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Justiça quebra sigilo bancário da Federação Paraibana. Presidente contesta

Amadeu Rodrigues, presidente da Federação Paraibana de Futebol - Divulgação/Federação Paraibana de Futebol
Amadeu Rodrigues, presidente da Federação Paraibana de Futebol Imagem: Divulgação/Federação Paraibana de Futebol

Marcello De Vico

Do UOL, em Santos (SP)

28/03/2018 22h07

A juíza Carla Mendes Nunes Galdino, da 4ª Vara de Justiça Criminal do Tribunal de Justiça da Paraíba, determinou a quebra do sigilo bancário da Federação Paraibana de Futebol (FPF). O Ministério Público da Paraíba acusa o presidente da Federação, Amadeu Rodrigues, de supostos desvios de recursos da entidade e improbidade administrativa – pela falta de prestação de contas entre 2015 e 2017.

A denúncia foi feita pelo vice-presidente da Federação Paraibana de Futebol, Nosman Barreiro, que há anos vive um conflito administrativo com Amadeu.

Decisão da quebra de sigilo bancário da Federação Paraibana de Futebol - Reprodução - Reprodução
Imagem: Reprodução
“Nós confiamos e acreditamos no Judiciário paraibano. As irregularidades são muitas. Teve até alteração no estatuto. A investigação ao final vai provar as irregularidades que o vice-presidente alega. Essa quebra do sigilo é mais uma decisão que prova os indícios das suspeitas de irregularidades dentro da Federação”, disse Diego Lima, advogado de Nosman, ao UOL Esporte.

A decisão da Justiça foi tomada no início do mês de março, mas divulgada apenas nesta quarta-feira (28). Em entrevista ao UOL Esporte, a defesa de Amadeu Rodrigues alegou ter tido conhecimento do processo apenas através da imprensa e informou que, já na noite desta quarta-feira (28), apresentou cópia de todos os extratos bancários das contas vinculadas à FPF.

“Nós não tínhamos conhecimento desse processo. Nunca tivemos conhecimento que o vice-presidente, que está em rota de colisão política com o presidente Amadeu Rodrigues, tinha entrado com uma medida cautelar junto à Justiça pedindo a cópia dos documentos. Esses documentos já tinham sido entregues na secretaria da Federação”, disse o advogado Marcos Souto Maior Filho, que em seguida comentou sobre a abertura espontânea dos sigilos.

“A prestação de contas foi aprovada, está publicada no site da CBF. A gente confia na Justiça e tem que certeza que o vice-presidente, no intuito eminentemente eleitoreiro, enganou a Justiça dizendo que não haviam sido prestadas as contas. As contas foram prestadas e nós, quando tomamos ciência pela imprensa, já preparamos a petição juntando 100% dos extratos bancários das contas vinculadas à Federação. E Amadeu Rodrigues abriu seu sigilo bancário, telefônico e fiscal. A Justiça está liberada para investigar a vida dele”, acrescentou o advogado.

De acordo com Marcos Souto, a acusação está ligada a questões políticas. “O Nosman quer ser candidato a deputado estadual e, como não tem base política, está usando a Federação como palanque, então fica criando fatos”, finalizou.

Defesa do presidente da Federação Paraibana de Futebol (FPF), Amadeu Rodrigues, após quebra do sigilo bancário da Federação - Reprodução - Reprodução
Imagem: Reprodução

Episódio lamentável no ano passado

No ano passado, um episódio de contornos lamentáveis tomou conta da FPF. O vice-presidente da Federação, Nosman Barreiro, tentou tomar posse da entidade durante uma viagem à França do presidente Amadeu Rodrigues. Ele aproveitou a oportunidade para invadir a sede da entidade com ajuda de um chaveiro, acompanhado de seguranças e advogados.

Houve bate-boca entre os aliados de Rodrigues e Barreiro, e o presidente interino chamou a Polícia. O ensaio de "golpe” ainda foi além. Enquanto o vice se preparava para dar uma coletiva intitulando-se novo mandatário, uma aliada sua removeu uma estátua de Nossa Senhora Aparecida da mesa da presidência, proferindo palavras de injúria racial e intolerância religiosa.

Nosman Barreiro, vice-presidente da Federação Paraibana de Futebol - Raniery Soares/Correio da Paraíba - Raniery Soares/Correio da Paraíba
Nosman Barreiro, vice-presidente da Federação Paraibana de Futebol
Imagem: Raniery Soares/Correio da Paraíba