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Colunistas opinam: O futebol deveria parar após cenas de horror no México?

Do UOL, em São Paulo (SP)

06/03/2022 11h51

O jogo entre Querétaro e Atlas, válido pelo Campeonato Mexicano, foi encerrado na noite de ontem após cenas de violência e pancadaria. Torcedores de ambas equipes invadiram o gramado do estádio La Corregedoria aos 15 minutos do segundo tempo, quando o placar era de 1 a 0 para o Atlas. O gol havia sido marcado por Julio Furch.

Segundo a Polícia de Querétaro, local da partida, a pancadaria resultou em 26 feridos (24 homens e 2 mulheres); desses 26, três já receberam alta. Dos ainda 23 hospitalizados, três estão em estado grave, 10 em situação delicada e 10 sem gravidade.

A Federação Mexicana de Futebol suspendeu todos os jogos deste domingo e a abriu uma investigação para encontrar os responsáveis.

Após os episódios brutais, fizemos a seguinte pergunta aos colunistas do UOL Esporte: 'O futebol deveria parar após cenas de horror no México?'. Veja o que eles responderam:

Sim! As cenas são assustadoras e os relatórios, confusos. Falou-se em mortos, depois "apenas" em feridos. Mas parece haver pelo menos duas pessoas em estado grave e mais de uma centena de feridos. É gravíssimo. O caso precisa ser investigado e medidas severas tomadas, incluindo a paralisação do campeonato, para indicar que as autoridades reconhecem a seriedade do acontecido. Dói ver cenas como essas em pleno 2022, pessoas tentando se matar pelo simples fato de torcerem para times diferentes. A violência parece não ter fim". Alicia Klein

Atos como esse são sempre uma derrota da civilização e é fundamental um trabalho conjunto para acabar com o imaginário coletivo de que futebol é mundo paralelo, com outras leis. Agora, importante deixar claro que um campeonato de futebol é um evento privado. Portanto, a responsabilidade pela segurança é compartilhada entre poder público e organizador do evento. Mais importante que paralisar o campeonato é fazer com que em episódios como esse movimento esportivo e poder público identifiquem, julguem e punam os responsáveis com o rigor das leis e regulamentos. Especialistas sempre reforçam que a cultura da impunidade também alimenta esse tipo de comportamento". Andrei Kampff

No México, sim. Entre 2012 e 2013 o campeonato do Egito parou por um ano depois de confronto em estádio que deixou mais de 70 mortos. No México é uma questão que deve ser resolvida pelas autoridades, identificando e julgando os envolvidos, e pela federação local com relação aos clube. Sou favorável a punir os clubes nesses casos, com rebaixamento ou até suspensão". Marcel Rizzo

Não deve parar, não. O Poder Público tem ou deveria ter capacidade para prender os bandidos". Menon

No México, tem que parar para uma revisão de todo o sistema de segurança local. E a comunidade do futebol, de maneira global, precisa reagir. Não só com manifestações de repúdio, mas, pelo menos no caso do Brasil, com medidas concretas de combate à violência nos estádios. A experiência nos mostra que casos assim estimulam novos episódios. E o Brasil já vive uma nova onda de violência no futebol. Por isso, só lamentar é pouco". Perrone

Simplesmente seguir o jogo é assumir que comportamentos como a selvageria de ontem são inerentes ao futebol. Ou seja, é naturalizar a violência e aceitar que é "assim mesmo". Por isso, o futebol mexicano precisa ser paralisado para que tudo que aconteceu de errado seja devidamente estudado e novos casos possam ser evitados. Ainda que essa decisão prejudique muita gente que não tem nada a ver com a barbárie, acredito que seja o melhor caminho a ser tomado". Rafael Reis

Sim, o futebol mexicano deveria parar até que medidas duras fossem adotadas contra a violência nos estádios e os responsáveis que puderem ser identificados fossem devidamente punidos. Não creio, porém, que isso aconteça. Há uma tolerância vergonhosa com a violência no futebol praticamente no mundo inteiro - inclusive no Brasil. A Inglaterra foi o único país a lidar com seriedade e eficiência com este problema, há décadas. Infelizmente, seu exemplo não frutificou, notadamente no terceiro mundo". Renato Maurício Prado