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Brasileirão - 2020

OPINIÃO

Blogueiros: Brasileirão já derrubou 4 técnicos. Como mudar essa cultura?

Ney Franco não resistiu e foi demitido do Goiás na semana passada - Allan Carvalho/AGIF
Ney Franco não resistiu e foi demitido do Goiás na semana passada Imagem: Allan Carvalho/AGIF

Do UOL, em Santos (SP)

28/08/2020 04h00Atualizada em 28/08/2020 13h54

Resumo da notícia

  • Colunistas do UOL analisam como mudar a cultura brasileira em relação aos técnicos
  • Quatro treinadores já foram demitidos em apenas cinco rodadas de Brasileirão
  • Marcel: "Normalmente não há planejamento e se demite com dois resultados negativos"
  • Renato: "É preciso uma grande mudança, dos dirigentes, das torcidas e da imprensa"

O Campeonato Brasileiro precisou de pouco mais de duas semanas - ou cinco rodadas - para já contabilizar a marca de quatro técnicos demitidos. O primeiro a cair foi Eduardo Barroca, no Coritiba, em 20 de agosto, seguido de Ney Franco, no Goiás, no mesmo dia. Quatro dias depois, foi a vez de o Sport demitir Daniel Paulista, e, na tarde de hoje (29), o Athletico anunciou a saída de Dorival Júnior.

Dias antes de o Brasileirão começar, o Santos já havia desligado o português Jesualdo Ferreira, contratado para o início dessa temporada e que não resistiu à eliminação precoce no Paulistão.

Em meio a este cenário, fizemos a seguinte pergunta aos colunistas do UOL Esporte: O que precisa acontecer no futebol brasileiro para que os técnicos tenham tempo para trabalhar nos clubes? Veja o que eles pensam sobre o tema, ressaltando que as respostas dos jornalistas foram dadas ainda antes da demissão de Dorival.

ANDRÉ ROCHA

Primeiro que haja mais critério na contratação. Definição do perfil de acordo com as características do elenco. Porque muitas vezes contratam errado e depois reclamam de críticas da imprensa.

Também respeitar processos e entender o calendário. Sem tentativa e erro pensando apenas em curtíssimo prazo.

Leia o blog do André Rocha.

DANILO LAVIERI

É impossível imaginar um cenário em que o clube mantenha o técnico mesmo com resultados ruins. No mundo ideal, o time faria uma entrevista com o treinador, para entender se a filosofia dele bate com a que a diretoria gostaria de ter e daria tempo para que isso fosse desenvolvido. A diretoria poderia ter diversas formas de avaliação para saber se aquela cultura está sendo implementada e isso pode se alongar pelas categorias de base, para uniformizar o controle do futebol. Claro que ele precisa ser cobrado por resultado, mas não de forma imediata. Mas, no Brasil, clube, diretores, torcedores e também jornalistas têm a cultura de fazer uma análise imediatista e pouco profunda em relação aos trabalhos desenvolvidos.

Leia o blog do Danilo Lavieri.

JUCA KFOURI

Precisa que mude o modelo de gestão dos clubes.

Leia o blog do Juca.

JULIO GOMES

Mudar o Brasil? Hehehe

Vejam, para mim essa mudança só ocorrerá um dia se a classe de treinadores se unir e forçar algumas regulamentações. Porém, algumas das regras acabarão sendo prejudiciais a eles mesmos - sejamos honestos, tem muito técnico incompetente que se beneficia e faz dinheiro com essa dança insana das cadeiras.

Leia o blog do Julio Gomes.

MARCEL RIZZO

Os clubes precisam do óbvio: planejamento. Precisam contratar um diretor de futebol remunerado que, com a presidência, decida um perfil de time que quer. Com base nisso, contratar o técnico e montar o time. Isso ajudaria até mesmo o clube a demitir o profissional com três meses, o que não é proibido, caso ele não esteja entregando o que o clube almeja. O problema é que normalmente não há planejamento e se demite um treinador com dois resultados negativos algumas vezes jogando como foi combinado. Não há critério e planejamento algum por aqui.

Leia o blog do Marcel Rizzo.

MENON

A questão do tempo para técnico trabalhar é muito relativa. Quanto tempo? Quantas derrotas vexatórias devem ser aceitas até que seja correto demitir um treinador? E, se ele ficar, há certeza de que o trabalho vai melhorar?

Demitir treinador deve deixar de ser um dogma, uma prova de atraso.

Pode dar certo e pode dar errado. O Flamengo foi campeão com Jesus. Devia ficar com Abel? O Palmeiras foi campeão com Scolari. Deveria manter Roger? O Grêmio foi campeão com Renato. Deveria ter apostado quanto tempo mais no trabalho de Roger para dar resultado? E a seleção? Deveria ter ficado com Dunga nas Eliminatórias? E deveria manter Tite, após a pífia Copa?

Logicamente, há bons exemplos do outro lado. Tite foi eliminado pelo Tolima, ficou e foi campeão do mundo.

O que poderia mudar o panorama é se as finanças de um clube não fossem totalmente destroçadas com um rebaixamento. As cotas da televisão desabam. Mesmo assim, o Coritiba, por exemplo, deveria dar mais tempo a Barroca, que perdeu as duas partidas decisivas do Estadual e emendou quatro derrotas no Brasileirão? Conviver com o fantasma da queda e do declínio financeiro por causa de seu estilo de impor o jogo e ter posse de bola? Ah, se ainda fosse o Guardiola...

Leia o blog do Menon.

PERRONE

É preciso uma reforma estrutural que quebre a seguinte cadeia: novo treinador = a resultados irregulares = a torcida irritada = a presidente do clube que depende de voto pressionado = a treinador demitido. Ou seja, é necessário um sistema profissional no qual quem toma as decisões do futebol está menos vulnerável às pressões de torcedores.

Leia o blog do Perrone.

RENATO MAURÍCIO PRADO

É preciso uma grande mentalidade de mudança. Dos dirigentes, das torcidas e da própria imprensa. Mas é um processo longo e complicado. Porque, na maioria das vezes, os demitidos deveriam ser os cartolas. Mas como eles jamais se demitirão...

Leia o blog do Renato Maurício Prado.

RODOLFO RODRIGUES

Os clubes precisam se organizar melhor e ter um planejamento correto. De nada adianta fritar treinador sem saber quem colocar no lugar. Os clubes precisam pensar em ter uma filosofia de trabalho e buscar profissionais que se enquadrem nela também. Além disso, deveriam trocar ao final de um campeonato ou de uma temporada. É preciso dar um tempo maior para o trabalho deles. Mas os treinadores também precisam fazer o mesmo. Quando largam um trabalho no meio, quando o time está bem, perdem toda a credibilidade para reclamar das demissões.

Leia o blog do Rodolfo Rodrigues.