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Negociação de redução salarial domina retorno aos treinos dos grandes de SP

Daniel Alves cobra falta durante o duelo São Paulo e Corinthians, no Morumbi, em fevereiro - Alan Morici/AGIF
Daniel Alves cobra falta durante o duelo São Paulo e Corinthians, no Morumbi, em fevereiro Imagem: Alan Morici/AGIF

Diego Salgado, José Eduardo Martins e Samir Carvalho

Do UOL, em São Paulo

30/06/2020 04h00

Diante da crise causada pela pandemia do novo coronavírus e a interrupção dos campeonatos no Brasil, Corinthians, Palmeiras, Santos e São Paulo voltaram a debater um novo corte de salários com os respectivos elencos. A negociação acontece em meio ao temor de que alguns atletas irem à Justiça depois de três meses com vencimentos reduzidos.

A fim de se resguardarem, os clubes buscam o acerto com os jogadores em relação ao cenário. Dos quatro clubes, o Palmeiras, de acordo com apuração da reportagem, já conseguiu formalizar essa garantia por escrito.

O time alviverde passou, então, a negociar com líderes do elenco mais um corte de salário para o mês de julho. Nos meses anteriores, a redução atingiu 25% do vencimento em carteira, mais 100% dos direitos de imagem, que serão pagos nos próximos meses.

O São Paulo também deu início às conversas, mas enfrenta mais dificuldades. A diretoria de futebol soube do incômodo dos jogadores com a redução salarial e, com o clube em crise financeira, passou a negociar ontem (29). A reunião, que aconteceu no CT Barra Funda, serviu para os dirigentes apresentarem os motivos para o Tricolor cortar os vencimentos pela metade.

Alguns atletas tinham reclamado que receberam apenas 20% dos vencimentos em carteira, mas o clube explicou que tal valor era referente à reposição de desconto tributário. Nos próximos dias, os times devem manter os encontros para tentar fechar um acordo.

Logo no início da quarentena, o Tricolor abriu negociação e propôs 50% de corte, com o ressarcimento de tal valor quando a situação fosse normalizada. Os jogadores não aceitaram e a redução acabou sendo imposta de modo unilateral.

Vale destacar ainda que, no início das tratativas, os líderes do elenco se colocaram favoráveis ao clube. Pela postura adotada pelo Tricolor nos últimos meses, alguns jogadores mudaram de posição.

Já o Corinthians, segundo apurou o UOL Esporte, rejeita a estratégia de obter garantias formais, pois a diretoria não teme que os atletas acionem o clube na Justiça. A cúpula alvinegra, inclusive, alega que tudo está apalavrado com o elenco. O discurso no Timão é de "respeito e confiança" e, por isso, nada precisa ser assinado neste sentido.

Os dirigentes alegam que tudo está sendo alinhado em conversas com os atletas. A confiança é tamanha que eles acreditam que o jogador que acionasse o clube na Justiça teria problemas com o próprio elenco, e não com a diretoria corintiana.

O Santos, por sua vez, é totalmente adepto ao acordo formal e, inclusive, realizou uma reunião com o elenco na última sexta-feira para "bater o martelo". A reportagem apurou que os atletas acenaram positivamente com a proposta santista.

O Peixe, inclusive, entregou as garantias para tentar fechar o acordo. A proposta alvinegra é realizar um reembolso de 45% do salário, dividido em três parcelas mensais, a partir de outubro. Como o Santos pagou 30% do ordenado neste período, a perda real dos atletas seria de 25% de seus vencimentos.

A cúpula santista alega que o Santos cumpriu com o que prometeu: pagar 30% do salário no período de quarentena e, inclusive, cita clubes que prometeram pagar 50% do ordenado e não honraram com os seus compromissos. Como existe processo de reembolso, o Santos faz questão que esse acordo seja formal, assinado por cada jogador.