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Dívida superior a R$ 10 milhões é motivo do impasse entre Cruzeiro e Fábio

Victor Martins

Colaboração para o UOL, em Belo Horizonte (MG)

05/01/2022 22h13

Fábio e o Cruzeiro se reuniram na terça-feira (4) à noite para renegociar o contrato do jogador, atendendo a uma demanda da administração de Ronaldo, que tenta reduzir os salários do elenco para uma terceira temporada seguida na Série B. O pagamento combinado com o ídolo cruzeirense é um daqueles que, dentro do orçamento estipulado, não condiz com a realidade financeira do clube. Esse foi também o primeiro desafio para o Fenômeno no trato com a torcida agora como empresário.

O veterano, 41, havia renovado com a antiga gestão cruzeirense, no fim do ano passado Fábio entende a situação e estava disposto a colaborar, mais uma vez, com a Raposa —tal como fez após o rebaixamento para a Segundona. Porém, faltava acertar o que fazer com uma dívida superior a R$ 10 milhões que o jogador tem para receber do clube.

Para renegociar o contrato, a direção atual do Cruzeiro queria empurrar pagamento dessa dívida, o que criou um impasse com o jogador. Fábio renovou por R$ 350 mil até o fim de 2022 e não via problemas em reduzir o valor mensal e aumentar o tempo de vínculo, o que faria o valor final ser igual.

Em 2019, Fábio era o segundo maior salário do Cruzeiro, atrás apenas do atacante Fred, hoje no Fluminense. Após o rebaixamento, a Raposa fez a primeira repactuação de contratos do elenco, e o goleiro aceitou a proposta do clube. Os salários foram reduzidos para R$ 150 mil por mês, e o Cruzeiro se comprometeu a pagar a diferença em 2021, acreditando que o time estaria de volta à Série A do Brasileiro.

Entretanto, o time não conseguiu o acesso e o clube viu a situação financeira ficar ainda pior. Assim, os valores prometidos para a partir de maio de 2021 não aconteceram. O Cruzeiro, que já devia salários de 2019 a Fábio, também não pagou a diferença dos pagamentos de 2020 e tem ainda pendências da temporada 2021.

A dívida já passou dos R$ 10 milhões, e a condição de pagamento travou a renegociação do contrato. Fábio buscou, de todo modo, uma solução para essa questão da dívida, enquanto o Cruzeiro tentou adiar o pagamento. Para conseguir mais tempo para quitar o que deve, o clube usou a renovação de contrato para pressionar o jogador. Ao não firmar contrato com Fábio, a SAF evita qualquer vínculo com Fábio, que terá de esperar sua vez para receber o dinheiro.

Sabe-se lá quando vai acontecer, pois as dívidas da associação serão quitadas nos próximos anos, com 20% do faturamento da SAF que são destinados para quitar débitos antigos. Pior para o cruzeirense, que viu um de seus maiores ídolos se despedir do clube pela porta dos fundos.

Aos 41 anos, Fábio está na história do Cruzeiro. Na Toca da Raposa desde 2005, o goleiro é quem mais vestiu a camisa cruzeirense em 101 anos de história. São 976 partidas, e a meta pessoal era fazer o jogo 1.000. Mas como não resolveu as questões burocráticas, Fábio terá de fazer o seu último ano como profissional longe da Toca da Raposa.