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Léo x Cruzeiro: relação de 10 anos termina com frustração e até veto no CT

Léo chegou ao Cruzeiro com 23 anos e deixa o clube quase onze anos depois  - Vinnicius Silva/Cruzeiro
Léo chegou ao Cruzeiro com 23 anos e deixa o clube quase onze anos depois Imagem: Vinnicius Silva/Cruzeiro

Guilherme Piu

Do UOL, em Belo Horizonte

21/05/2021 04h00

Uma relação de mais de uma década chega ao fim de forma polêmica. Depois de dez anos e sete meses, o zagueiro Léo deu adeus ao Cruzeiro e o anúncio do fim da passagem do jogador pelo clube fez muito barulho nas redes sociais. O assunto da saída, tratado pelo UOL Esporte no dia 27 de abril e confirmado ontem (20) pelo próprio defensor, teve idas e vindas e contratempos entre as partes.

Pois bem, o UOL mergulhou nos bastidores desta rescisão contratual e traz detalhes do que motivou o fim do ciclo do jogador de 33 anos, mais por desejo do clube, na Toca II.

O início do fim

A primeira discordância aconteceu ainda no fim de abril, já que o jogador, mesmo sabendo do movimento da diretoria pelo acordo para sua saída, gravou um vídeo dizendo que "não tinha interesse em sair e não havia nada decidido" sobre o assunto.

A partir do dia 27 de abril, quando surgiram os primeiros indícios de que havia o início de uma conversa pelo encerramento do contrato entre Cruzeiro e Léo, o jogador ficou incomodado com o vazamento da informação. Naquele dia, segundo apurou a reportagem, houve uma reunião entre as partes. Ali, pela primeira vez, o zagueiro tomava ciência de que o clube desejava um acordo amigável para sua saída. Com o anúncio pela imprensa do que era naquele momento um possível adeus, Léo publicou um vídeo nas redes sociais para minimizar o assunto que ganhava força.

"Não tem nada decidido, não tenho interesse em sair do clube. Todos sabem o carinho que tenho pelo clube, por essa torcida. São 400 jogos, inúmeros títulos com essa camisa (...) até então, não tem nada decidido (...) se tiver alguma coisa, vou ser o primeiro a falar, porque sempre fui leal, sempre tive caráter, profissionalismo. Vocês vão saber isso da minha boca", reforçou o zagueiro.

No entanto, desse dia em diante muita coisa aconteceu, já somada à insatisfação do jogador com o comportamento da diretoria cruzeirense, segundo fontes disseram ao UOL. Léo decidiu que não deixaria o Cruzeiro por imposição dos atuais dirigentes e que precisaria receber tudo que o clube lhe devia. Para isso, de todo modo, não queria de forma alguma uma saída traumática ou por outras vias que não a amigável.

Lesão

A lesão do zagueiro foi outro motivo de discordância entre Léo e o Cruzeiro. O departamento médico do clube, segundo informações, afirmava que Léo precisaria passar por cirurgia para corrigir um problema no joelho e que isso demandaria um ano e meio de recuperação. O atleta, segundo fontes, não concordava com esse prazo e por isso buscou um tratamento alternativo nos Estados Unidos, bancado financeiramente por ele próprio e autorizado pela diretoria cruzeirense.

E a discordância em relação à situação médica de Léo permaneceu mesmo após ele retornar a Belo Horizonte. O clube entende que o jogador precisaria mesmo passar pela mesa de cirurgia. Enquanto o defensor, depois de um tratamento feito em Chicago, tinha a convicção de que estava bem para voltar a campo.

Nas primeiras semanas de reencontro na Toca, houve ainda uma cobrança por explicações por parte de um dos líderes do elenco. Segundo apurou a reportagem, o goleiro Fábio questionou o departamento médico do Cruzeiro sobre o motivo de o zagueiro ainda, naquele momento, não ter retomado os treinos com os demais atletas da equipe principal.

Desacordos

De acordo com informações passadas ao UOL, Léo e representantes da diretoria do Cruzeiro conversaram várias vezes sobre a rescisão amigável. O jogador, ainda de acordo com essa fonte, havia concordado com o encerramento do vínculo. Mas, aí, entrou no ar a entrevista do jogador à TV Globo, divulgada ontem (20), e que segundo fontes do clube, poderia ser interpretada como uma i"quebra de acordo" entre as partes.

Nessa entrevista, Léo afirmou que ficou impossibilitado de ir à Toca II durante as conversas pela rescisão. "Depois de certo tempo, que aconteceu do clube querer rescindir, fiquei impossibilitado de ir à Toca, de resolver. Ficou três semanas, quatro semanas. Tive que me adaptar, fazendo treinos em academias, outros lugares. Venho progredindo, evoluindo na força, agilidade, velocidade em todos os sentidos", disse à TV Globo Minas.

Com fontes, a reportagem apurou que o clube entende que não houve proibição. Mas, um combinado por segurança jurídica, já que, se o jogador machucasse em um treino nas dependências da Toca II, a rescisão não poderia acontecer.

"É uma decisão do clube, dificilmente eles voltam atrás. Tentei por semanas conversar, esclarecer. Até porque não é (minha) questão financeira. Todo mundo sabe o meu carinho, meu respeito, gratidão ao clube. Gosto muito de ver uma imagem minha com escudo, cheia de flechas, com a gente tentando defender a Raposa. Um clube que tenho muita gratidão. Não sou eu que tenho coordenadas e caneta na mão. A gente segue a caminhada", também disse Léo à TV Globo, ressaltando sua vontade de permanecer no Cruzeiro.

No clube havia a garantia de que Léo tinha um acordo pela rescisão e houve um alinhamento para a produção de material audiovisual pela saída do jogador. Até mesmo ações de marketing foram pensadas, como uma placa com os pés do jogador para a calçada da fama, espaço destinado aos jogadores com mais de 400 jogos pelo clube, na Toca da Raposa II.

Léo se despediu da torcida nas redes sociais

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