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Futebol Sem Fronteiras

O jogo por trás do jogo. Com Jamil Chade e Julio Gomes


ANÁLISE

Futebol sem Fronteiras #10: Seleção sai debilitada da Copa América

Do UOL, em São Paulo

15/07/2021 15h00

Brasil e Inglaterra amargaram derrotas em casa nas finais da Copa América e da Eurocopa, respectivamente. Enquanto os brasileiros viram a Argentina fazer a festa no Maracanã, os ingleses se conformaram com a Itália erguendo a taça em Wembley após uma emocionante disputa por pênaltis. Os resultados finais foram parecidos, mas os dois vice-campeões continentais saem de seus respectivos torneios com sensações bem distintas.

No podcast Futebol sem Fronteiras #10 (ouça na íntegra no episódio acima), o colunista Julio Gomes e o correspondente internacional Jamil Chade comparam o desempenho de Brasil e Inglaterra em suas respectivas competições continentais. Enquanto os ingleses saem da Eurocopa fortalecidos, apesar da derrota nos pênaltis para a Itália, o vice da Copa América deixa um ponto de interrogação sobre os brasileiros.

"Do ponto de vista brasileiro, chegar à final da forma como chegou, ser derrotado pela Argentina e pela forma como atuou, é uma questão colocada sobre a preparação da seleção brasileira e de suas reais possibilidades para a Copa-2022. Portanto, vice-campeão, no caso brasileiro, tem um significado muito diferente do que o vice da Inglaterra. Vejo os ingleses, por mais que estivessem decepcionados, esperançosos com o futuro de sua seleção. Vejo uma situação bem diferente no lado brasileiro, com muitas questões sendo colocadas e perguntas sendo feitas sobre a falta de capacidade do meio-campo de criar. Você tem uma seleção que sai debilitada da Copa América, enquanto a outra sai fortalecida da Eurocopa mesmo tendo perdido a grande final em casa", analisou Jamil.

Para Julio, a perda da Copa América para a Argentina aumentou a cobrança sobre Tite. Na visão do colunista, o treinador só não tem seu cargo ameaçado por conta da bagunça nos bastidores da CBF. "Esse paralelo esportivo é bem interessante. A Inglaterra sai forte dessa Eurocopa. Eu duvidava dela, mas passou muito perto de ganhar. Foi para a final pela primeira vez em sua história e perdeu nos pênaltis. Poderia ter vencido. Já no Brasil, o trabalho do Tite já está sendo muito questionado. A CBF está sem presidente, em uma espécie de terra de ninguém. Talvez isso até ajude o Tite", avaliou.

Mesmo vendo a taça ir para as mãos da Itália, a Inglaterra tem motivos de sobra para comemorar seu desempenho na Euro, como explicou Jamil. "Na semifinal, quando a Inglaterra ganha [2 a 1 sobre a Dinamarca], eles já dão uma volta olímpica. Ali, era uma grande consagração chegar à final. Perdem. Enorme frustração, certamente, mas diria que ela foi relativizada pelo fato de ter uma seleção capaz de também chegar longe na Copa do Mundo no ano que vem. Se houve algum tipo de alívio para os ingleses é o fato de que uma seleção, que em 2018 deu alguns resultados na Copa do Mundo, agora chega à final e pode, mais uma vez em uma Copa, trazer resultados ainda mais fortes para a Inglaterra. Essa pelo menos é a esperança", avaliou.

"Esportivamente, foi um time que chegou pela primeira vez à final e caiu de pé nos pênaltis. Não vai ter consequência esportiva no sentido de pedir cabeça de treinador. A base está lá. Semifinal de uma Copa do Mundo [em 2018], final de uma Eurocopa. Chega como uma das candidatas ao título, indiscutivelmente, no Mundial de 2022", disse Julio.

Enquanto o Brasil não demonstrava grande afeição pela Copa américa, a Inglaterra teve na Eurocopa uma chance de redenção, como mostrou Jamil."Certamente os torneios foram fundamentais para essas duas seleções, mas por motivos muito diferentes, a meu ver. Tivemos dois torneios, um brasileiro e outro inglês, por mais que a Uefa tenha feito uma competição continental, mas em que a fase principal acontecia em Londres. Era uma Uefa britânica repartindo os custos, mas nem sempre os benefícios. Para a Inglaterra, existia a esperança de chegar longe. Desde 1966 essa frustração se perpetua, se prolonga, ganha novos capítulos, alguns dramáticos, alguns com pênaltis", contou.

Juio considera que Tite usou a Copa América como um laboratório para o Mundial e vê a seleção com boas chances. "Como o torneio nunca foi abraçado pela seleção brasileira, tenho a impressão que o Tite, propositadamente, quis mesmo usar essa Copa América para testar muita gente. Ele arriscou e realmente resolveu ver com quem ele pode ou não contar para 2022. Acho que o Brasil vai chegar muito forte para 2022, e mais forte com o Tite do que sem ele", afirmou.

Por fim, Jamil fez uma previsão otimista sobre as chances inglesas no Mundial do Qatar. "Talvez a grande novidade é que a Inglaterra tem hoje uma seleção mais sólida e realmente competitiva, que pode chegar em 2022 pensando eventualmente em uma semifinal ou final de Copa do Mundo", finalizou.

Ouça o podcast Futebol sem Fronteiras e confira também uma análise sobre como a crise na CBF pode afetar a preparação da seleção brasileira para a disputa da Copa do Mundo-2022.

Não perca! Acompanhe os episódios do podcast Futebol sem Fronteiras todas as quintas-feiras às 15h no Canal UOL.

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