Qatar apoia legado da Copa em estádios desmontáveis em meio a críticas
Ao ganhar o direito de sediar a Copa do Mundo de 2022, o Qatar virou um canteiro de obras. Nos últimos 11 anos, lugares que antes eram deserto ganharam enormes construções de luxo. O pequeno país do Oriente Médio, rico de gás natural e petróleo, promete deixar mais do que uma estrutura moderna: o plano é criar um legado social para a população —e responder às críticas pesadas que sofre pelas condições ruins que enfrentam os operários que constroem a infraestrutura do Mundial.
Esse plano de legado começa com estádios desmontáveis. Os locais, após a Copa, vão virar arenas esportivas menores, parques, restaurantes, lojas, clínicas de saúde, escolas, hotéis, mesquitas e casas. Dos oito estádios, só um permanecerá com a capacidade total, o Khalifa International, único que já existia antes.
O estádio Ras Abu Aboud, construído no porto com base de contêineres, será completamente desmontado. Os demais terão assentos do anel superior retirados e doados a outros países. A ideia é também evitar elefantes brancos.
O estádio icônico de Lusail, por exemplo, palco da final da Copa do Mundo, com capacidade para 80 mil torcedores, fica em um local onde antes não havia quase nada. Ao seu lado, uma cidade inteira de 35 km2, também com o nome de Lusail, está sendo construída, com zonas residenciais, comerciais, de entretenimento, marina, praia e sistema de transporte sobre trilhos ligando a Doha, a 20km de lá.
O estádio Al Bayt, com visual de tenda árabe do povo nômade, vai receber a partida de abertura. Sua parte superior vai virar um hotel 5 estrelas e um shopping center. Ele fica no subúrbio de Al Khor, a 50 km de Doha.
O estádio Education City, que foi utilizado no último Mundial de Clubes (em 2021), terá capacidade reduzida de 40 mil para 20 mil pessoas. Ele fica dentro da Cidade da Educação, região em que estão sediadas universidades e a biblioteca nacional, e será utilizado para atividades esportivas dos estudantes.
Além dos novos estádios, o Qatar também construiu hospitais, hotéis e estradas. O aeroporto de Doha foi modernizado. O metrô foi inaugurado em 2019 com três linhas, 76 km de extensão e 37 estações —perto de quase todos os estádios.
Qatar - estádios novos e moderna infraestrutura para a Copa de 2022
Plano para 2030, mas críticas sobre condições de trabalho
A intenção é que a Copa do Mundo seja um catalisador para a "Qatar National Vision 2030", que visa o desenvolvimento sustentável nos planos econômico, social, humano e ambiental. Desde 2010, ações fora das obras de infraestrutura também foram feitas. Uma delas foi a criação em 2013 do Instituto Josoor, um centro de excelência de ensino para a indústria de esportes e eventos. O objetivo é que o conhecimento obtido ao sediar a Copa seja passado para a geração seguinte.
Outra medida importante é a nova lei trabalhista para imigrantes no Qatar. O comitê organizador local diz que a nova legislação criou um conjunto de padrões de bem-estar dos trabalhadores e deu mais segurança, proteção e saúde a eles —segundo reportagem do The Guardian, mais de 6500 pessoas já morreram nas obras. Na prática ainda há problemas e reclamações, como mostra o primeiro capítulo desta série de reportagens: "Por trás do brilho - Salário baixo, calor extremo e quarto com 12 pessoas: a realidade dos trabalhadores da Copa do Qatar-2022".
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