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Como Ramírez exerceu forte influência na nova geração do Equador

Miguel Angel Ramirez, técnico do Independiente del Valle, levanta o troféu da Copa Sulamericana de 2019 - Agencia Press South/Getty Images
Miguel Angel Ramirez, técnico do Independiente del Valle, levanta o troféu da Copa Sulamericana de 2019 Imagem: Agencia Press South/Getty Images

Eder Traskini e Marinho Saldanha

Do UOL, em Goiânia e Brasília (DF)

30/06/2021 04h00

Na zaga, na lateral, no meio e até chegando no ataque: a influencia de Miguel Ángel Ramírez está em todos os setores da seleção do Equador que disputa a Copa América 2021. Dos habituais titulares, quatro foram formados pelo ex-técnico do Independiente del Valle (EQU) que teve curta passagem pelo Internacional nesta temporada.

Os quatro titulares são jovens: o zagueiro Hincapié, de 19, o lateral Angelo Preciado, de 23, o meia Moisés Caicedo, de 20, e o meia-atacante Alan Franco, de 22. Do quarteto, só Franco não passou pelas mãos do espanhol ainda nas categorias de base do del Valle.

Ramírez chegou ao clube equatoriano em 2018 como técnico do time sub-18, mas não demorou a ser promovido ao time profissional. O projeto do clube de apostar na base tem um de seus expoentes representado na seleção nacional: Moisés Caicedo.

Brilhante pelo Independiente del Valle, Caicedo foi contratado pelo Brighton (ING). O trio restante também já deixou o clube: Hincapié atua no Talleres (ARG), Preciado joga no Genk (BEL) e Alan Franco está no Atlético Mineiro.

Além das quatro peças fundamentais no esquema do técnico Gustavo Alfaro, da seleção equatoriana, outros dois atletas também passaram pelas mãos de Ramírez: o jovem lateral de 19 anos Jose Hurtado, revelado pelo espanhol e que começa agora a se firmar no clube equatoriano, e o zagueiro Fernando León, já mais experiente — mas que cresceu com o ex-técnico do Internacional, marcou na final da Sul-Americana e acabou vendido ao futebol mexicano.

Dos convocados por Gustavo Alfaro para a Copa América, dez tem 23 anos ou menos e já fazem parte da nova geração do Equador. Desses, Ramírez formou a metade: cinco deles. Aos 36 anos, o espanhol está sem clube.

Demitido pela cultura brasileira

O plano de Miguel Ángel Ramírez no Internacional era fazer o mesmo que havia feito no Independiente del Valle. Contratado no início desta temporada com vínculo de dois anos, sua meta era trabalhar a médio e longo prazo, dando prioridade à utilização de jovens egressos da base no time principal.

Enfrentando grave crise financeira, o Inter via no espanhol a oportunidade de promover atletas, que posteriormente pudessem ser vendidos e melhorar a condição do clube. Além de produzirem, obviamente, ganho técnico também.

Desde sua chegada, Ramírez tratou de fazer o que lhe foi solicitado. Disse que não queria reforços até conhecer as capacidades do elenco e tratou de, aos poucos, abrir espaço para Mauricio, Nonato, Johnny, Zé Gabriel, entre outros. Mas a falta de vitórias sepultou o projeto.

Com o elenco — sejam novatos ou experientes — sem total compreensão do modelo de jogo, o treinador não atingiu os resultados esperados. Derrotado na final do Gauchão, com uma campanha irregular na Libertadores, eliminado na Copa do Brasil e com início ruim de Brasileiro, Ramírez acabou demitido com apenas três meses de trabalho, levando consigo a esperança fazer do Inter um produtor de talentos como fez do del Valle.

Tão logo o técnico caiu, a direção colorada já mostrou outra conduta no mercado da bola e contratou dois jogadores.