver o meio-campista em seu processo de retomada. Ele voltou a ser convocado para a seleção depois de um ano em novembro de 2021, quando estava em baixa no Barcelona. A decisão de Tite foi muito criticada, mas ele a apoiou no desejo de ver o jogador de perto e ter conversas pessoais.

Desde então foram três jogos pela seleção, no total de 141 minutos. Titular uma vez e reserva acionado duas, fez dois gols, contra Paraguai e Chile em partidas consecutivas. No futebol de clubes, foi emprestado pelo Barça ao Aston Villa e engrenou de vez. Em dez partidas na Inglaterra, soma quatro gols e três passes para gol que marcam um novo momento profissional.

O processo de retomada de confiança que partiu da volta para a seleção e chegou ao Campeonato Inglês é partilhado dentro do grupo de jogadores. Na última quinta-feira, Neymar permitiu que Coutinho cobrasse o pênalti do terceiro gol do Brasil. O meia pediu ao atacante para bater e foi atendido, mesmo sendo o camisa 10 o cobrador da equipe. "Companheirismo nesse momento tem que existir e minha felicidade de vê-lo fazendo o gol é a mesma como se eu tivesse feito", disse Neymar.

Coutinho está animado para ter mais minutos em campo e também se encarregar das bolas paradas da seleção, se for o caso. Ele vem treinando cobranças de falta na rotina de atividades na Granja Comary, conhece o jejum que a equipe carrega desde 2019 e deseja ser o responsável por encerrá-lo.

Caso seja escalado contra a Bolívia, Coutinho viverá o novo capítulo de uma jornada que tem tudo para terminar no Qatar. Com ou sem mais gols de falta.