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Ronaldinho e irmão são detidos no Paraguai e prestarão depoimento à Polícia

Diego Salgado, José Edgar de Matos e Marcelo Damato

Do UOL, em São Paulo

04/03/2020 23h06

Ronaldinho Gaúcho e o seu irmão Assis foram detidos pela polícia do Paraguai na noite de hoje (4) sob a acusação de portarem passaportes falsos. O ex-jogador desembarcou horas antes no país para participar de dois eventos nesta quinta-feira (5). A informação acabou sendo confirmada pela reportagem do UOL Esporte com autoridades do país vizinho e após acesso ao documento sobre o caso.

As autoridades receberam a denúncia ainda no aeroporto, mas preferiram não agir em virtude da repercussão sobre a chegada de Ronaldinho. Inúmeras pessoas foram ao local para receber o ex-jogador. O craque de Barcelona e seleção e o irmão se encontram no quarto do hotel e vão depor amanhã às 8h (hora de Assunção).

Até o momento, a polícia paraguaia prendeu o brasileiro Wilmondes Sousa Lira, sob a acusação de fornecer os passaportes falsos em nome de Ronaldinho e Assis. O ex-jogador e o irmão receberam os policiais na suíte em que se encontram e colaboraram para as investigações, segundo o documento acessado pela reportagem.

Ronaldinho Assis - Divulgação/Ministério Público do Paraguai - Divulgação/Ministério Público do Paraguai
Documentos paraguaios com os nomes de Ronaldinho e Assis, apreendidos hoje (04)
Imagem: Divulgação/Ministério Público do Paraguai

Por acordo do Mercosul, não há a necessidade de apresentar passaporte brasileiro para entrar no Paraguai. Este é, portanto, um dos pontos da investigação das autoridades paraguaias.

De acordo com Gilberto Fleitas, diretor de investigação da polícia ouvido pelo UOL Esporte, Ronaldinho e Assis saíram do Brasil apresentando documentos brasileiros, mas entraram no Paraguai com o passaporte de nacionalidade paraguaia.

Passaporte retido em 2018

Nos últimos meses, Ronaldinho e seu irmão, Roberto Assis, envolveram-se em outras polêmicas. Os passaportes dos dois foram apreendidos em novembro de 2018. À época, a decisão foi proferida pelo desembargador Newton Fabrício, da 1ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJ-RS), acatou recurso do Ministério Público (MP).


A suíte onde está hospedado Ronaldinho foi revistada. Vários documentos, cédula de identidade e passaportes paraguaios com os nomes de Ronaldinho e seu irmão foram encontrados. Investigação em curso.

Ambos foram condenados por crime ambiental por conta da construção ilegal de um trapiche (ou píer, uma rampa para atracar embarcações náuticas), com plataforma de pesca e atracadouro na orla do Lago Guaíba, em área de preservação permanente, sem autorização.

Os irmãos foram condenados a pagar indenização e reverter os danos causados em área de preservação em Porto Alegre (RS). O valor a ser pago chega a R$ 8,5 milhões. A sentença é de fevereiro de 2015.

Em setembro do ano passado, os dois entraram em acordo com o MP e recuperaram os passaportes detidos. "O que posso dizer que as partes chegaram a um acordo que foi homologado pelo juiz. Mas o objeto do acordo não era o passaporte, mas, sim, a multa ambiental", afirmou o advogado dos irmãos, Sérgio Queiroz.

Ronaldinho hotel - Divulgação/Polícia Nacional do Paraguai - Divulgação/Polícia Nacional do Paraguai
Ronaldinho é abordado em um hotel paraguaio
Imagem: Divulgação/Polícia Nacional do Paraguai

Ainda assim, em setembro de 2019, Ronaldinho foi nomeado embaixador do turismo brasileiro pela Embratur (Instituto Brasileiro de Turismo). Segundo nota divulgada pela Embratur na ocasião, o ex-atleta ajudará, voluntariamente, diversas campanhas a serem realizadas pelo instituto. "O turismo é importantíssimo para gerar empregos e recuperar nossa imagem internacionalmente", afirmou o campeão do mundo de futebol na ocasião.

Outro problema judicial

No último dia 14, Ronaldinho virou réu em uma ação civil coletiva que pede R$ 300 milhões por danos morais e materiais por causa de sua ligação com a empresa 18kRonaldinho. Desde o ano passado, a firma tem bloqueado o dinheiro de clientes que investiram em suas atividades.

A ação coletiva está sendo movida pelo Ibedec (Instituto Brasileiro de Estudo e Defesa das Relações de Consumo) de Goiás, que diz ter identificado 150 pessoas lesadas pelo bloqueio das contas da 18k. De acordo com o Ibedec, as vítimas moram em vários estados brasileiros e em países como Estados Unidos, Portugal e Itália.