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Por que ida de Bruno Guimarães ao Atlético de Madri se tornou um problema

Bruno Guimarães comemora gol do Athletico contra o Inter - Gabriel Machado/AGIF
Bruno Guimarães comemora gol do Athletico contra o Inter Imagem: Gabriel Machado/AGIF

Napoleão de Almeida

Colaboração para o UOL

29/12/2019 04h00

Na tarde de 4 de dezembro, antes do jogo contra o Santos na Arena da Baixada, começou a circular a informação de que o Athletico-PR iria preparar uma despedida para alguns jogadores que não estarão no elenco em 2020. Entre eles, o volante Bruno Guimarães, de 22 anos, autor do gol da vitória na partida de ida contra o Inter, pela Copa do Brasil, que resultou em uma das quatro taças que o jogador, eleito um dos melhores do Brasileirão 2019, ganhou pelo clube nos últimos dois anos. Machucado, Bruno entrou em campo no fim da partida e, após o apito final, agradeceu à torcida pelos auto-falantes do estádio.

Naquela mesma tarde, o UOL Esporte apurou a conclusão da negociação de venda para o Atlético de Madrid, confirmada com fontes da diretoria. As partes, no entanto, recuaram no acerto. E a reportagem foi atrás das informações para explicar a questão.

Empresário fez postagem em tom de despedida

Tido como principal joia do Furacão nos últimos tempos, Bruno Guimarães tratou publicamente da ida para o Atlético de Madri como "possibilidade", revelando a existência de uma preferência de compra. Naquela tarde, nos bastidores da Arena da Baixada já circulava a informação de que o Athletico havia fechado o negócio por Guimarães com os espanhóis, em direito adquirido ainda na venda de outro talento, Renan Lodi. Mais de uma fonte confirmava o acerto, incluindo pessoas ligadas ao estafe do jogador.

Ainda no começo de novembro, uma viagem a Madri de Rodrigo Gama Monteiro, advogado do Athletico, selou verbalmente o negócio após a possibilidade de o Flamengo pagar a multa rescisória nacional e levar o jogador. Mas, de lá para cá, muitas coisas aconteceram a ponto de, em Madri, os dirigentes espanhóis negarem o negócio com o clube brasileiro. A principal razão apontada é a possibilidade do atacante uruguaio Edinson Cavani deixar o PSG para ir ao Atleti.

A negociação com Cavani trava qualquer outra dos espanhóis e é uma requisição do técnico Diego Simeone desde a lesão de Diego Costa. De acordo com o jornal As, da Espanha, os Colchoneros têm um teto de 500 milhões de euros, que chegaria ao limite com o "sim" de Cavani. Para concretizar essa negociação, os espanhóis ainda pretendem negociar jogadores como Caio Henrique, que jogou o Brasileirão pelo Fluminense.

Guimarães é tido como um jogador de potencial, que agrada aos diretores esportivos do Atlético de Madri. Não se trata de falta de recursos, mas sim de ficar dentro do teto de gastos que não viole as regras do Fair Play Financeiro europeu. Cavani, entretanto, deu sinais de que pretende cumprir seu contrato no PSG, o que mudaria os planos do Atlético de Madri. A janela se abre em 1º de janeiro. Nos dias seguintes, o futuro de ambos - Guimarães e Cavani - ficará mais claro.

"[A negociação com o] Atlético de Madri deu uma esfriada, até pela questão do atacante e do fair play financeiro", confirmou Bruno ontem (28), após o Jogo das Estrelas, organizado por Zico, no Maracanã.

Assunto virou "tabu" no Athletico, e Petraglia é o único nas negociações

Em Curitiba ninguém mais fala no assunto. Uma fonte ouvida pela reportagem foi questionada sobre as mudanças e disparou: "Está com o Petraglia e só com ele, virou assunto proibido no clube".

Petraglia esteve internado para tratar o intestino durante o mês de novembro. Nas últimas semanas, o dirigente se reuniu em Curitiba com Vampeta, o ex-jogador pentacampeão e que ocupa o cargo de presidente do Audax, que detém 30% dos direitos de Bruno Guimarães.

A reportagem procurou Vampeta, que não atendeu às ligações e não fez nenhum comentário sobre o caso na Jovem Pan de São Paulo, onde atua como comentarista.

Uma das versões para o ruído nas negociações é a diferença entre a oferta madrilena e a pedida dos brasileiros, com os impostos sendo o maior entrave. A partir daí, com a prioridade por um atacante, Bruno Guimarães foi perdendo força no clube espanhol. Outra versão aponta que, recuperado, Petraglia retomou a frente das negociações e procurou valorizar mais o jogador, aumentando a pedida. Uma cláusula de preferência de compra assinada pelo Atlético de Madri quando ocorreu a compra de Renan Lodi já rendeu dividendos ao time curitibano. O prazo para o exercício da compra não é conhecido.

Há ainda quem entenda que o Atlético de Madri irá se retirar do negócio sem alarde, esperando nova oportunidade, talvez na janela do verão europeu, se Bruno Guimarães não for vendido a outro clube. Uma das pendências seria o novo patamar de contrato com o jogador, o que poderia fazer com que outros clubes europeus entrem no circuito.

Ainda assim, dentro do Athletico, já há quem não descarte que Bruno Guimarães dispute a Libertadores pelo clube, aguardando uma convocação para a seleção brasileira principal, talvez para a Copa América. Bruno Guimarães estará no time brasileiro do Pré-Olímpico, entre 18 de janeiro e 9 de fevereiro, na Colômbia. A reapresentação do elenco principal do Furacão está marcada para 6 de janeiro.

"Não recebi mais nenhuma proposta. Então, sou jogador do Athletico Paranaense. Nunca escondi que tenho o sonho de atuar na Europa, mas ainda não tenho propostas ou sondagens", disse o meia, ontem, no jogo festivo do Maracanã.

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