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Cruzeiro pagou imagem e assumiu comissão de Angulo, que sequer foi a campo

Iván Angulo chegou no Cruzeiro em março, mas jamais entrou em campo e voltou ao Palmeiras - Gustavo Aleixo/Cruzeiro
Iván Angulo chegou no Cruzeiro em março, mas jamais entrou em campo e voltou ao Palmeiras Imagem: Gustavo Aleixo/Cruzeiro

Thiago Fernandes

Do UOL, em Belo Horizonte

23/07/2020 04h00

Iván Angulo chegou ao Cruzeiro e ficou no time por empréstimo durante quatro meses, entre março e julho. Sem nem sequer entrar em campo, voltou ao Palmeiras em um contrato que permitia o retorno em caso de solicitação dos paulistas. No período, porém, os mineiros assumiram o pagamento de direitos de imagem do atacante (cerca de R$ 70 mil mensais) e comissão aos agentes (R$ 100 mil). O contrato foi firmado pelo Núcleo Dirigente Transitório, grupo de gestores que antecedeu a administração de Sergio Santos Rodrigues.

A passagem do colombiano pela Toca da Raposa II gerou prejuízo ao clube, sobretudo pelo fato de ele nunca ter entrado em campo. O jovem de 21 anos foi anunciado como reforço em 16 de março, um dia após a paralisação do futebol mineiro por causa da pandemia do novo coronavírus.

Mesmo com os gastos estabelecidos no compromisso — direitos de imagem mensais e comissão aos agentes (André Cury e Felipe Russo) —, havia uma cláusula que permitia a volta do jogador a São Paulo sem o ressarcimento aos mineiros. O Palmeiras se encarregava de pagar os salários do atleta na CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas) e demais encargos financeiros. Ele, inclusive, já foi liberado para retornar à Academia de Futebol, onde defenderá o time comandado por Vanderlei Luxemburgo.

Iván Angulo recebeu do Cruzeiro, neste período, os valores referentes aos direitos de imagem — quase R$ 280 mil. O clube, contudo, não deve pagar aos empresários o montante referente à comissão, conforme apurado pelo UOL. O valor — R$ 100 mil — foi parcelado pela antiga administração. Houve revolta nos bastidores da Toca da Raposa II com o acordo firmado pela gestão temporária.

A nota publicada pela assessoria de imprensa do clube evidencia o que foi apurado pela reportagem: "O Palmeiras exerceu um direito firmado no contrato de empréstimo, realizado no início deste ano junto à gestão que administrava o clube anteriormente, o que, infelizmente, impossibilita a atual diretoria de realizar qualquer tipo de ação".

"O clube lamenta a obrigatoriedade da cláusula, mas respeita o contrato firmado à época entre as partes. Desta forma, o Cruzeiro agradece ao jogador pela dedicação, empenho e profissionalismo nos treinamentos", acrescentou.

"Seria ilusão nossa achar que o Palmeiras iria emprestar o jogador sem custos, pagando 70% dos salários, arcando com todos encargos trabalhistas e ainda pagar por uma recisão contratual Será que diante dessas inúmeras vantagens cedidas ao Cruzeiro, oriundas de uma parceria de irmãos, consolidada ao longo de décadas, ainda iria aceitar a exclusão desta cláusula?", indagou Carlos Ferreira, antigo interlocutor do Conselho Gestor.

"Inúmeras Tentativas desta exclusão foram propostas porém recusadas, vale lembrar que este tipo de cláusula e, comum nos contratos de empréstimos firmados sem ônus ao clube contratante, isso é regra no futebol brasileiro", acrescentou.

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