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Ronaldinho Gaúcho e Assis não serão acusados pelo MP por documentos falsos

Do UOL, em São Paulo

05/03/2020 23h13

Ronaldinho Gaúcho e seu irmão Assis não serão acusados pelas autoridades paraguaias no caso de falsificação de documentos. Em nota, o Ministério Público do Paraguai informou que o empresário Wilmondes Sousa Lira — que já teve sua prisão preventiva decretada — e as duas mulheres que já foram detidas na tarde de hoje serão acusados do crime.

Segundo as autoridades, o ex-jogador e seu irmão admitiram ter portado documentos falsos, mas se beneficiaram no caso por colaborarem com a investigação e fornecerem dados, conforme permite a lei. Eles ainda devem comparecer ao tribunal, segundo o MP, para apresentar suas versões. A expectativa é de que outras pessoas ainda sejam acusadas.

"Sousa Lira é acusado e exigimos detenção preventiva. Ele é acusado pela produção de documentos não autênticos, uso de documentos públicos de conteúdo falso, associação criminosa e outros. As duas mulheres paraguaias são acusadas por uso de documento de conteúdo falso e abuso de identidade", explicou o promotor Federico Delfino, em nota.

O MP também está trabalhando na investigação de outras pessoas, como funcionários públicos e integrantes do setor privado, que possam estar envolvidas no caso. Um mandado de prisão contra um funcionário da Diretoria de Migração já foi emitido.

Por fim, o procurador Delfino reiterou: "Estamos diante de uma investigação inicial, lidamos com muitos dados, estamos trabalhando sob a presença de várias pessoas e, no decorrer dos dias, tomaremos as determinações. Trabalhamos na identificação de outras pessoas para saber quem mais faz parte dessa quadrilha criminosa".

Ronaldinho Gaúcho e seu irmão Assis foram detidos pela polícia do Paraguai na noite de ontem (4), sob a acusação de portar passaportes falsos. O ex-jogador desembarcou horas antes no país para participar de dois eventos nesta quinta-feira (5).

A informação acabou sendo confirmada pela reportagem do UOL Esporte com autoridades do país vizinho e após acesso ao documento sobre o caso.

O que se sabe

Detido no hotel com Assis

Ronaldinho e Assis acabaram detidos pela Polícia paraguaia na noite de quarta-feira (04) na suíte de um hotel. A convite para dois eventos no país vizinho, o ex-jogador do Barcelona e o irmão receberam passaportes e registros civis (equivalente ao RG brasileiro) paraguaios. Nos documentos, o ex-camisa 10 da seleção era identificado como paraguaio naturalizado.

Por que não abordaram Ronaldinho no aeroporto?

O reconhecimento dos documentos falsos de Ronaldinho e Assis ocorreu ainda no aeroporto paraguaio. Porém, diante de todo o cenário de presença de público para a chegada do ex-jogador, as autoridades decidiram postergar a abordagem para o período da noite, já no hotel e minimizando as chances uma confusão com fãs do antigo astro do Barcelona.

Quem foi preso?

Ronaldinho e Assis não serão acusados e seguem colaborando com o Ministério Público paraguaio. Até o momento, Wilmondes Sousa Lira, brasileiro de 45 anos, acabou preso pela polícia sob a acusação de fornecer os passaportes. Duas mulheres com suposta relação com o caso também foram detidas pelas autoridades.

Depoimento de 8h

Ronaldinho e Assis permaneceram 8h no Ministério Público para prestar esclarecimentos. Os dois chegaram pela manhã e só saíram no fim da tarde, sem responder a totalidade de perguntas sobre o caso.

Ronaldinho fica no Paraguai ou volta?

Até o momento, a estratégia da defesa de Ronaldinho é de permanecer no Paraguai enquanto se desenrolam as investigações. Nos próximos dias, conforme o avanço do caso, a Justiça do país decidirá sobre a obrigatoriedade da presença do ex-atleta em terras paraguaias.

Caso rende renúncia

O caso Ronaldinho provocou a renúncia de Alexis Penayo, diretor do Departamento de Migrações do Paraguai. Penayo alegou falta de apoio. Em nome do ministro Euclides Acevedo, o Ministério do Interior paraguaio criticou publicamente o departamento pela falta de posição assim que Ronaldinho desembarcou no país.

O que não se sabe

O que alegaram sobre como receberam os passaportes?

Ronaldinho e Assis receberam os passaportes de Wilmondes Sousa Lira. A defesa do jogador diz que encarou o documento falso como uma forma de "homenagem" paraguaia ao atleta, antes da participação nos eventos. Do lado da Justiça paraguaia, contudo, não há uma posição sobre o assunto.

Por que usou passaporte para entrar no Paraguai?

Esta é a principal questão a ser abordada. Por acordo entre os países do Mercosul, qualquer cidadão brasileiro não precisa de passaporte para países como Paraguai, Argentina e Uruguai. Ronaldinho e Assis entrariam em Assunção somente com o RG, sem a necessidade de apresentar o documento paraguaio no desembarque.