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Mauro Cezar: 'Tite virou segurança do Neymar, não basta ser babá'

Do UOL, no Rio de Janeiro (RJ)

10/10/2021 21h17

O empate sem gols do Brasil com a Colômbia, hoje (10), no Estádio Metropolitano Roberto Meléndez, em Barranquilla, pelas Eliminatórias da Copa do Mundo do Qatar, mostrou, novamente, uma seleção sem muito brilho e inspiração. O resultado, inclusive, fez o time carinho perder os 100% de aproveitamento no torneio.

No Fim de Papo, live do UOL Esporte após a partida, os jornalistas Mauro Cezar Pereira, Rodrigo Mattos e Rodolfo Rodrigues comentaram a atuação dos comandados do técnico Tite e o resultado.

Mauro Cezar Pereira não poupou críticas ao treinador, a quem, já em oportunidades anteriores, classificou que não está à altura da seleção brasileira. O colunista do UOL Esporte lembrou que, até mesmo nas transmissões da partida, já há contestações ao trabalho apresentado.

"A seleção brasileira, nitidamente, é um time mal treinado. É uma reunião de bons jogadores, é uma geração que não é a melhor da história, obviamente, mas não são maus jogadores. São bons jogadores, alguns são muito bons até, mas hoje é um time mal treinado, muito burocrático. Não se espera muita coisa além do que temos visto. O nível técnico do futebol sul-americano de seleções é bem baixo na atualidade, o Brasil vence esses jogos. Poderia ter vencido hoje, no final. E o time da Colômbia, que horror. Time do senhor Rueda, né? Time ruim, sem nenhuma imaginação, acomodado com o 0 a 0 no final. Mesmo esse Brasil, que não deveria assustar tanto, não motiva os adversários a ter o mínimo de ousadia, ambição dentro do jogo. Mais um jogo enfadonho", disse.

"Uma Colômbia fraca no jogo coletivo, e o Brasil também. Os resultados podem mascarar algumas coisas, mas acho que não. Até na transmissão da Globo, onde existe um ufanismo, já se percebe que as cornetadas estão surgindo agora, mesmo o Brasil vencendo, porque é muito evidente que a coisa não vai bem", completou.

Mauro também reprovou o fato de o treinador, após o apito final, ter ido separar Neymar e Mina, que discutiram durante a partida. Ele ainda apontou que, neste ritmo, o camisa 10 da seleção pode ser coadjuvante de Messi e Mbappé no PSG, da França, clube que defende:

"E a situação do Tite também é um tanto quanto patética. No final, a imagem não mostrou, mas o repórter [da Globo] que estava no jogo, o Eric Faria, relatou que o Tite foi separar o Mina do Neymar. O papel do Tite virou segurança do Neymar, não basta ser babá. E não ter coragem de tirá-lo do time, cobrar mais o jogador. Time que sempre joga em função dele, no pior sentido que isso possa significar. Outros jogadores são deslocados para o Neymar reinar absoluto, e ele não decide. Esse início de temporada é muito fraco, se não mudar vai ser coadjuvante do Messi e do Mbappé no seu clube, no PSG".

Rodrigo Mattos salientou que, no momento, o debate sobre a melhor formação fica em segundo plano, diante de um time que não consegue ter atuações que animam a torcida.

"Essa questão de como ele vai formar o time, se é no 4-2-3-1, ou qualquer formação, acho que é secundária diante da postura que o time vai ter. E como o Mauro falou, é uma postura muito burocrática. A Colômbia estava postada para se defender, isso ficou claro desde o início. O Rueda, que já foi um técnico, inicialmente, ofensivo, lá no Atlético Nacional [da Colômbia], não é hoje em dia, foi bem conservador no jogo de hoje", afirmou.

O colunista do UOL Esporte ponderou que, apesar de a Colômbia ter tido uma postura defensiva, o Brasil deveria ter criado alternativas para furar o bloqueio adversário.

"Era muita burocracia do Brasil. No primeiro tempo, foram dois lances, um do Paquetá, que quase faz o gol, e outro do Fred, que chuta de fora da área. Fora isso, o que teve? Nada, o Brasil não produziu nada. O fato de pegar um time fechado não é desculpa para uma seleção brasileira não agredir o adversário, não estar o tempo inteiro criando chances de gol. Isso deveria ser o básico, tem os melhores jogadores. E não é o que se tem visto. O que se vê é um futebol muito mais pobre do que foi a primeira Eliminatória que o Tite disputou".

"A gente lembra que o Brasil foi eliminado nas quartas de final para a Bélgica... O time que o Tite mostrou para a [Copa do Mundo da] Rússia, era um bom time, com laterais que armavam, agredia. Não fez uma Copa brilhante, mas se olhar a Eliminatória, foi boa, de bom futebol. Não é o que vemos hoje em dia. Um futebol paupérrimo, não vê criação de jogo", completou.

Já Rodolfo Rodrigues, considerou a atuação contra a Colômbia decepcionante, assim como já havia acontecido diante da Venezuela, e indicou Raphinha como único ponto positivo nestes dois jogos. Ele ressaltou ainda que, no atual cenário, os resultados já não têm mais tanto peso para a seleção brasileira.

"Se tivesse de destacar uma coisa positiva nestes dois últimos jogos é a entrada do Raphinha. Ele modificou o jogo com a Venezuela, foi super participativo na partida, em outro ritmo. Hoje entrou bem, criou chance de gol, teve bom desempenho. Mostrou vontade maior que os demais. Acho, de novo, que foi uma atuação decepcionante. O resultado em si, ok, voltar da Colômbia com o empate, já praticamente classificado [para a Copa], mas esses resultados não estão interessando tanto para o brasileiro. A gente quer ver a seleção do Tite mostrando futebol, um futebol mais agressivo, consistente. Do jeito que está indo, percebe que não vai longe", afirmou.

Rodrigues, que é colunista do UOL Esporte, salientou ainda a queda de desempenho do Neymar, hoje principal nome da seleção.

"E, para pior, o desempenho do Neymar está cada vez pior com a seleção. O Brasil depende muito do desempenho dele, único fora de série, mas o futebol está cada vez pior. Não tem mostrado uma vontade grande em campo. E o Tite muda pouco a seleção, parece que não está conseguindo motivar esse grupo, como fez na primeira Eliminatória. Agora, é totalmente diferente, a seleção não empolga"