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Raí alerta para "conselheiros executivos" no SP e não quer cargo no futebol

Raí é um dos membros independentes do conselho de administração do São Paulo - Divulgação/Rubens Chiri
Raí é um dos membros independentes do conselho de administração do São Paulo Imagem: Divulgação/Rubens Chiri

Bruno Grossi

Do UOL, em São Paulo (SP)

25/09/2017 11h13

Um dos maiores ídolos da história do São Paulo e agora figura presente na política do clube. O ex-jogador Raí participa do conselho de administração do Tricolor desde maio e já consegue ter um diagnóstico sobre o conturbado momento encarado pelos são-paulinos. Erros acumulados nos últimos anos deixam o clube mais uma vez lutando contra o rebaixamento no Campeonato Brasileiro, mas Raí pede que a torcida confie no trabalho da atual diretoria e, principalmente, nos rumos propostos pelo novo estatuto.

"Um clube como o São Paulo, para chegar em uma situação como essa, não acontece de uma hora para a outra. Cabe agora pensar na urgência desses últimos meses, mas no fim do ano temos que brigar por uma reavaliação, saber onde melhoramos e onde erramos. Essa mudança começou em maio e não pode parar. Vão acontecer e espero que sempre no bom sentindo, aprendendo com os erros", disse, em entrevista ao UOL Esporte, durante o Seminário Nacional do Esporte na semana passada.

O craque, porém, lembra que é preciso seguir as novas normas à risca para que o desenvolvimento se consolide. Essa ressalva envolve uma crítica recorrente à gestão de Carlos Augusto de Barros e Silva iniciada em abril deste ano, a primeira sob o regimento do estatuto aprovado em dezembro de 2016. Leco poderia contratar de três a nove executivos para ocupar diretorias estratégicas, com a exigência de que fossem profissionais de reconhecido trabalho em suas áreas. Nesses moldes, o diretor-executivo de comunicação e marketing, Márcio Aith, é o único que se enquadra perfeitamente: foi prospectado no mercado após uma carreira elogiada na política.

Quem também o São Paulo buscou, teoricamente, no mercado foi Vinicius Pinotti. Antes, fazia trabalho voluntário como diretor de marketing. Agora, deixou suas atribuições na empresa em que é sócio para ser exclusivamente o diretor-executivo de futebol do Tricolor. Os questionamentos o atingem quanto à "reconhecida experiência" na área. Por fim, há os casos que levantam as maiores críticas por suposto desrespeito ao estatuto: os de membros do conselho deliberativo que se licenciaram do órgão e passaram a ser remunerados como executivos [Rodrigo Gaspar na diretoria administrativa e Elias Albarello, na financeira]. Nos dois casos, apesar de serem conselheiros, as figuras têm carreiras profissionais exatamente nas áreas que agora administram no clube.

Conselho de Administração do São Paulo - Divulgação/São Paulo - Divulgação/São Paulo
Conselho de Administração do São Paulo faz reuniões mensais no Morumbi
Imagem: Divulgação/São Paulo

"É algo natural essa transição. Na diretoria, a tendência é que a profissionalização aconteça com o tempo. Agora mesmo já há perfis que correspondem a isso. Mas é natural que, em um clube que viveu tantas décadas em um tipo de funcionamento, haja um eríodo de adaptação. Começou em maio e isso já é algo discutido internamente. Não tenho dúvidas de que a evolução será constante. Até porque o estatuto obriga o clube a seguir esse caminho", alertou Raí.

O ídolo ainda explicou como tem sido o trabalho do conselho de administração para ajudar e fiscalizar a gestão de Leco. O órgão possui nove membros: o próprio presidente e o vice geral Roberto Natel, os eleitos Julio Casares, Adilson Martins e Silvio Médici, os membros independentes Raí, Julio Conejero e Saulo de Castro Abreu e o ex-presidente José Eduardo Mesquita Pimenta, indicado pelo conselho consultivo.

"O conselho de administração é algo novo no futebol e primeiro vale valorizar a iniciativa do clube em criar o novo estatuto, um dos mais modernos do futebol brasileiro e que prepara o clube para uma profissionalização. Foi um passo à frente, mas que está começando. O CA é um órgão estratégico, que acompanha e fiscaliza os diretores, mas que também ajuda a pensar no clube de médio a longo prazo. Está sendo algo muito rico, até pelo envolvimento dos membros, da diretoria executiva, do presidente. Essa troca de visões e essa união trazem bastante ganho" exaltou.

Sem cargo no futebol

Raí já foi cotado e pedido diversas vezes como nome ideal para estar à frente do departamento de futebol. Seja ao lado de um diretor-executivo como Vinicius Pinotti ou no comando da comissão técnica, para ser mais próximo aos jogadores. O ex-jogador, formado em mestrado executivo da Uefa, sabe a torcida também gostaria de vê-lo, mas avisa que essa é uma realidade distante. Presidente da Fundação Gol de Letra e da Atletas pelo Brasil, além de empresário com a Raí+Velasco, o ídolo tenta ajudar o futebol são-paulino integrando um grupo de estudos.

"Por enquanto, não. Essa maneira (conselho de administração)) é como eu posso contribuir bastante diretamente e é como cabe nos meus projetos. Fiz um mestrado fora do país no ano passado, tenho mais vários outros projetos. O que eu faço já é de grande responsabilidade e, pelo momento, também não é algo que me interesse, que eu vá estar disponível. Sigo no conselho de administração e no grupo de estudos sobre alternativas para o futebol e reorganização do clube. Posso contribuir e aprender bastante assim", finalizou.