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Ex-Inter, Gavilán não queria ser técnico e mudou de ideia com Muricy e Mano

Diego Gavilán hoje é técnico do sub-23 do Cerro Porteño - Instagram/Club Cerro Porten?o
Diego Gavilán hoje é técnico do sub-23 do Cerro Porteño Imagem: Instagram/Club Cerro Porten?o

Marcello De Vico

Do UOL, em Santos (SP)

06/03/2021 04h00

Resumo da notícia

  • Diego Gavilán hoje é técnico do time sub-23 do Cerro Porteño, do Paraguai
  • Ex-jogador de Inter e Grêmio não pensava em ser técnico, mas mudou de ideia
  • Conversas com Muricy Ramalho e Mano Menezes fizeram diferença na escolha

Os anos como jogador de Internacional e Grêmio não serviram apenas para o paraguaio Diego Gavilán deixar seu nome marcado na história dos clubes — por exemplo, com os títulos estaduais de 2003, 2004 e 2005 (pelo Colorado) e 2007 (pelo Tricolor). Hoje é possível dizer que a passagem por Porto Alegre também acabou sendo determinante para definir outra questão em sua vida profissional: o que ele faria depois de pendurar as chuteiras.

Gavilán optou por ser treinador. Mas a verdade é que isso nem passava por sua cabeça antes de desembarcar no Brasil e trabalhar com Muricy Ramalho, no Colorado, e Mano Menezes, no Tricolor. Os pontos negativos da carreira de um técnico, como a pressão e o tempo longe da família, eram concretos em sua mente e não permitiam que ele se visse à beira do gramado.

Mas os constantes papos com os técnicos citados ao longo do dia a dia fizeram Gavilán repensar. "Nas minhas entrevistas, eu sempre falava que não queria ser treinador. Eu não pensava nessa possibilidade, por tudo que um técnico sofre, a pressão que existe, ficar longe da família...", conta o ex-volante, em entrevista exclusiva ao UOL Esporte, por telefone.

Gavilán orienta Deportivo Capiatá durante jogo no Campeonato Paraguaio - Divulgação/Deportivo Capiatá - Divulgação/Deportivo Capiatá
Gavilán orienta Deportivo Capiatá durante jogo no Campeonato Paraguaio
Imagem: Divulgação/Deportivo Capiatá

"No Inter, eu comecei a conversar muito com o Muricy, que tem muita experiência em tudo que envolve o futebol. Depois, no Grêmio, eu também conversava muito com o Mano, e a minha cabeça com o tempo foi mudando", acrescenta o agora treinador de 41 anos.

Diego Gavilán hoje é técnico do time sub-23 do Cerro Porteño, onde tem uma espécie de parceria como o comandante da equipe principal, Francisco Arce, ex-lateral de Palmeiras e Grêmio e ex-técnico da seleção paraguaia. "Foram dez anos jogando com o Arce, e é uma experiência muito importante pra mim, por todo conhecimento que ele já tem", disse o ex-jogador, que se aposentou dos gramados com apenas 31 anos, em 2011, por conta de uma lesão no joelho.

Vitória histórica sobre o Inter e Libertadores marcante

Diego Gavilán é apresentado como novo técnico do Pelotas-RS - Tales Leal | AI ECP - Tales Leal | AI ECP
Diego Gavilán é apresentado como novo técnico do Pelotas-RS
Imagem: Tales Leal | AI ECP

A carreira de treinador ainda é curta, mas já preenchida com momentos pra lá de marcantes. Em seu primeiro trabalho fora do Paraguai, Gavilán assumiu o Pelotas-RS, voltando da segunda divisão do Gauchão, e conseguiu não só uma improvável permanência na elite do Estadual de 2019. Além disto, obteve uma vitória que entrou para a história do clube: 2 a 1 de virada sobre o Inter em pleno Beira-Rio. Detalhe: o Colorado não perdia do Pelotas em casa há 39 anos.

"Quando eu cheguei, eu abria os jornais e só lia que o time ia cair, e eu pensei: 'onde eu me meti (risos)?", brinca Gavilán. "Começamos perdendo do Juventude e depois veio o Inter. É uma consagração, né? Ainda mais no Beira-Rio, quebrando um tabu de quase 40 anos", acrescenta.

Ainda antes do Pelotas, Gavilán teve uma passagem pelo modesto Deportivo Capiatá, clube fundado em 2008 e, portanto, com pouca bagagem no Paraguai. Ainda como auxiliar, participou de um momento histórico em 2016: a classificação inédita à Copa Libertadores.

O treinador do Capiatá era Victor Genes, e Gavilán acabou assumindo o comando para a disputa da competição continental em 2017. O time avançou duas fases na Pré-Libertadores, contra Deportivo Táchira e Universitário, mas acabou parando na terceira etapa, diante do Athletico-PR.

"O técnico não chegou a um acordo com a diretoria e eu assumi. Acho que foi um momento tão importante na minha carreira como no Pelotas. Era um time que na época tinha só oito anos... É um trabalho que te dá muita visibilidade, e até hoje lembram daquela Libertadores aqui", completa o técnico, que domina as línguas portuguesa, inglesa, italiana e espanhola.

Veja outros trechos da entrevista:

Abel Braga foi injustiçado no Inter?

Acho que não cabe a mim falar se ele foi injustiçado, mas eu estava torcendo por ele [no Campeonato Brasileiro], por tudo que ele sofreu e foi injustiçado quando saiu do Flamengo, o que falaram dele... Ele merecia ter ganho. Ele conseguiu algo muito difícil, que é vencer nove partidas seguidas no Brasileiro.

Paulo Autuori é a grande referência

Gosto muito do que o Liverpool fez nos últimos anos, do Flamengo do Jorge Jesus... Também gosto muito do Tiago Nunes e do Roger Machado, parte do trabalho dele no Palmeiras, no Atlético-MG... Mas minha grande referência é o Paulo Autuori, é um cara que tem conhecimento em todas as áreas. E, fora do Brasil, sou muito fã do Manchester City do Guardiola e também do atual técnico do PSG, o Pochettino.

Birra com gringo falando espanhol no Brasil

É uma coisa que eu fico pu**, quando técnico estrangeiro vem pra cá e fala espanhol. Ele tem que tentar falar a língua local, estudar, estar preparado. É algo que cobro muito na minha comissão.