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Lateral Zeca entra na Justiça e pede para rescindir contrato com o Santos

Zeca não apareceu para treinar nos últimos dois dias  - Ale Cabral/AGIF
Zeca não apareceu para treinar nos últimos dois dias Imagem: Ale Cabral/AGIF

José Eduardo Martins e Samir Carvalho

Do UOL, em Santos (SP)

26/10/2017 22h42

O lateral esquerdo Zeca entrou na Justiça para pedir sua rescisão contratual com o Santos. O clube paulista foi notificado nesta quinta-feira (26) da ação e informou que o pedido do atleta foi negado pelo juiz.

Na ação, Zeca alega que o clube atrasou pagamentos de seu FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) e diz também que não se sentiu apoiado pelo Santos no episódio em que torcedores tentaram agredir a ele e ao meia Lucas Lima, na semana passada, no desembarque do elenco após partida contra o Sport em Recife.

Segundo dirigentes do Santos, o FGTS e os salários dos jogadores estão em dia.

Zeca não apareceu para treinar nos últimos dois dias. Após o elenco receber folga do técnico Levir Culpi na segunda-feira (23) e na terça (24), o jogador faltou às atividades de quarta (25) e quinta (26). O clube afirmou que o atleta foi liberado para resolver problemas pessoais na quarta, mas não soube explicar o motivo de sua ausência no dia seguinte.

A diretoria santista foi avisada de que o jogador está em Londrina, no Paraná, mas espera sua volta aos treinamentos nesta sexta (27).

O lateral esquerdo de 23 anos tem contrato com o Santos até 31 de dezembro de 2020. Revelado na própria Vila Belmiro, Zeca já defendeu o time alvinegro em 141 jogos e marcou quatro gols.

Em nota oficial, a assessoria de imprensa de Zeca confirmou que o descontentamento do jogador se refere aos atrasos nos vencimentos, além das ameaças dos torcedores. O lateral, inclusive, alega que teme por sua integridade física.

Confira a nota oficial de Zeca na íntegra:

Não é de hoje que Zeca vem atuando pelo Santos sem que o clube cumpra com o que lhe foi prometido. Pela lei, há um mês o jogador já poderia ter deixado de participar das partidas, mas isso jamais passou pela sua cabeça, mesmo quando se iniciou a perseguição por parte da torcida contra ele. Seus colegas de grupo e comandantes da comissão técnica são testemunhas do comprometimento, seriedade e dedicação do atleta, sempre disposto a ajudar e contribuir no objetivo comum de trazer alegrias à torcida.

Apesar de os compromissos do Santos estarem em atraso, Zeca sempre cumpriu, e vem cumprindo, fielmente, todas as suas obrigações. Relembrando que, pela lei, repita-se, ele já poderia ter se recusado a competir há algum tempo.

Ultimamente, porém, a situação se tornou insustentável. Até o presente momento, Zeca vinha aguentando xingamentos e pressões externas, fatos que, infelizmente, acontecem com muitos jogadores de futebol. Nos últimos dias, entretanto, a situação se agravou e ele passou a ser constantemente ameaçado em suas redes sociais, chegando ao cúmulo de ter sido, covardemente, agredido fisicamente no retorno da delegação de Recife a São Paulo, após ao jogo contra o Sport. As imagens e os relatos falam por si só e estão disponíveis para quem quiser ver.

Zeca sabe que escolheu uma profissão sujeita à pressão, contudo, tudo tem limite e o dele foi atingido. Para se ter ideia, ao ver as imagens da agressão pela televisão, sua mãe ligou chorando, temendo pela saúde do filho. Antes de analisar o jogador de futebol, é preciso enxergar o lado do ser humano. E ninguém tem tranquilidade para trabalhar com as ameaças que o atleta vem sofrendo diariamente.

Hoje, o jogador teme por sua integridade física, não está com cabeça para treinar e, por isso, viajou ao interior para amparar sua mãe e familiares, que se encontram extremamente abalados com a situação.

Sendo assim, Zeca resolveu procurar seus direitos na Justiça e está seguro de sua decisão.

O jogador deixa um forte abraço aos irmãos do elenco santista (sua segunda família), aos comandantes da comissão técnica e aos torcedores que incentivam quando têm que incentivar, cobram quando têm que cobrar, vaiam quando entendem que o atleta merece, mas não partem para agressões covardes e ameaças repugnantes