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Ana Thaís expõe machismo no jornalismo e conta discriminação que sofreu

Ana Thaís Matos - Arquivo pessoal
Ana Thaís Matos Imagem: Arquivo pessoal

Colaboração para o UOL

12/02/2020 17h03

Ana Thaís Matos, jornalista do SporTV, foi hoje ao Twitter denunciar o "machismo que domina também o jornalismo". Em uma série de mensagens, ela expôs um episódio de discriminação que sofreu de colegas, como repórter da Rádio Globo, e expressou solidariedade à jornalista da "Folha de S.Paulo" Patrícia Campos Mello, atacada por sua cobertura da CPMI das Fake News.

Ana conta que, em 2018, deu uma notícia em primeira mão sobre o interesse do Corinthians no atacante Alex Teixeira. Colegas de profissão, de acordo com a jornalista, comentaram que ela só conseguiu o "furo" por uma suposta amizade com Alexandre Mattos, então diretor de futebol do Palmeiras. A fonte, no entanto, não era Mattos.

Ela diz que Mattos a fez afirmar ao assessor de imprensa do alvinegro que a fonte não era ele. Depois de um jogo, ela teria sido ridicularizada por Alessandro Nunes, então gerente de futebol do Corinthians, em frente a todos os setoristas do clube, ao ouvir dele, "A notícia era do Mattos e não da Matos".

"Absolutamente todos os repórteres ali ficaram rindo de mim, e dando razão ao Alessandro. E eu falei 'não subestime minha capacidade e não dê essa risada para duvidar da minha fonte, você não me conhece. Você perguntaria a fonte ou daria risadinhas se os caras tivessem dado essa notícia?'', escreveu Ana. A notícia do interesse em Alex Teixeira, mais tarde, se comprovou verdadeira.

Ana Thaís, então, citou o caso de Patrícia Campos Mello, jornalista da Folha de S.Paulo acusada pelo depoente Hans River na CPMI da Fake News de ter se insinuado sexualmente para ele.

"Então, se você, amigo jornalista, está aí falando de misoginia e machismo com a brilhante Patricia Campos Mello, lembre-se que numa proporção muito menor e no nicho do esporte você também duvidou da notícia de uma mulher e tentou reduzir a capacidade dela 'por ser a loira da Rádio Globo'. Então para de ficar cagando regra oportunista aqui no Twitter e trabalhe para melhorar o ambiente tóxico das redações".

"Pata, não te conheço, mas me identifico muito com os ataques covardes e misóginos. E também com essa falsa proteção que os nossos 'companheiros' expõem aqui. Toda a notícia que uma mulher conseguir, muitos caras duvidam da nossa capacidade ou rapidamente relacionam notícia em primeira mão com o fato de usarmos o fator mulher para conseguir".