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Comparado a Mbappé por Edilson, Mirandinha castigava Palmeiras nos dérbis

Mirandinha, do Corinthians, comemora gol sobre o Palmeiras em jogo do Brasileiro de 1997 - Moacyr Lopes Junior/Folha Imagem
Mirandinha, do Corinthians, comemora gol sobre o Palmeiras em jogo do Brasileiro de 1997 Imagem: Moacyr Lopes Junior/Folha Imagem

Do UOL, em Santos (SP)

26/08/2020 04h00

Resumo da notícia

  • Mirandinha não gostou da comparação feita por Edílson no Donos da Bola
  • "Já vi vários iguais ao Mbappé, por exemplo, Mirandinha. Não tem inteligência"
  • Mirandinha teve destaque pelo Corinthians nos anos 90 e foi carrasco do Palmeiras

Veloz atacante do Corinthians na década de 90, Mirandinha não gostou nada das palavras ditas pelo ex-jogador e agora comentarista Edílson, que durante o programa Donos da Bola, da TV Bandeirantes, usou-o como exemplo para fazer uma crítica a Mbappé, do PSG. "Esse Mbappé é mais ou menos; já vi vários jogadores iguais a ele, por exemplo, o Mirandinha. Ele só sabe correr, não tem inteligência, não tem nada. Ele não é craque", disse o Capetinha.

Mirandinha, que ameaçou até cortar relações com Edilson caso ele não peça desculpas, ficou marcado por sua passagem pelo Corinthians, entre 1996 e 1999. Natural de Palmares (PE), Isaílton Ferreira da Silva, o Mirandinha, chegou ao clube alvinegro depois de uma passagem pelo Sion FC, da Suíça. Antes disso, já havia defendido alguns times do Brasil: Paraná Clube, Paysandu, Ceará, Central-PE, Noroeste-SP e Sport, onde foi revelado.

De acordo com o Almanaque do Corinthians, Mirandinha fez 165 partidas com a camisa alvinegra e marcou 47 gols, sendo dez deles contra o maior rival - em 13 clássicos. Não à toa, o ex-atacante até hoje é lembrado como carrasco do Palmeiras, algo que começou a ser construído logo em sua estreia pelo Corinthians: foi dele o gol de empate no 2 a 2 do Brasileirão de 1996.

Não satisfeito, o ex-atacante fazia questão de provocar o rival com uma comemoração diferente em cada jogo. Uma delas, foi dedicada a Viola, ídolo do Corinthians que, na época, defendia o Palmeiras.

"A gente tinha discutido, ele se machucou e foi substituído. E quando ele ia saindo, eu falei para ele perto do túnel: `vai embora, mas fique no estádio que você vai assistir ao gol que eu vou fazer em homenagem a você´. Aí ele se irritou e aconteceu exatamente aquilo. Eu fiz o gol quase de carrinho no Veloso, toquei a viola e falei mais um pouco, eu estava com raiva", recordou Mirandinha em uma entrevista ao UOL Esporte concedida em 2015.

Quase jogou no Palmeiras

Mirandinha quase entrou para a lista de jogadores que defenderam Palmeiras e Corinthians. O jogador recebeu uma proposta para atuar pelo time alviverde, mas desistiu por conta das ameaças que sofreu da torcida palestrina.

Goleiro Velloso, do Palmeiras, discute com o atacante Donizete, do Corinthians, depois de acertar Mirandinha (no chão) durante jogo no Morumbi, pelo Campeonato Brasileiro de 1997 - Antonio Gaudério/Folha Imagem - Antonio Gaudério/Folha Imagem
Imagem: Antonio Gaudério/Folha Imagem

"Eu fui para o Juventude, que era da Parmalat, e os caras da torcida do Palmeiras colocaram uma faixa no CT da Barra Funda. Saiu no jornal O Lance que eu ia fazer uma ponte do Juventude para o Palmeiras. Por causa disso eu fui ameaçado, minha família foi ameaçada, colocaram faixas e mais faixas no CT do Palmeiras: `fora Mirandinha´. E eu sou louco? Deus me livre, não tinha como eu ir não, preferi não ir de jeito nenhum. Todo mundo sabe onde jogador mora, onde jogador frequenta, em que restaurante vai", recorda.

"Tinha nascido minha filha, aí eu dei uma pipocada. Mas quem não gostaria de jogar no Corinthians e no Palmeiras? Time grande é time grande, seja lá qual for você tem que ir. Mas, neste caso, eu não tinha condições de ir com as ameaças. E outro detalhe: em marquei muitos gols no Palmeiras e todos foram comemorados de forma diferente. Isso é o que a torcida não aceita. Mas você trabalha a semana toda, chega na hora do jogo, faz gol e não tem o direito de comemorar? Eu comemoraria de novo do mesmo jeito ou ainda pior", contou.

Títulos e saída após briga com Oswaldo

Já em 1997, Mirandinha resistiu aos reforços contratados pelo banco Excel e seguiu como titular do time, por vezes até deixando o badalado Túlio Maravilha, campeão brasileiro pelo Botafogo em 1995, no banco de reservas. Pelo Timão, conquistou os Paulistas de 1997 e 1999 e o Campeonato Brasileiro de 1998. Deixou a equipe depois de uma briga com o técnico Oswaldo de Oliveira, como ele mesmo recordou na mesma entrevista à reportagem.

"Eu estava jogando bem e em um jogo contra o Flamengo no Maracanã o Oswaldo me substituiu, eu achei injusto e falei coisas típicas de quando o jogador está de cabeça quente. O Oswaldo aproveitou a oportunidade porque ele já queria me escantear de verdade e aí me tirou. Depois eu fui para a Arábia Saudita e fiquei dois anos, voltei, joguei no América-MG. Fui bem, joguei contra o Oswaldo e ficou nisso mesmo, ele lá e eu aqui", contou Mirandinha.