Topo

Santos usa Vila cheia para reviver domínio e se sobrepor ao Palmeiras

Marinho fez um dos gols no último duelo na Vila contra o Palmeiras - Fernanda Luz/AGIF
Marinho fez um dos gols no último duelo na Vila contra o Palmeiras Imagem: Fernanda Luz/AGIF

Do UOL, em São Paulo

05/11/2021 04h00

Jogar na Vila Belmiro sempre foi um diferencial para o Santos. Além de famoso, o acanhado estádio costuma exercer forte pressão e é ressaltado pelos adversários como um dos perigos na hora de encarar o Peixe. E no próximo domingo (7), às 16h (de Brasília), no clássico contra o Palmeiras, ele voltará ter capacidade total disponível pela primeira vez depois de 20 meses. Serão 16 mil torcedores para fazer o Alvinegro reviver bons momentos atuando em seus domínios.

Em 2019, última temporada cheia em que a Vila Belmiro pôde contar com seus torcedores, o desempenho do Santos foi avassalador. Comandado pelo argentino Jorge Sampaoli, o Peixe registrou 81,3% de aproveitamento dos pontos disputados. Em 24 jogos, foram 19 vitórias, quatro empates e uma derrota — a equipe perdeu outra partida como mandantes, para o Novorizontino, na última rodada da primeira fase do Paulista, quando a classificação alvinegra já estava sacramentada, mas no estádio do Pacamebu.

O bom desempenho em casa fez o Santos terminar a temporada de maneira positiva, com o vice-campeonato brasileiro, ficando atrás apenas do Flamengo de Jorge Jesus. Na campanha, apenas uma derrota na Vila Belmiro, para o Grêmio por 3 a 0 em uma noite chuvosa de sábado. Neste mesmo ano, o Santos levou sete de seus jogos para o Pacaembu, com cinco vitórias, um empate e uma derrota. Nestes confrontos, vieram três eliminações: no Paulista para o Corinthians, na Copa do Brasil para o Atlético-MG e na Copa Sul-Americana para o River Plate (URU) —este último duelo foi disputado com portões fechados.

O desempenho do Santos na temporada 2021, com apenas três jogos com torcida, é muito inferior. Em 30 partidas, foram 16 vitórias, oito empates e seis derrotas por quatro competições diferentes, o que representa um aproveitamento de 62,2% dos pontos. Considerando apenas as partidas do Brasileirão, foram seis vitórias, cinco empates e três derrotas. Os 23 pontos ganhos em 42 disputados equivalem a 54,7% de aproveitamento.

A Vila Belmiro tem sido recentemente um importante aliado para o Santos nos confrontos diretos contra o próprio Palmeiras. Nas últimas 14 partidas (desde dezembro de 2012) disputadas no "alçapão", como o estádio é chamado em seu hino, foram 10 vitórias, três empates e apenas uma derrota. O único tropeço aconteceu na primeira fase do Paulista de 2017, por 2 a 1, com os dois gols alviverdes marcados no fim. Depois desse encontro, alvinegros e paulistas fizeram três jogos na Vila, com duas vitórias do Peixe e um empate. Outros três embates com mando de campo santista aconteceram no Pacaembu, com um triunfo do Verdão e dois empates.

Entre as dez vitórias do Peixe na Vila nessa sequência positiva, o destaque foi o 2 x 1 na decisão do Paulista de 2015, com gols de David Braz e Robinho. Como o Santos havia perdido o jogo de ida por 1 a 0, a disputa foi para os pênaltis, e o Alvinegro levou a melhor. Outro triunfo nesse período traz uma lembrança ruim para o torcedor. O 1 x 0 da final da Copa do Brasil de 2015 não teve um bom desfecho. No Allianz Parque, o Palmeiras devolveu a derrota com o placar de 2 a 1 e se sagrou campeão nos pênaltis.

Entre os empates, dois deles tiveram boa representatividade para o Santos. Em 2013, as equipes ficaram no 1 a 1 nas quartas de final do Paulista, e o Peixe garantiu a vaga nos pênaltis. Três anos depois, o duelo se repetiu na semifinal decidida também em uma só partida. O Alvinegro saiu na frente por 2 a 0 e levou dois gols no fim, com Rafael Marques. Mais uma vez, a disputa por pênaltis salvou os donos da casa. O terceiro empate da série foi justamente o último jogo entre eles, em dezembro de 2020, por 2 a 2 pelo Brasileirão.

Passado mais distante

Em um recorte um pouco maior de tempo, a vantagem do Santos começa a diminuir. Considerando todos os jogos na Vila Belmiro neste século, o Peixe ganhou 16, empatou sete e perdeu sete. Entre 2001 e 2012, o duelo com maior aspecto decisivo aconteceu na semifinal do Paulista de 2009. Com uma equipe em formação e Neymar com 17 anos de idade, o Peixe venceu por 2 a 1 um adversário que era o detentor do título. Com o repeteco do placar na partida de volta, o Santos avançou à decisão contra o Corinthians.

Um outro jogo nesta mesma época chama a atenção por um detalhe folclórico. Em 2010, quando o Santos montou um time ultraofensivo com Neymar, Ganso e Robinho, e ficou famoso por suas dancinhas coreografadas na hora de comemorar, o Palmeiras fez um placar de 4 a 3 no Paulistão. O último gol alviverde teve uma dança em tom de desabafo do lateral colombiano Armero, que posteriormente foi apelidada de "Armeration".

Situações diferentes

Em um clássico de tanta história, já que foram os dois principais times do Estado na década de 1960, considerada uma época de ouro do futebol nacional, Santos e Palmeiras se reencontram em um estádio cheio com objetivos opostos. Enquanto o Peixe tenta se distanciar da zona de rebaixamento, o Verdão ainda sonha com o título do Brasileiro.

Em boa fase, o Santos busca a terceira vitória consecutiva. Depois de superar Fluminense e Athletico-PR, a equipe dirigida por Fábio Carille abriu cinco pontos de vantagem em relação ao grupo dos últimos quatro colocados. Já o Palmeiras, que não perde este clássico desde outubro de 2019 com uma invencibilidade de seis jogos, venceu seus últimos quatro confrontos e tem dez pontos de desvantagem para o líder Atlético-MG.

Errata: este conteúdo foi atualizado
Diferentemente do que foi informado no texto, a derrota do Santos contra o Novorizontino no Paulistão de 2019 foi no estádio do Pacaembu, e não na Vila Belmiro. O erro foi corrigido.