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Brasil usa elenco todo na 1ª fase da Copa América: quem aproveitou?

Brasil soma três vitórias e um empate, dez gols marcados e 23 jogadores usados na Copa América - Thiago Ribeiro/AGIF
Brasil soma três vitórias e um empate, dez gols marcados e 23 jogadores usados na Copa América Imagem: Thiago Ribeiro/AGIF

Danilo Lavieri e Gabriel Carneiro

Do UOL, no Rio de Janeiro

29/06/2021 04h00

Tite avisou antes da estreia da seleção brasileira que usaria a fase de grupos da Copa América para rodar o elenco e dar mais minutos de jogo a quem não atua frequentemente no contexto competitivo das Eliminatórias da Copa do Mundo do Qatar. Conseguiu: ninguém jogou muito menos do que um tempo e todos os disponíveis foram usados na campanha de três vitórias e um empate.

A única exceção entre os 24 convocados foi o zagueiro Felipe, que se machucou depois do primeiro jogo e acabou sendo cortado do grupo sem entrar em campo. Léo Ortiz, do Red Bull Bragantino, foi convocado para substituí-lo e se apresenta hoje (29) à Granja Comary.

O desempenho nos jogos e ao longo dos treinamentos deste mês serviu como teste no ciclo de preparação para a Copa do Qatar, e a tendência é que o funil se estreite nos próximos desafios, a começar pelas quartas de final contra o Chile na próxima sexta-feira, às 21h, no estádio Nilton Santos. Como no mata-mata os testes tendem a ser reduzidos, o UOL Esporte avaliou em três grupos o que foi visto até aqui: quem aproveitou o teste; quem não aproveitou o teste; e quem não aparenta mudança de status pensando a longo prazo.

Em alta

Trio de zagueiros - Éder Militão, Marquinhos e Thiago Silva são nomes afirmados na seleção. O primeiro chegou até este mês com só sete partidas com a Amarelinha e agora quase dobrou o número somando Eliminatórias e Copa América. Tite chegou a dizer que ele "jogou muito" nas chances que teve.

Marquinhos consolidou-se como liderança do elenco em seus três jogos como capitão e também nas manifestações públicas e, por fim, Thiago Silva voltou de lesão em bom nível e, mesmo atuando só duas vezes na competição, teve importância reforçada fora de campo, buscando informações até mesmo sobre a parte tática do jogo.

Thiago Silva - Lucas Figueiredo/CBF - Lucas Figueiredo/CBF
Thiago Silva durante jogo da seleção brasileira contra o Peru, no estádio Nilton Santos
Imagem: Lucas Figueiredo/CBF

Laterais experientes - Danilo e Alex Sandro foram os titulares mais frequentes das laterais e apresentaram bom desempenho. O lateral-direito tem tanta moral que, no jogo em que supostamente seria poupado pela sequência, acabou jogando 47 minutos improvisado do outro lado. A ideia era justamente preservar Alex Sandro, que estava pendurado e se firmou na esquerda superando a concorrência de Renan Lodi. Ele fez até gol (veja a partir de 8s).

Para tirar as dúvidas - Fabinho e Lucas Paquetá são jogadores sempre lembrados por Tite, mas ainda sem aceitação total com os torcedores. Mas na Copa América eles provaram utilidade: o volante do Liverpool foi um dos melhores da seleção nos dois jogos em que substituiu Casemiro, contra Peru e Equador — neste segundo foi até testado mais adiantado, como segundo volante, por 15 minutos. Já Paquetá foi destaque contra a Colômbia e o melhor do time diante do Equador, ganhando moral no elenco.

Sempre ele - Com uma assistência e dois gols entre os dez marcados pelo Brasil na primeira fase, Neymar foi o grande destaque individual do time, especialmente contra Venezuela e Peru. É o jogador que desequilibra, a referência técnica do elenco e enfim à disposição de Tite por um longo período. O treinador chegou a chamá-lo de extraordinário e montou uma estratégia para ele brilhar: "Estruturamos [o time] para de repente ele receber menos bola, mas de uma forma mais eficiente."

