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5 incertezas no "novo Fla" em meio a maratona de nove dias no Equador

Leo Burlá

Do UOL,no Rio de Janeiro

16/09/2020 04h00

Atual campeão da Copa Libertadores, o Flamengo fez o que se esperava ao ganhar as duas primeiras partidas pela edição 2020 da competição sul-americana. Porém, devido à pandemia do coronavírus, o torneio foi paralisado por seis meses e o Rubro-Negro retoma o caminho do tri em meio à incertezas e a maratona de nove dias no Equador. Amanhã (17), o Fla sob nova direção enfrenta o Independiente del Valle, às 21h, no estádio Rodrigo Paz Delgado, em Quito (EQU).

A Libertadores, no entanto, mergulhou no mar de incertezas provocadas pela Covid-19, e o "novo" Fla põe à prova o seu status de favorito envolvido em muitas mudanças (dentro e fora de campo), desde que a equipe atropelou o Barcelona de Guayaquil (EQU) por 3 a 0, em março, quando ainda era comandado por Jorge Jesus.

Ainda contestado por parte da torcida, o espanhol Domènec Torrent faz a sua estreia no torneio continental não sem um certo ar de tensão. Com a situação encaminhada no Grupo A, o time encara a jornada dupla no Equador (o time ainda tem pela frente, na próxima terça-feira, o Barcelona) pela vaga, pela paz e por algumas respostas.

Incerteza no gol

Após César e Diego Alves contraírem a Covid-19, o jovem Gabriel Batista foi alçado ao posto de titular e, apesar de uma ou outra hesitação, cumpriu o seu papel. César se recuperou, foi escalado na derrota por 2 a 0 contra o Ceará, e será o titular em Quito. A falta de ritmo e a altitude de quase 3 mil metros da capital equatoriana preocupam e desafiam o dono da meta rubro-negra.

Gabigol em busca de seus dias melhores dias
Gabigol comemora gol do Flamengo contra o Grêmio - Bruno Baketa/AGIF - Bruno Baketa/AGIF
Imagem: Bruno Baketa/AGIF

O atacante Gabigol não esqueceu o caminho das redes, mas ainda busca se encontrar no time desde que Torrent assumiu. Atuando ora pelos lados, ora centralizado, o camisa 9 ainda não parece 100% confortável e tem perdido mais chances que o habitual. Fã dos jogos grandes e decisivos, o artilheiro é arma determinante para o sucesso no Equador.

Bruno Henrique também longe do ideal

No ano passado, o atacante Bruno Henrique foi nome mais que decisivo nas campanhas que culminaram nos títulos. Mas fato que o jogador ainda não se encontrou em 2020. A trajetória de Bruno foi complicada por lesões, mas ele volta ao time após se recuperar de edema no joelho. Ele embarcou e está à disposição de Dome.

"O importante é todos nós estarmos concentrados nesses dois jogos que teremos no Equador. Trazer essas duas vitórias pro Rio será primordial para o Flamengo na sequência da Libertadores", disse o rubro-negro.

Dome na berlinda
Domènec Torrent, técnico do Flamengo, no jogo contra o Fortaleza - Alexandre Vidal / Flamengo - Alexandre Vidal / Flamengo
Domènec Torrent, técnico do Flamengo, no jogo contra o Fortaleza
Imagem: Alexandre Vidal / Flamengo

O caso de Bruno Henrique retrata um pouco o estilo de comando do espanhol, que privilegia jogadores no melhor nível atlético. Se mantiver a lógica, dificilmente o atacante começará jogando, mas a aposta é de risco. Criticado por muitos pelo rodízio de atletas, o técnico viu o som da corneta aumentar após o tropeço em Fortaleza, diante do Ceará. Um desempenho ruim no Equador e escalações que "contrariem" parte da torcida podem ser uma dor de cabeça.

"Vamos tentar defender melhor para poder jogar melhor no campo do Independiente. É importante para nós porque é a Libertadores, estamos empatados na classificação e vamos com o time todo que estará pronto para jogar", disse Dome.

Maratona internacional

Por fim, o calendário impôs ao Fla uma situação rara. Com a agenda apertada, o time ficará longe de casa por nove dias para cumprir a tabela da Libertadores. As partidas desafiam os responsáveis pelas áreas de saúde e logística do clube, que trabalham para minimizar os efeitos da altitude. Uma das medidas adotadas é o protocolo de avaliações da musculatura respiratória e o uso de aparelhos que detectam a difusão de oxigênio no sangue.

Além disso, há também o uso de medicação que colabora no aumento da oxigenação e a avaliação da saturação de cada atleta, mas é corrente no mundo do futebol que a perda técnica e física é quase irreparável. Com este cenário mais complexo na primeira batalha, a equipe seguirá logo após o jogo para Guayaquil, que fica ao nível do mar.