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Futebol Sem Fronteiras

O jogo por trás do jogo. Com Jamil Chade e Julio Gomes


OPINIÃO

Julio Gomes: "Brasil perdeu a Copa em 2006 porque Ronaldo foi convocado"

Do UOL, em São Paulo

21/05/2021 11h00

Atual presidente do Valladolid, Ronaldo pode amargar o rebaixamento da equipe para a segunda divisão espanhola neste sábado (20). Na última rodada, a equipe tem uma missão complicada: recebe o Atlético de Madri, principal favorito ao título. Em sua carreira, o Fenômeno também traz uma passagem pouco brilhante como 'Presidente' - forma como ele era tratado dentro da seleção brasileira.

No podcast Futebol sem Fronteiras #2 (ouça o episódio acima na íntegra), o colunista Julio Gomes e o correspondente Jamil Chade relembraram alguns dos bastidores que cercaram a seleção brasileira na Copa do Mundo de 2006, disputada na Alemanha. Na opinião de Julio, a presença do Fenômeno no grupo foi decisiva para o destino da equipe - e pelo lado negativo.

"Uma das razões pelas quais o Brasil perdeu a Copa de 2006 foi porque o Ronaldo foi convocado. Acompanhei muito de perto aquela seleção. Antes da Copa, ele estava se machucando muito. Eram lesões musculares, de quem não se cuida. O time voou na Copa das Confederações em 2005 sem ele. Não precisava do Ronaldo. Ele atrapalhou", opinou o colunista.

Jamil contextualizou os acontecimentos daquela época, "Nessa semana, sai uma série em cinco capítulos da história do Ronaldo como presidente. É até curioso, porque começa assim: 'Em campo, me chamavam de Ronaldo Fenômeno. Aqui, eu sou El Presidente'. Mas para quem esteve na Copa da Alemanha, em 2006, a história que corria era que o time o chamava de 'Presidente'. Inclusive, criou uma grande tensão com o Parreira [técnico da seleção] e o Ricardo Teixeira [presidente da CBF]", lembrou.

Esse lado do 'Presidente', na opinião de Julio, ofuscou a carreira de Ronaldo. "Para mim, a carreira do Ronaldo tem que ser dividida em duas: o 'Fenômeno' e o 'Presidente'. Quando ele surge, em 93, até as lesões, a redenção na Copa de 2002 e a primeira temporada no Real Madrid, são anos extraordinários. Talvez aquele Ronaldo seja um dos cinco maiores jogadores da história. Só não consigo colocá-lo entre os cinco maiores porque houve outro Ronaldo, que não treinava, antiprofissional, comia, balada, pouco respeitoso com o próprio Real Madrid e depois com os clubes por onde passou", apontou.

A participação do Brasil no Mundial de 2006 foi cercada de críticas desde que ficou evidente o clima festivo na preparação realizada na cidade de Weggis (Suiça). Dentro de campo, a equipe comandada por Parreira ganhou seus três jogos na fase de grupos contra Croácia, Austrália e Japão. Nas oitavas de final, fez 3 a 0 em Gana. Porém, caiu por 1 a 0 diante da França e a seleção foi eliminada nas quartas.

Embora reconheça os problemas trazidos pelo Fenômeno, Julio também acha que Parreira tem parcela de culpa no que houve naquela Copa. "Na minha opinião, foi uma má influência naquele grupo. O Robinho, por exemplo, e os mais jovens o chamavam de 'Presidente' para cá e para lá. O Ronaldo era quem mandava. O Parreira ia dormir, abriam-se as garrafas. Como vai ganhar uma Copa desse jeito?", afirmou.

"Kaká e Ronaldinho precisavam de espaço para serem o que eram, dois dos melhores jogadores do mundo. Eles não tiveram, muito pela presença do Ronaldo. Não acho que o Ronaldo tenha boicotado a seleção. Acho que o Parreira boicotou ao levá-lo naquele estado de forma e de espírito. Não teve a coragem que o Felipão teve em 2002 ao não levar o Romário."

Ouça o podcast Futebol sem Fronteiras e descubra como o Atlético de Madri, que pode conquistar o título espanhol desta temporada, foi de um clube de mafiosos a uma das principais potências do futebol europeu no momento.

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