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Por que este São Paulo x Ceni no Morumbi não é um reencontro como os outros

Rogério Ceni em sua primeira partida como técnico do São Paulo no Morumbi, em 2017 - Marcello Zambrana/AGIF
Rogério Ceni em sua primeira partida como técnico do São Paulo no Morumbi, em 2017 Imagem: Marcello Zambrana/AGIF

José Eduardo Martins

Do UOL, em São Paulo

13/08/2020 04h00

Mais do que qualquer um, Rogério Ceni sabe como é subir as escadas do Morumbi para disputar uma partida. Como goleiro ou técnico, ele já representou o São Paulo em 610 oportunidades. No entanto, hoje (13) à noite, a partir das 19h15, pelo Brasileirão, a sensação vai será outra. Pela primeira vez, o ex-arqueiro e agora treinador do Fortaleza vai estar do lado oposto ao Tricolor paulista no estádio. Se não bastasse esse fato, diversos elementos fazem com que a história seja bem diferente.

O currículo de Ceni dispensa apresentações. Como jogador, sem contar títulos, apenas no Morumbi, ele conquistou 375 vitórias e obteve um aproveitamento de 70% dos pontos disputados (130 empates e somente 89 derrotas). Já como treinador no estádio, foram oito triunfos, três derrotas e cinco empates (60,4% de aproveitamento). Com mais de 25 anos dedicados exclusivamente ao clube, passou a ser um dos maiores ídolos de toda a história tricolor.

No entanto, os contornos dessa trajetória mudaram a partir de 2016. Com a intenção de se tornar treinador, ele passou a ter o nome cotado pela diretoria, e em novembro, o então diretor-executivo de futebol, Marco Aurélio Cunha, surpreendeu com o anúncio de que Ricardo Gomes havia sido demitido do cargo de técnico do time profissional. Não demorou para o Mito, como é conhecido pela torcida, ser anunciado como o novo comandante da equipe.

Neste ponto é importante citar a política como pano de fundo. Em mandato transitório, Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, trabalhava para se reeleger e a participação de Ceni era vista como um ponto a ser explorado em sua campanha. Até mesmo no seu programa de governo, o ex-goleiro era citado.

No dia da eleição contra José Eduardo Mesquita Pimenta, em abril de 2017, Leco até parou o seu discurso para falar que Ceni havia ligado para lhe dar os parabéns. Com a saída de jogadores negociados e a queda de rendimento do time, a relação mudou e o treinador acabou demitido em julho.

Logo após a saída do arqueiro, Leco concedeu uma entrevista coletiva em que isentou a diretoria de culpa pelos resultados do time. As declarações do presidente serviram para expor uma rusga que tinha começado durante a gestão do ex-goleiro como treinador. Ceni, por sua vez, sempre deixou claro o desejo de um dia voltar ao São Paulo, mas depois de 2020 — quando Leco já não será mais o mandatário.

Boa relação com sucessores

Se depender da relação de Ceni com o futuro presidente do São Paulo, a torcida pode esperar por um retorno do ídolo. O ex-goleiro é próximo dos candidatos à vaga de Leco. Até o momento, Júlio Casares foi confirmado como um dos postulantes — sendo que o conselheiro já foi diretor do clube quando Ceni era técnico e ainda tem bom contato com o ex-arqueiro.

Marco Aurélio Cunha, que ajudou a trazer Ceni, Roberto Natel e Sylvio de Barros vão disputar uma convenção neste sábado (15) para definir quem será o outro candidato. Todos eles também têm trânsito para conversar com o ex-goleiro.

Futuro em aberto no Fortaleza

Rogério Ceni não é ídolo só no São Paulo. O treinador conquistou a torcida do Fortaleza. Desde a sua chegada em 2018, ele conquistou títulos e levou o time para a Série A do Brasileirão. No entanto, segundo pessoas próximas, a relação com o time nordestino já está mais desgastada. Nem tanto por Ceni mesmo, mas colegas de trabalho do ex-goleiro acreditam que já esteja na hora de ele procurar outros ares. O time também não vive o seu melhor momento e começou o nacional desse ano com uma derrota para o Athletico-PR.

Sem legado

Pouco ficou no São Paulo o elenco que Ceni tinha para trabalhar em 2017. Hoje, apenas Lucas Perri, Shaylon e Brenner permanecem. Arboleda, que havia sido indicado pelo astro, não teve tempo de atuar sob a batuta do ex-goleiro. Já Reinaldo, Hernanes e Pato jogaram com ele quando ainda era goleiro.

Sem torcida

Torcida do São Paulo - José Eduardo Martins/UOL - José Eduardo Martins/UOL
Torcida do São Paulo fez um bandeirão para Ceni e exibiu no jogo de 2019, no Pacaembu
Imagem: José Eduardo Martins/UOL

No ano passado, quando o São Paulo enfrentou o Fortaleza, a partida foi realizada no Pacaembu — o Morumbi havia sido alugado para show da banda inglesa Iron Maiden. Na ocasião, as organizadas do Tricolor reverenciaram o ídolo. Desta vez, porém, o estádio do Tricolor estará com portões fechados para cumprir com as normas de prevenção durante a pandemia do novo coronavírus.

Diniz pressionado

Após a eliminação do São Paulo no Paulistão, Diniz passou a ser questionado internamente. Apesar de ter o respaldo dos integrantes do departamento de futebol, há no Morumbi quem acredite que o melhor para o clube seria a troca de treinador. Como o jogo contra o Goiás foi adiado uma vez que nove jogadores adversários testaram positivo para Covid-19, a partida de hoje marca a estreia do Tricolor no Brasileirão. Por tudo isso, é possível que Rogério Ceni esteja em outra posição quando voltar ao Morumbi.

FICHA TÉCNICA:

SÃO PAULO x FORTALEZA

Data: 13 de agosto de 2020, quinta-feira
Horário: 19h15 (de Brasília)
Local: Morumbi, em São Paulo (SP)
Competição: Campeonato Brasileiro, 2ª rodada
Árbitro: Leandro Pedro Vuaden (RS)
Assistentes: José Eduardo Calza (RS) e Jorge Eduardo Bernardi (RS)
Quarto árbitro: Ilbert Estevam da Silva (SP)
VAR: Daniel Nobre Bins (RS)

SÃO PAULO: Tiago Volpi; Juanfran (Igor Vinícius), Bruno Alves, Arboleda e Reinaldo; Liziero (Luan), Tchê Tchê, Daniel Alves e Igor Gomes; Pablo e Vitor Bueno. Técnico: Fernando Diniz

FORTALEZA: Felipe Alves; Gabriel Dias, Quintero, Paulão e Bruno Melo; Felipe, Juninho e Romarinho; Osvaldo, David e Wellington Paulista. Técnico: Rogério Ceni

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