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ANÁLISE

Mauro: Dos últimos campeões, Bauza tinha estilo mais parecido com o de Abel

Do UOL, em São Paulo

02/02/2021 04h00

Pelo segundo ano consecutivo, um técnico português comandou um time na conquista da Copa Libertadores, com o campeão Palmeiras chegando ao seu segundo troféu da competição com Abel Ferreira. Mas a forma de jogar do clube alviverde na campanha se mostrou diferente da que levou o Flamengo ao título com Jorge Jesus em 2019, mesmo nos melhores momentos do time palmeirense.

No podcast Posse de Bola #96, Mauro Cezar Pereira analisa a forma como Abel Ferreira montou o time do Palmeiras nos três meses desde sua chegada ao clube para garantir o título da Libertadores e, comparando com os campeões mais recentes da competição, vê o trabalho do português mais semelhante com o do argentino Edgardo Bauza, que venceu com o San Lorenzo em 2014.

"Eu até conversava com o André Rocha sobre isso e perguntei para ele: ?André, qual o técnico campeão recentemente da Libertadores que mais se assemelha ao Abel Ferreira??. E ele respondeu na bucha: Bauza. É isso, ele é Bauza, ele não é Tite de 2012, é diferente, ele não é Cuca do Galo Doido, muito pelo contrário, aquele time maluco do Atlético-MG que ia com tudo, meio camicaze, que eu também acho um exagero", diz Mauro Cezar.

"O Bauza ganhou com o San Lorenzo em 2014, em 2015 o Gallardo, nada a ver, em 2016 Rueda com o Atlético Nacional, não é parecido, em 2017 Renato com o Grêmio, nada a ver, o Grêmio de posse de bola, time bem diferente, em 2018 Gallardo nada a ver e 2019 Jesus nada a ver, só a nacionalidade. Ele é parecido mais com o Bauza. Isso não é uma crítica, isso é uma constatação. E pode ser que daqui um tempo eu fale que ele está mostrando outra faceta, o time do Palmeiras joga de outra forma e tal. Tomara que assim seja, a gente precisa de ideias aqui, de arejar esse negócio, que está feia a coisa", completa.

O jornalista destaca que Abel montou o time do Palmeiras no jogo em que venceu o Santos seguindo o mesmo padrão de jogos anteriores, de forma reativa, com o time bem postado na defesa e tentando explorar os contra-ataques em velocidade.

"A estratégia do Abel, ele não fugiu da sua característica, o Abel até agora no Brasil, salvo raros momentos, é o técnico de jogo reativo, ele é o técnico que dá a bola para o adversário e joga na velocidade. Não estou aqui criticando, estou constatando. Aliás, ele não é um técnico que traga ideias novas, ele é muito parecido com vários técnicos brasileiros", diz Mauro Cezar.

"Abel foi o que ele é até agora no futebol brasileiro, foi coerente com aquilo que ele vinha fazendo, ele não violentou a natureza da sua equipe, pelo contrário, e ele herdou do Cebola, não do Luxemburgo, do Cebola, um time já arrumadinho e deu um upgradezinho ali maneiro e tal, o time ficou pronto para fazer o que era necessário para ser campeão", completa.

Depois do objetivo alcançado com o título da Libertadores, Mauro Cezar espera que para a próxima temporada o técnico do Palmeiras possa apresentar um time com repertório maior de jogadas, considerando também que a postura do português indica que ele possa apresentar um time que possa atuar também de outras maneiras.

"Eu espero ver o Abel Ferreira daqui alguns meses, não agora nesse torneio Mundial da Fifa, mais adiante, apresentando outras armas no comando do elenco do Palmeiras, eu tenho essa expectativa e acho, pelas declarações dele, que ele vai buscar. Tenho essa esperança, eu chamo de esperança mesmo, porque eu quero ver coisas diferentes no futebol aqui do Brasil?, diz o jornalista.

"Porque as entrevistas são muito boas, ele foi generoso depois do jogo, até dando muitos méritos a quem nem fez tanta coisa assim e desde outras entrevistas que ele vem dando, mostra ser um cara diferente fora de campo, com uma boa mente, eu acho que isso é um bom caminho para que ele possa ser um personagem que, de fato, acrescente ao nosso futebol", conclui.

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