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Celsinho: Londrina fará reunião para definir posição em caso de racismo

Celsinho, do Londrina, durante treinamento da equipe - Gustavo Oliveira/ Londrina Esporte Clube
Celsinho, do Londrina, durante treinamento da equipe Imagem: Gustavo Oliveira/ Londrina Esporte Clube

Marcello De Vico

Colaboração para o UOL, em Santos (SP)

30/08/2021 11h05

O Londrina informou que fará uma reunião entre diretoria, departamento jurídico e Celsinho para definir o posicionamento do clube em relação ao caso de racismo relatado pelo atleta durante o empate da equipe paranaense com o Brusque, sábado (28), por 0 a 0, pela Série B do Campeonato Brasileiro.

Segundo o clube informou ao UOL Esporte via assessoria, o posicionamento do clube ainda não foi divulgado por alguns motivos, como a chegada do atleta com a delegação apenas na noite de ontem (29) em Londrina. A reunião deve acontecer nesta segunda-feira (30), entre os períodos da manhã e tarde.

Em entrevista ao canal Premiere após o jogo, Celsinho relatou que foi chamado de macaco por alguém que estava no camarote do estádio do time catarinense, assistindo à partida.

"De fato aconteceu [de ser chamado de macaco]. Não sei se ele faz parte da comissão técnica, da diretoria, um senhor de vermelho, que se encontra no camarote. Também não entendo por que tem tantas pessoas assim em um protocolo, uma situação em que não estão liberados torcedores, termos uma quantidade assim. É lamentável", disse.

Reincidência

Esta não foi a primeira —ou a segunda— vez que o jogador virou alvo de racismo na Série B do Campeonato Brasileiro. No dia 17 de julho, em jogo contra o Goiás. O narrador Romes Xavier e o comentarista Vinícius Silva, da Rádio Bandeirantes Goiânia, fizeram comentários racistas em relação ao cabelo do atleta. Eles foram afastados de suas funções.

No dia 23 de julho, ele voltou a ser alvo de injúria racial. Desta vez, o autor do comentário foi Cláudio Guimarães, da Rádio Clube do Pará, que comparou o cabelo do atleta a um ninho de cupins. Ele também foi afastado pela emissora.

"[Aconteceu] Mais uma vez...é inadmissível. E pode ter certeza: uma equipe de porte médio baixo recém-promovida à Série B de Campeonato Brasileiro estar cometendo um ato desses é inadmissível. Mas as providências serão tomadas", prometeu o jogador.

Brusque nega

O Brusque publicou na noite de ontem (29) uma "nota à comunidade" em que se defende das acusações de racismo feitas pelo jogador. O time catarinense nega que membros da diretoria tenham chamado o jogador de "macaco" e ameaça responsabilizar o meio-campista pela acusação, afirmando que entrará com "medidas cabíveis" por considerar que a denúncia de racismo foi feita como artifício esportivo e com oportunismo.

O Brusque negou que o jogador tenha sido chamado de "macaco". A nota afirma que "teriam dito 'vai cortar esse cabelo de cachopa de abelha', o que constou da súmula e revela a total contradição nos seus relatos".

No fim da nota, o clube catarinense acusa Celsinho de "falsa imputação de um crime", considerando que o jogador estaria tratando o racismo como um artifício esportivo com oportunismo.

Confira a integra da nota:

O atleta Celso Honorato Júnior, reserva do Londrina E.C., relatou à imprensa que teria sido chamado de "macaco" por membros da Diretoria do Brusque F.C., durante o jogo realizado ontem (28/08).

O Brusque F.C., sua torcida, diretoria, comissão técnica e patrocinadores sempre foram, ao longo da sua história, absolutamente respeitosos com relação a todos os princípios que regem as relações desportivas e humanas. Jamais permitiríamos qualquer atitude de conotação racista em nosso Clube, que condena veementemente qualquer pensamento ou prática nesse sentido.

O atleta, por sua vez, é conhecido por se envolver neste tipo de episódio. Esta é pelo menos a 3a vez, somente este ano, que alega ter sido alvo de racismo, caracterizando verdadeira "perseguição" ao mesmo. Importante esclarecer que, ao árbitro, o atleta não relatou ter sido chamado de "macaco", mas sim que teriam dito "vai cortar esse cabelo de cachopa de abelha", o que constou da súmula e revela a total contradição nos seus relatos.

O Brusque F.C. reitera que nenhum de seus diretores praticou qualquer ato de racismo e tomará todas as medidas cabíveis para a responsabilização do atleta pela falsa imputação de um crime. Racismo é algo grave e não pode ser tratado como um artificio esportivo, nem, tampouco, com oportunismo.

A Diretoria.

O que diz a súmula

Por volta dos 45 minutos do 1º tempo, o atleta do londrina, Sr.Celso Luis Honorato Júnior informou ao quarto árbitro que foi ofendido com as seguintes palavras: "vai cortar esse cabelo seu cachopa de abelha", por um homem na arquibancada, que foi identificado pelo coordenador da cbf, sr. Ricardo Luiz, como Julio Antônio Petermann, staff da equipe do Brusque. Informo ainda que o referido atleta, juntamente com o diretor de futebol da equipe do londrina, sr. Germano Cardozo Schweger, estiveram na porta do vestiário da arbitragem, após o término do jogo e confirmaram o relato acima.