Sem confirmar volta à Série A, Cruzeiro já compromete orçamento de 2022
O Cruzeiro agravou sua condição financeira na gestão de Wagner Pires de Sá, alvo da Justiça por crimes contra o clube, e que aumentou exponencialmente a dívida que atualmente gira em torno de R$ 1 bilhão. Mas o cenário atual não foi construído em uma temporada, pois se desenha desde 2011, último ano de balanço financeiro com superávit na agremiação. Por isso, e prejudicada pela acentuada queda de receitas durante a pandemia, a Raposa vive drama econômico que pode sufocar a instituição em um futuro breve.
A 385 dias da temporada 2022, o Cruzeiro já compromete parte considerável de um orçamento que ainda sequer sabe qual será o valor. Tudo por causa de dívidas atuais que a diretoria está "empurrando para frente", como os acordos judiciais por pendências trabalhistas com o atacante Fred e o lateral esquerdo Dodô, parcelas de dívida com a Minas Arena, gestora do Mineirão, e pagamentos da transação tributária que o clube acordou com a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional após deixar o Profut.
À exceção da dívida com o Governo Federal, que já está sendo cobrada, todas as outras pendências só começarão a ser pagas daqui um ano, período de carência para um clube que está mais próximo de permanecer na Série B do que alcançar o acesso à elite do Nacional. Fator que, inclusive, afeta direta e negativamente o caixa do clube.
Sem contar salários e outras despesas de funcionários e jogadores, o Cruzeiro já teria em janeiro de 2022 a obrigação de pagar mensalmente quantia superior a R$ 1 milhão como despesa fixa. Esse valor é um conjunto das parcelas que até agora a Raposa se comprometeu a pagar: R$ 400 mil para Fred, R$ 250 mil para Dodô, cerca de R$ 117 mil ao Mineirão e pelo menos R$ 350 mil à União.
Todas essas dívidas têm parcelas para perder de vista, já que o clube celeste deve a Fred R$ 25 milhões, R$ 15 milhões para Dodô, R$ 11.201.556,94 ao Mineirão e R$ 182.384.742 à União. Valores que, juntos, somam mais de R$ 233 milhões.
Prazos de pagamento
Com os advogados do camisa 9 o departamento jurídico do Cruzeiro acertou pagamento do montante total da dívida em 61 parcelas de R$ 400 mil. Ao final desses cinco anos o clube pagará mais 12 prestações de R$ 50 mil. Já com Dodô serão 60 prestações de R$ 250 mil, com o Mineirão 92 prestações de aproximadamente R$ 117 mil e parcelas que iniciam com o valor de R$ 350 mil e sofrerão aumentos regulares por 12 anos pelo acordo com a Procuradoria-Geral da União (PGFN).
Segundo apurou o UOL Esporte a indefinição financeira do clube no ano que vem, até pela situação que envolve o gramado — se sobe ou não de divisão — faz com que as dívidas tenham pagamento prometido para daqui um ano. Esse período de carência seria justamente para compreender um possível pós-pandemia com o retorno da arrecadação por bilheteria, por exemplo, e patrocínios especiais pelo centenário, a ser comemorado em 2 de janeiro de 2021.
Apesar de elevados, esses valores poderiam ser ainda maiores caso o departamento jurídico celeste não tivesse trabalhado para reduzir consideravelmente os montantes originais.
Sem o dinheiro da TV
Para piorar mais a situação, ainda comandado por Wagner Pires de Sá o Cruzeiro antecipou receitas de televisão. Em 2018 o ex-presidente tomou empréstimo de R$ 70 milhões e deu como garantia o valor pago ao clube pela TV Globo. Essa operação financeira com o Polo, um fundo de investimento em direitos creditórios, "queimou" essa fonte de renda da Raposa até o fim de 2022.
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