Volante revê amigo de infância no Inter e brinca com críticas sobre peso
Operário, Olaria, uma lista de times menores, problemas de adaptação na Turquia, Goiás e Sport. Patrick, de 25 anos, concorda que o ápice de sua carreira é hoje, no Inter. Em entrevista exclusiva ao UOL Esporte, o volante (meia e também lateral-esquerdo) sorriu com a coincidência de ser, pela primeira vez, companheiro de time de um colega de escola na infância, Wellington Silva. E usou o mesmo bom humor para falar sobre as críticas que recebeu logo na chegada, referentes a seu peso.
"Eu até postei uma foto (confira abaixo). Levei mais pelo lado extrovertido. Me surpreendi, é a primeira vez que ouvi que estou gordo numa volta de férias (risos)", disse sobre as críticas logo na chegada. "Mas passou, mostrei dentro de campo", completou.
A contratação de Patrick é eleita, nos bastidores do Inter, como exemplo de acerto. Ele se firmou como titular na extrema esquerda, mas também já atuou como volante ou até lateral. É opção em todas as funções.
E tudo começou no futsal do Rio de Janeiro, e em duelos quando ainda era colega de Wellington Silva no colégio Percepção, em Irajá, no Rio de Janeiro. "Éramos amigos, estudávamos juntos, e hoje jogamos no mesmo time", brincou.
Início de carreira
Eu sempre gostei de futebol. Comecei no Olaria, na região onde eu nasci. Comecei a jogar no futsal, depois de uma certa idade fui para o campo. As chances começaram a aparecer, fiz teste em alguns clubes, daí joguei no Operário, do Paraná, Sub-18, me torneio profissional. Passei pelo Marcílio Dias, o Comercial, fiquei um ano na Turquia, joguei no Caxias, depois Goiás, Sport e estou no Inter.
Falta de adaptação na Turquia
Foram seis meses, não joguei, foi pouco. Tive um problema de adaptação, não tive oportunidade de jogar. Quando chegou no final do ano, de 2014, tive a chance de vir para o Brasil quando o Paulo Turra (ex-zagueiro, treinador e atualmente auxiliar técnico de Felipão) me chamou para jogar no Caxias. Voltei, precisava jogar, mudar o cenário, estava um pouco sumido.
Fiz um bom Gauchão em 2015, apesar do time não ter ido bem. Quando cheguei na Turquia eu vinha parado e eles com pré-temporada em andamento. Não consegui terminar os treinos e começou o campeonato, resolver não me inscrever. Além disso não tinha vaga de estrangeiros.
Fiquei lá mais para me preparar para o final, no meio da temporada teve a chance de eu entrar no grupo, já estava melhor fisicamente, entendendo mais a forma de jogar. Mas preferi não continuar porque passei um período ruim lá, voltei ao Brasil. Daí no Caxias eu fui treinado pelo Hélio dos Anjos, que depois me levou para o Goiás.
Voltar para Europa ainda é um sonho?
Com certeza. O objetivo é fazer um bom trabalho no Inter e, se tiver chance de jogar na Europa, ainda tenho esse sonho vivo em mim. Hoje sou mais experiente, tenho uma cabeça totalmente diferente. As coisas podem ser diferentes lá, no futuro, se isso acontecer.
Wellington Silva: amigo de infância, colega e rival.
A gente estudou no Percepção, em Irajá, na zona norte do Rio. Era um colégio que tinha muitos atletas, jogadores de futsal, de campo, de clubes do Rio. A gente se conheceu lá, fizemos uma grande amizade. Hoje, depois de todo esse tempo, mais de oito anos, nos reencontramos para jogar junto.
No ano que ele foi vendido para o Arsenal, estudávamos junto, era 2010. Éramos amigos, foi muito bom para ele. Antes ele era do Fluminense e eu do Olaria. Acho que ele ganhou muito mais do que eu (nos duelos entre eles). Na verdade, ele ganhou todas. Sempre foi diferenciado (risos).
Durante as férias, nos encontramos em Búzios (litoral do Rio de Janeiro) no ano novo. Ele tinha acabado de acertar com o Inter e ninguém sabia. Falei com ele lá... Ele me contou que tinha acabado de chegar de Porto Alegre e acertado com Inter. Dei os parabéns e falei que a gente ia trabalhar junto. Ele não entendeu... Eu expliquei. Nos apresentamos juntos e até hoje temos essa parceria.
Inter: o maior desafio da carreira
É um momento novo na minha carreira, jogar no maior clube que já defendi. Chega a dar um friozinho na barriga, uma responsabilidade, medo de não se adaptar. Mas cheguei acreditando no meu trabalho, sempre. Primeiro preferi entender o ambiente e depois mostrar minha personalidade. Aos poucos conheci o pessoal e fui mostrando meu lado.
Jogador que vale por três
Estou adaptado e muito feliz. É bom para o treinador porque ele tem opções. Em algumas partidas comecei jogando pelo lado, terminei de volante. Ele tem alternativas para que possa fazer as mudanças boas para o time. Acho que o Patrick vale por um. Mas pretendo mesmo é fazer um bem feito para ajudar os outros e o time.
Chegada em momento conturbado no Inter
É um momento delicado. Você chega no clube que está passando por uma situação dessas (volta da Série B). Se o clube não for bem, você vai mal junto com o clube. Então, eu sempre fui um cara movido a desafios. O Inter é um desafio muito grande na minha carreira. Independente de tudo que passou, está voltando para elite, para a briga por coisas grandes no cenário nacional. A visibilidade e a força do Inter são gigantes. Sou movido a desafio e coloquei isso na minha cabeça. Iria entrar no projeto do Inter, dar meu melhor para que o Inter voltasse a seu lugar que é conquistando títulos.
Temos como objetivo fazer uma excelente Copa do Brasil, buscar o título. Se a gente não conseguir ser campeão brasileiro, ao menos pegar uma vaga na Libertadores, porque hoje a chance é maior e o clube tem que estar dentro dessa competição, ter esta oportunidade.
Forte ou gordinho? As críticas na chegada
Eu digo que tenho uma genética boa. Corro os 90 minutos, tenho um biótipo bom, uso o corpo, não sou lento. Quando o cara é mais pesado, dizem que é lento. Eu tenho velocidade, força, muitos lances eu consigo é levar na força. Cheguei um pouco acima do peso, é normal, estava de férias. Não vou fazer duas pré-temporadas, uma nas férias e outra quando voltar. Não iria ficar treinando nas férias. Fiquei com a família, me diverti, cheguei acima do peso, é natural. Cheguei no Inter, entrei no peso e hoje vocês estão vendo aí o 'gordinho' (alusão aos comentários quando chegou ao Inter).
É a primeira vez que se fala isso, que eu estou gordo, que me chamam de gordo quando eu voltei de férias. Mas levei no lado extrovertido. Até brinquei e postei uma foto do meu último dia de férias (no Instagram/Twitter) para quem estava me chamando de gordo. A melhor resposta é dentro de campo. Entrei no peso e hoje tenho feito um bom trabalho, uma boa performance física no campo.
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