Neymar - Thiago Ribeiro/AGIF - Thiago Ribeiro/AGIF
Neymar vibra com gol da vitória do Brasil marcado por Casemiro, com sua assistência, contra a Colômbia
Imagem: Thiago Ribeiro/AGIF

Em baixa

Os que menos jogaram - Douglas Luiz terminou 2020 como titular incontestável da seleção, mas estava suspenso para a volta das Eliminatórias. Não só perdeu a posição para Fred como só estreou na quinta rodada da fase de grupos da Copa América e acabou substituído aos 17 minutos do segundo tempo. Terá chance de reconquistar a moral nas Olimpíadas. Já Vini Jr atuou 42 minutos ao todo. Não foi titular nem quando Tite mudou dez peças do time e ainda está longe de garantir status na equipe.

Dupla do Flamengo - Everton Ribeiro e Gabigol atuaram nos quatro jogos da primeira fase, mas não tiveram uma atuação marcante. Ambos têm gols marcados, contra Peru e Venezuela, respectivamente, e também jogos em que foram substituídos no intervalo porque não renderam o esperado. O caso de Gabigol parece mais delicado, porque ele bateu seu recorde de minutos jogados pela seleção e mesmo assim não decolou. A ideia da comissão técnica é dar apoio e sequência para ele entender as diferenças do sistema de jogo da equipe.

Gabigol - Miguel Schincariol/Getty Images - Miguel Schincariol/Getty Images
Gabigol durante partida contra o Equador pela Copa América; ele atuou os 98 minutos
Imagem: Miguel Schincariol/Getty Images

Altos e baixos - Roberto Firmino é sempre um caso complicado na seleção. Ele é o segundo maior artilheiro do ciclo para o Qatar com os mesmos dez gols de Richarlison e um a menos que Neymar, além de ter contribuído com quatro assistências no período. Mesmo assim, quando é desafiado a assumir protagonismo como foi na partida contra o Equador, ainda sofre. Teve só 148 minutos na fase de grupos, número superior só ao de Vini Jr. Ficou para trás na disputa por espaço do ataque.

Não muda nada

Trio de goleiros - Alisson, Ederson e Weverton não têm concorrência sequer próxima na concepção da comissão técnica para a posição. Todos jogaram na Copa América, sendo que o jogador do Liverpool esteve em campo duas vezes. Algo importante de ser notado é que a troca de um pelo outro não é um simples rodízio, há componentes táticos: contra times que marcam mais em cima, Ederson é opção por causa de sua boa capacidade para passes e lançamentos longos rasteiros. Contra prováveis retrancas, Alisson e Weverton têm espaço.

Tite - Lucas Figueiredo/CBF - Lucas Figueiredo/CBF
Tite e Taffarel com os goleiros Alisson, Ederson e Weverton durante treino da seleção brasileira
Imagem: Lucas Figueiredo/CBF

Jovens oportunos - Apesar de Renan Lodi ter perdido a titularidade para Alex Sandro neste mês, ele segue bem avaliado internamente como um lateral-esquerdo ofensivo — e portanto adequado para determinados jogos — e de grande potencial. Tanto é que atuou em todos os jogos da Copa América. Já Emerson teve 111 minutos em campo e agradou, começa a ser visto como opção real dentro do ciclo para 2022.

Mais que afirmados - Casemiro, Fred, Richarlison, Éverton Cebolinha e Gabriel Jesus são jogadores adorados por Tite e, quando vivem bons momentos em seus clubes, têm convocação certa da seleção. Casemiro se destacou contra a Colômbia, Jesus foi um dos protagonistas diante do Peru, Fred se firmou definitivamente como titular e os outros foram importantes na campanha.

Ranking de minutos da seleção na Copa América:

Entre 350 e 250 minutos - Danilo (330), Marquinhos (297), Neymar (296), Éder Militão (290) e Fred (252);

Entre 250 e 150 minutos - Gabriel Jesus (235), Casemiro (232), Richarlison (214), Fabinho (204), Thiago Silva (201), Gabigol (199), Alisson (193), Alex Sandro (188), Everton Ribeiro (165), Lucas Paquetá (161), Renan Lodi (159) e Éverton Cebolinha (151);

Até 150 minutos - Roberto Firmino (148), Emerson (111), Weverton (104), Ederson (97), Douglas Luiz (65) e Vini Jr (42).