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Copa do Mundo Feminina - 2019

Goleira jamaicana encanta Galvão e goleira brasileira: "Ganhará o mundo"

Sydney Schneider, goleira da Jamaica - Vanessa Carvalho/Brazil Photo Press/Folhapress
Sydney Schneider, goleira da Jamaica Imagem: Vanessa Carvalho/Brazil Photo Press/Folhapress

Ana Carolina Silva

Do UOL, em Grenoble (França)

10/06/2019 04h00

Quando o pênalti cobrado por Andressa Alves ontem (9) parou nas luvas de Sydney Schneider, o narrador Galvão Bueno, na primeira transmissão de futebol feminino da Globo, chamou atenção para a goleira da Jamaica. É bem verdade que a seleção brasileira levou a melhor por 3 a 0 no Stade des Alpes, em Grenoble, mas Galvão e até mesmo as vencedoras da partida saíram impressionadas com a arqueira de 19 anos.

Camisa 1 do time brasileiro, Bárbara se mostrou encantada com a novata. "É até surpreendente. Caramba, 19 anos! Eu acho que estava com essa idade quando disputei a minha primeira Copa. Faz um pouquinho de tempo! [risos] Mas, cara, se ela tem 19 anos agora, então ela tem muito para crescer, tem muito para trabalhar ainda. (...) Se ela tiver um preparador de goleiro muito bom para trabalhar, ela vai ganhar o mundo. Ela vai se destacar muito, porque é muito nova e tem uma estatura muito boa", disse a brasileira, que, de fato, tinha 19 anos quando jogou a Copa de 2007.

Bárbara não hesita antes de dizer que suas companheiras de equipe pararam em Sydney muitas vezes e perderam oportunidades de marcar. "Ela foi muito bem. Os gols que a gente fez foram de bola parada, e os três gols não foram culpa dela. Ela realmente tirou algumas bolas ali, tem muito caminho para crescer. E eu acredito que ela ainda pode crescer dentro da competição", afirmou a goleira.

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Sydney Schneider defende pênalti batido por Andressa Alves
Imagem: REUTERS/Emmanuel Foudrot

A nação caribenha, porém, não foi surpreendida pelo sucesso de sua arqueira. O UOL Esporte conversou com o repórter jamaicano Andre Lowe, do jornal "The Gleaner". Ele disse que seu país já tinha conhecimento do potencial de Sydney há alguns anos, e deu um sorriso ao ouvir que a atuação dela levantou tanta curiosidade no Brasil.

Lowe usou a palavra "descontraída" para descrever a personalidade da jovem atleta. Seu estilo, porém, é considerado tranquilo demais e o treinador jamaicano, Hue Menzies, tem cobrado que se torne mais comunicativa e grite instruções para sua zaga com mais firmeza. Mesmo assim, ele a elogia muito.

"É uma goleira muito boa, esperta e que estuda muito. Tem 19 anos e ainda é universitária, mas é o futuro da seleção da Jamaica", disse Hue Menzies à imprensa.

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Bárbara, goleira da seleção brasileira
Imagem: divulgação/CBF

Curiosamente, a jamaicana não nasceu na Jamaica. Sydney é dos Estados Unidos, mas seus avôs são caribenhos. Escolhida para falar com a imprensa ao lado do técnico Hue Menzies, ela se mostrou consciente sobre o que fez de bom em campo - e igualmente sobre o que não conseguiu evitar. "Acredito que fiz algumas boas defesas, mas sofri três gols. Eu queria ter ajudado mais o meu time", lamentou.

"Nós temos de aproveitar as lições que tivemos contra o Brasil e aplicá-las ao nosso próximo jogo [contra a Itália, no dia 14 de junho]. Esse foi o nosso primeiro confronto em um grande torneio e, agora que isso ficou para trás, o nervosismo também deve ficar", completou Sydney.

"Muitas pessoas, uma só goleira"

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Sydney Schneider, goleira da Jamaica, sai para impedir finalização de Debinha
Imagem: Emmanuel Foudrot/Reuters

Sydney foi "descoberta" por Lorne Donaldson, então auxiliar técnico da seleção da Jamaica. A história foi contada pelo site "The Undefeated", administrado pela ESPN americana: Donaldson, que é negro, perguntou a Greg Wieboldt, treinador de um time sub-15 de Nova Jérsei, se havia ali alguma jogadora jamaicana que ele poderia observar para as seleções de base do país. "Sim, tem a minha goleira. Ali está ela", disse o amigo, apontando para duas arqueiras que treinavam juntas. Uma negra, uma branca.

Donaldson caminhou até a atleta negra. "Eu disse a ela: 'Oi, eu soube que você é da Jamaica, ou que vem de família jamaicana'. Ela me olhou como se eu tivesse 10 cabeças. Voltei até o Greg e questionei: 'Você não disse que a goleira era jamaicana?', e ele me avisou que eu tinha falado com a goleira errada. A jamaicana era a Sydney. Foi um erro honesto. Nós sempre rimos bastante disso", divertiu-se o auxiliar.

Segundo ele, a história diz muito sobre o povo jamaicano. "Apesar de termos muitos tons de pele e diferentes aspectos na nossa cultura, o lema da Jamaica ainda é, afinal de contas, 'muitas pessoas, um só povo'. Foi engraçado", completou Donaldson.

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