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OPINIÃO

Mauro: "Zagallo jamais teve a generosidade de citar o Saldanha pelo tri"

Do UOL, em São Paulo

23/06/2020 04h00

A seleção brasileira tricampeã mundial na Copa de 1970 foi comandada por Mário Jorge Lobo Zagallo, que havia sido campeão como jogador em 1958 e 1962. Mas antes dele, o time começou a ser montado por João Saldanha, jornalista que se dispôs a assumir o comando do time e garantir a classificação brasileira ao Mundial do México, mas que acabou demitido por João Havelange meses antes da competição.

No podcast Posse de Bola #38, o jornalista Mauro Cezar Pereira reconhece os méritos de Zagallo no comando do time campeão, mas cita uma entrevista recente a Tostão (um dos craques daquela seleção) para seu blog no UOL, que relata que o técnico nunca reconheceu o trabalho iniciado por Saldanha e sua participação na montagem do time vencedor.

"O Zagallo é muito exaltado, e ele merece ser elogiado, porque ele foi o técnico e tem muita participação em tudo pelos próprios jogadores, mas o time começou a ser montado pelo João Saldanha. O João Saldanha foi quem colocou o Tostão na posição em que ele jogou a Copa", diz Mauro Cezar (disponível no vídeo acima a partir de 1:06:30).

Mauro lembra o contexto no qual Saldanha assumiu o time brasileiro, sendo ele um militante do Partido Comunista Brasileiro em pleno AI-5, período de maior repressão da ditadura militar.

"Quando ele assume e define os titulares, as 'Feras do Saldanha', o momento de autoestima baixo da seleção e do futebol brasileiro por conta de todo o fiasco de 1966, uma série de outras situações também que aconteciam, e isso num ambiente totalmente adverso, em pleno AI-5, ditadura militar, o cara era um cara de esquerda assumido", cita Mauro.

"Põe o Tostão de centroavante e o Zagallo deu uma bela lapidada, repito, ele tem os méritos. E na recente entrevista que eu fiz com o Tostão, o Tostão destacou o fato de o Zagallo jamais citar o Saldanha, jamais ter a generosidade de dizer: 'olha, mas esse cara contribuiu também'. Ou seja, como se o Saldanha fosse uma coisa de fora, o que é típico do boleirismo, 'ele não foi jogador, isso não é para ele'. Mas o Saldanha, ele era, além de ser o João sem medo, ele falava de futebol, de política e de qualquer assunto, e dominava geral. E ele teve uma participação extremamente importante na minha opinião da montagem dessa equipe que o Zagallo lapidou", conclui o jornalista.

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