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Cruzeiro: Luxa e Ricardo Rocha 'sustentam vestiário' em epicentro da crise

Luxemburgo e Ricardo Rocha têm blindado o vestiário e apoiam movimento grevista de atletas - Bruno Haddad/Cruzeiro
Luxemburgo e Ricardo Rocha têm blindado o vestiário e apoiam movimento grevista de atletas Imagem: Bruno Haddad/Cruzeiro

Guilherme Piu

Do UOL, em Belo Horizonte

15/10/2021 04h00

A crise financeira do Cruzeiro impacta diretamente na ponta mais importante do clube: o futebol. Sem arcar fielmente com o pagamento dos salários, a atual diretoria se vê no meio do olho do furacão, com direito a greve dos jogadores — não apareceram para treinar ontem (14) —, pressão por resultados em campo (o clube tem apenas 0,15% de chance de acesso à Série A) e críticas da torcida. presidente Sérgio Santos Rodrigues, que estava em Portugal palestrando sobre gestão esportiva moderna, prometeu se pronunciar hoje (15), dois dias após o epicentro da crise com o início da paralisação dos atletas do time principal e do sub-20.

À deriva, segundo informações repassadas ao UOL Esporte, a Raposa tem o técnico Vanderlei Luxemburgo e o diretor técnico Ricardo Rocha como pilares do departamento de futebol, que não tem diretor e nem gerente — ambos deixaram o clube.

"Não fossem os dois, Vanderlei Luxemburgo e Ricardo Rocha, a coisa estaria pior. Eles que estão segurando as broncas, garantindo o melhor clima possível no vestiário", disse uma fonte que pediu sigilo.

Segundo apurou o UOL Esporte com integrantes do departamento de futebol celeste, o atual mandatário já não ostenta tanto prestígio entre os jogadores. Nos bastidores, desde o ano passado, o presidente viu sua "queda no conceito" por fazer promessas que não consegue cumprir. Uma delas se tornou clássica, já que em um vídeo gravado na Toca II no começo do ano passado, chamou a responsabilidade para si dos salários atrasados.

"Estou falando para os funcionários, até porque sou de uma forma clara e positiva. Sei todos os problemas que a gente pegou, mas daqui para frente o problema é meu. Se o salário seus tiver atrasado, o problema é meu, não é culpa dos outros não. Eu sei onde entrei e vamos consertar", disse, como mostra um vídeo oficial do Cruzeiro no começo da gestão do atual presidente.

Segundo carta publicada pelo goleiro Fábio, na última quarta-feira (13), e replicada por diversos jogadores nas redes sociais, os salários já chegaram a ficar atrasados por seis meses.

Reuniões

Criticado pela torcida e por funcionários por ter viajado à Europa pela segunda vez em menos de um mês, em um momento muito complicado do Cruzeiro, Sérgio Santos Rodrigues articula encontros para tentar desmobilizar a greve. O presidente, ao que tudo indica, deve conversar com líderes do elenco, com o técnico Vanderlei Luxemburgo, e patrocinadores que possam ajudar com o pagamento das pendências com os funcionários.

Pedro Lourenço, empresário que tem bancado o futebol do Cruzeiro, já disse publicamente que rompeu laços com a atual diretoria. "Eu comprei um patrocínio de 2023. Cerca de R$ 8 milhões, que era para acertar tudo. Foi feito o pagamento. Agora, quem pagou e quem não pagou eu não sei falar. Depois disso, o presidente não pagou nada", disparou Lourenço à Rádio Itatiaia no mês passado.

"Se não mudar muita coisa no Cruzeiro, não vai adiantar. Tem que mudar diretoria de futebol. Se não mudar, não tem meu apoio. Não vou ficar salgando carne podre", ainda mandou esse recado à época, o empresário.

Falta de comida

Recentemente, o empresário do técnico Luiz Felipe Scolari, que comandou o Cruzeiro de outubro de 2020 até fevereiro de 2021, chegou a dizer que a Raposa estava "quebrada" e que chegou a faltar comida no clube.

"Salários atrasados, dificuldade financeira, falta de contratação porque impediram o Cruzeiro por falta de pagamentos pelos processos na Fifa. Para você ter uma ideia, chegou a ter falta de alimentação na concentração", expôs.

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