Colunistas opinam: Por que Renato não consegue fazer o Flamengo jogar bem?
O Flamengo empatou em 2 a 2 contra a Chapecoense, na Arena Condá, ontem (8), pelo Campeonato Brasileiro, e viu o líder Atlético-MG aumentar a diferença para 11 pontos de distância. Agora, o Rubro-negro tem apenas um jogo a menos do que o time mineiro, e vê a chance de título brasileiro ficar cada vez menor.
Dos últimos 8 jogos, o time comandado por Renato Gaúcho venceu apenas dois — empatou quatro e perdeu dois. Outro fator que assusta os torcedores é o desempenho abaixo apresentado em momento próximo da final da Copa Libertadores contra o Palmeiras, no dia 27 de novembro, no estádio Centenário, em Montevidéu, no Uruguai. Diferentemente do Fla, o Alviverde vem de uma sequência de jogos positiva: são seis partidas sem perder, com cinco vitórias e um empate.
Diante da proximidade com a decisão do campeonato continental e a não melhora da equipe a cada rodada, fizemos a seguinte pergunta aos colunistas do UOL Esporte: Por que Renato Gaúcho não consegue fazer o Flamengo jogar bem? Veja o que eles responderam:
Renato parece ser uma boa resposta à pergunta: ficaram obsoletos os "técnicos de vestiário"? Finalmente, o futebol brasileiro também está evoluindo para além do discurso motivacional, do cara que sabe quem precisa ou não treinar ou ficar na balada. Na hora em que ficou sem os jogadores fora de série — ou seja, na hora em que o treinador precisaria fazer a diferença, destacar-se taticamente —, o Flamengo despencou de rendimento. Virou um time normal, mesmo com um elenco ainda acima da média. Faltou repertório". Alicia Klein
Ele não consegue quando o time está desfalcado e não pode viver da qualidade de suas estrelas. Ou seja, quando precisa mais do trabalho do treinador. Mas isso já era esperado, no Grêmio o time foi bem quando ele apenas fez ajustes no trabalho de Roger Machado. Quando ficou mais "autoral", a partir de 2018, foi ladeira abaixo e durou até demais - e o time gaúcho paga agora pela terra arrasada". André Rocha
Renato Gaúcho nunca montou times que encantaram e teve sucesso no Grêmio com um estilo de jogo bem específico e que dependia de um lugar onde ele era autoridade máxima e com controle de tudo. No Flamengo ele não tem tudo isso". Danilo Lavieri
Renato não é tão bom quanto acha que é e nem tão ruim como muitos têm dito. O álibi do calendário pode até parecer desculpinha, mas tem de ser levado em conta. Ele não é um estrategista, é um estilo mais brasileiro-empírico-tradicional. Mas, sem tempo, nem Guardiola". Julio Gomes
O calendário insano por aqui faz com que times tenham altos e baixos. Palmeiras passou por isso recentemente, quando alguns torcedores e até parte da imprensa questionaram o trabalho de Abel Ferreira. Problema para o Flamengo é que essa queda ocorre a poucos dias da final da Libertadores e Renato parece não ter muita solução a não ser esperar os jogadores machucados se recuperarem para decidirem no individual". Marcel Rizzo
Acho que o porquê tem vários elementos. Taticamente realmente o Flamengo, ou melhor, os Flamengos que ele tem escalado são realmente áridos de ideias. Dependem majoritariamente do talento e de jogadas de inspiração. A demora em desistir de Andreas à lá Arrascaeta custou pontos, paciência da torcida e uma eliminação. Só talento não tem bastado para combater o cansaço, a falta de motivação (o título já é do Galo), e a falta de treino. Renato não é um grande estrategista, mas também não é um péssimo treinador. Tem como grande triunfo estabelecer relações com os jogadores - e tempo não tem existido (nem todos à disposição para tal). Acho que falha o Flamengo em não juntar os cacos e passar a pensar em 27/11". Marília Ruiz
Além do desfalque de peças fundamentais por contusão, houve uma absurda queda de rendimento de jogadores de nível acima da média - Everton Ribeiro, Gabigol e Bruno Henrique. O Flamengo se tornou um time normal". Marluci Martins
Renato é um treinador à antiga, limitado taticamente, que se apoia na boa vontade de alguns e no Flamengo em crendices como "tem a cara do Rio", só porque vai à praia. Tolices, como as que faz à beira do campo nas substituições. No Grêmio, campanha como a atual seria satisfatória, mas com o "elenco de R$ 200 milhões", não. Se o Flamengo ganhar a Libertadores será pelo talento dos titulares que deverão voltar". Mauro Cezar Pereira
Ele tem limitações, não é um grande treinador e tem sofrido com desfalques e também mais momento das individualidades". Menon
Esse me parece um bom momento pra gente se perguntar também por que treinadores antes quase unânimes - Felipão, Renato, Luxa para citar apenas três - já não conseguem mais formar times competitivos. O que mudou? Mudaram eles ou mudou o jogo e eles permaneceram presos a um passado onde o futebol era mais lento, menos tático, quase nada estratégico? Um tempo do "com a bola eu ataco, sem a bola eu defendo e bora pro jogo". Milly Lacombe
Porque o Flamengo é muita areia para seu limitado caminhãozinho. Renato não é um estrategista como Jesus, Ceni ou até mesmo Domènec. Aposta tudo na intuição de seus bons jogadores, o que até pode dar certo em um primeiro momento. Mas logo vira bagunça. E, quando vira bagunça, não tem conserto. A temporada do Fla já foi para o ralo. O Brasileirão já foi e Abel vai "jantá-lo" em Montevidéu". Milton Neves
Parece que nem ele sabe. Pelo menos, pelo que o treinador diz nas entrevistas, a impressão é de que Renato não encontrou o motivo e não descobriu como fazer o time melhorar". Ricardo Perrone
Há um descompasso considerável entre o que Renato pode oferecer como treinador e o nível de organização esperado para um time como o Flamengo. Ele não consegue oferecer isso. Não tem conteúdo para tal. É um técnico mediano, com conceitos limitados de trabalho, principalmente na organização ofensiva. Quem acompanhou com atenção no Grêmio, sabe que a partir de meados de 2018 a equipe começou a cair e depois não chegou perto de repetir o futebol de 2016 e 2017". Rodrigo Coutinho
Por que acabou a era dos técnicos entregadores de colete que dão moral para o seus jogadores. Pode até ganhar no dia 27 nas costas de seus jogadores, mas essa realidade não vai mudar". Rodrigo Mattos
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