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Dedé nega complô contra Ceni e cobra "profissionalismo" de Thiago Neves

Dedé comentou sobre polêmica envolvendo comentário nos vestiários que antecedeu saída de Rogério Ceni - Bruno Haddad/Cruzeiro
Dedé comentou sobre polêmica envolvendo comentário nos vestiários que antecedeu saída de Rogério Ceni Imagem: Bruno Haddad/Cruzeiro

Enrico Bruno

Do UOL, em Belo Horizonte

27/09/2019 16h05

Um dia após a demissão do técnico Rogério Ceni do Cruzeiro, o zagueiro Dedé pediu para fazer um pronunciamento antes da reapresentação dos jogadores na Toca da Raposa nesta sexta (27). Envolvido em uma polêmica no vestiário do Castelão que precipitou a queda de Ceni, o defensor afirma que ele e mesmo sua mulher têm sido assediados em redes sociais. Por isso, procurou esclarecer alguns fatos da duradoura crise cruzeirense.

Na quarta (25), o Cruzeiro empatou em 0 a 0 com o Ceará, no Castelão. Não era o pior dos resultados, mas, no contexto vivido pelo clube, o desempenho gerou insatisfação interna. Ceni teria novamente manifestado reprovação no vestiário e, a partir daí, sido interpelado por Dedé por sua decisão de não escalar o meia Thiago Neves. Maurício ocupou a vaga do badalado atleta no time titular.

O zagueiro admitiu ter falado com o ex-treinador da equipe, mas que seu discurso não teria se limitado ao técnico e que também, em tom de cobrança, teria se dirigido a Thiago Neves. Para completar, negou a formação de um complô e "panelinhas" no elenco para derrubar o treinador.

"Depois do jogo do Ceará, tocou no meu coração, e com toda simplicidade, eu pedi a voz para falar no vestiário. Cheguei no Rogério, mas não cobrei nem critiquei em momento algum. Eu simplesmente pedi ao Rogério que o nosso grupo precisaria de todos no elenco. Naquele momento, eu falei que o Thiago Neves, o Sassá e o Edilson são importantes para nós, e que não ficassem de lado porque são decisivos, tiveram histórias decisivas no clube", disse.

Os três jogadores citados por Dedé foram nomes de salário oneroso para o Cruzeiro que perderam espaço significativo com Ceni. O treinador acreditava que não estavam aptos a cumprir com o que idealizava para a equipe.

"Disse que eles [jogadores e Rogério Ceni] não precisariam ser amigos, mas que fossem profissionais e respeitassem um ao outro. Da mesma forma que falei isso para o Rogério, falei para o Thiago: pedi profissionalismo da parte dele. Quando estava falando com o Thiago, o Rogério saiu. Não quero me fazer de vítima, mas foi o que aconteceu. Fiz isso pensando 100% no Cruzeiro. A gente precisa de todo mundo. Não pedi para ele colocar o Thiago, não cobrei. Eu cobrei profissionalismo do próprio Thiago na frente do grupo, como também cobro nos bastidores", prosseguiu.

"O Rogério saiu, e ali eu acho que ele poderia dar uma resposta, falando: 'Dedé, eu te entendo' ou 'Dedé, não irei fazer isso'. Mas não tivemos essa resposta e foi quando nosso grupo sentiu."

Nesse momento, o zagueiro se mostrou emocionado e mencionou os ataques ele e familiares têm sofrido desde que sua intervenção no vestiário veio à tona. "Nunca tentaria atrapalhar a vida de qualquer pessoa. O torcedor pode achar que estou inventando, mas nunca fiz média em quase sete anos aqui. Estão atacando minha esposa, isso mexe muito comigo. Pedi esse pronunciamento em forma de defesa. Minha preocupação é com o torcedor do Cruzeiro. Tenho muito orgulho do que faço. Mas o torcedor está acreditando muito no que falam", acrescentou. "Fico emocionado, falar de caráter é um peso grande para uma pessoa. Se alguém me chamar de mau-caráter, vou apurar a fundo tudo que fiz para ela me chamar assim."

Dedé ainda negou que o grupo do Cruzeiro esteja rachado ou que tenha havido um complô de grupos de jogadores para derrubar o treinador. "O Thiago está trabalhando do jeito dele, mas não tenho nada a ver com isso. Nenhum deles fez esquema do jeito que estão falando. Nunca tivemos grupinhos de jogadores", disse, antes de encerrar seu pronunciamento:

Após o desentendimento nos vestiários do Castelão, a diretoria do Cruzeiro conversou com o técnico Rogério Ceni e sugeriu que o treinador pedisse demissão, o que não aconteceu. No dia seguinte, a delegação celeste desembarcou em Belo Horizonte e o treinador foi direto para a Toca da Raposa se reunir com os dirigentes. Lá, eles decidiram em desligar Ceni da sua função.

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