Topo

Cruzeiro

Antes de admitir saída, vice do Cruzeiro disse ter a solução para o clube

Enrico Bruno e Thiago Fernandes

Do UOL, em Belo Horizonte

18/12/2019 04h00

Resumo da notícia

  • Wagner Pires de Sá está disposto a renunciar ao cargo de presidente do Cruzeiro. No entanto, exige que seja uma saída coletiva
  • Ronaldo Granata, segundo vice do Cruzeiro, não gostaria de deixar o clube. Ele não quer se vincular a Wagner Pires de Sá neste momento
  • Segundo nome da linha sucessória, atrás somente de Hermínio Lemos, primeiro vice, Granata diz ter "a solução" para o clube

Wagner Pires de Sá está disposto a renunciar ao cargo de mandatário do Cruzeiro, conforme sugerido por José Dalai Rocha, líder do Conselho Deliberativo. E isso só será possível porque Ronaldo Granata, um dos seus vices, aceitou participar de uma renúncia coletiva, que contará também com a saída de Hermínio Lemos, outro vice do presidente. Granata era o único que não pretendia deixar o Cruzeiro, e dizia que tinha a solução para reestruturar o clube. Contudo, ele mudou de ideia após as últimas manifestações da torcida e por não contar com o apoio dos futuros administradores.

Em contato com o UOL Esporte, cerca de sete horas antes de mudar de opinião, Granata reforçou seu posicionamento de permanecer no clube. Por ter sido contrário a alguns posicionamentos de Wagner Pires, o vice-presidente não queria ter seu nome ligado ao mandatário celeste.

"É uma pergunta [se pedirá para renunciar] direcionada para ele [Wagner Pires de Sá], eu não posso responder por ele. Como eu gostaria que ele não vinculasse a renúncia dele ao meu nome. Ele nunca me consultou para nada dentro do Cruzeiro. Por que, agora, quando ele está caindo do penhasco, ele só vai se eu for junto? Ele que tome as decisões dele", acrescentou.

Além disso, Granata disse ter a solução para o Cruzeiro, rebaixado para a Série B do Campeonato Brasileiro em 2019.

"Eu gostaria de respeitar a hierarquia e a linha sucessória. Eu sou o segundo vice, ele está jogando para cima de mim o motivo de não renunciar, mas ele tem que falar por ele. Ele tem que falar se ele renuncia ou não, não é ficar esperando a minha renúncia. A casa começa a ser construída pelo alicerce, pela base. Por que ele está indo para o segundo da linha sucessória? Ele continua, vai morrer abraçado ou renuncia? A resposta é muito pessoal dele. Ele tem que levar em consideração que o clube precisa ser saneado para ser reconstruído. Ele não tem condições de fazer o processo de reestruturação. Se me deixarem trabalhar, eu tenho a solução para o Cruzeiro", comentou.

Além da forte pressão externa, dos torcedores, outro motivo para Granata mudar de ideia e aceitar sair do Cruzeiro foi a falta de apoio de figuras importantes para o clube. Se a renúncia do trio for oficializada, o Cruzeiro passará a ser administrado por um Conselho Gestor, formado também por empresários parceiros do clube, como Pedro Lourenço, dos Supermercados BH, e Emílio Brandi, do Grupo Nova Safra. Contudo, nenhum deles estaria disposto a ajudar a entidade se a principal estrutura do poder se mantiver.

"O Cruzeiro passa por alguns caminhos, sanear, pacificar, reconstruir, reestruturar, profissionalizar e enxugar ao máximo. O primeiro passo é a faxina, resgatar a imagem e contar com empresários cruzeirenses que se apresentam como solução. Eles são muito bem-vindos. Todo empresário que tem interesse em ajudar o Cruzeiro não pode ter vínculo com ex-dirigentes que estão saindo", disse Granata, que contava com o apoio desse empresários, mas que já esboçava uma renúncia caso não obtivesse apoio.

Confira, abaixo, outros relevantes temas abordados por Ronaldo Granata na entrevista ao UOL Esporte:

RUPTURA COM A ATUAL GESTÃO

"Foi a montagem do grupo de gestão dele, da diretoria dele, e o não cumprimento das promessas de campanha. O rumo que ele deu para o Cruzeiro logo no início da gestão. Eu combati ele o tempo inteiro por causa dessa arrancada. Fui alertar a todos sobre o risco dessas decisões dele para a instituição. Isso tudo que alertei veio a se confirmar agora, infelizmente. Queria estar errado, enganado da minha previsão, mas era uma tragédia anunciada."

MOTIVOS DESSA RUPTURA

"A nomeação da equipe de trabalho, os gastos. Ele falava que estava pegando uma herança maldita da administração passada e não fez nem um planejamento financeiro, não fez corte de gastos, pelo contrário, só aumentou. O cabide de emprego que foi transformado o Cruzeiro e os salários totalmente fora da realidade do clube e do mercado. O Cruzeiro paga, hoje, três vezes mais que o mercado paga para qualquer diretoria. Isso é público. Nessas denúncias que foram feitas, havia diretor que recebia três vezes mais que na iniciativa privada. Ele não teve peito para diminuir os gastos. O Cruzeiro precisa de um choque de gestão, profissionalismo e uma faxina, tirando todas as pessoas vinculadas às gestões viciadas. São sanguessugas que estão lá por indicação, não por mérito e capacidade."

Cruzeiro