Vexame contra rival de Série C expõe problemas e abre crise no SP
Contra o Internacional, no último domingo (21), o que se viu foi um São Paulo sem poder de fogo, dominado e com falhas defensivas, mas que conseguiu arrancar um empate fora de casa. Nesta quarta (24), contra o Juventude, o time conseguiu manter a posse de bola, mas só. Os mesmos problemas voltaram a aparecer e o resultado foi muito pior: derrota em pleno Morumbi para o Juventude, time que está na Série C do Brasileiro.
Se não elimina o clube paulista da Copa do Brasil, o resultado escancara uma série de problemas no time, aumenta exponencialmente a pressão sobre diretoria, comissão técnica e jogadores, e dá os primeiros sinais de que, se as coisas não melhorarem rápido, o segundo semestre pode passar longe das conversas sobre título e G4 adotadas no CT da Barra Funda até o momento.
Espaço nas laterais, falhas defensivas e saída de peça importante
Contra o Internacional, a defesa são-paulina escapou de sofrer a virada contra o Inter graças ao pênalti perdido por Valdivia. Nesta quarta, não teve a mesma sorte: em apenas quatro finalizações certas, o Juventude marcou duas vezes – uma de pênalti, outra cortando a zaga adversária com extrema facilidade.
Espaços na defesa foram parte do motivo que levou Ricardo Gomes a trocar os laterais Buffarini e Mena por Bruno e Carlinhos entre domingo e quarta – o argentino havia perdido uma bola pelo alto em lance que resultou em gol, além de ter cometido um pênalti contra o Inter.
Pouca coisa mudou: o lance do primeiro gol do Juventude saiu em jogada de velocidade pela direita, setor de Bruno. Já Carlinhos participava da marcação dentro da área.
Exposta, a defesa sofreu sustos. Para piorar, Ricardo Gomes deve perder definitivamente Rodrigo Caio nos próximos dias – liberado pela diretoria para viajar e obter passaporte europeu, o zagueiro é alvo de diversos clubes e quer se transferir para a Europa.
Meio-campo não cria jogadas agudas e time abusa dos lançamentos
Ao contrário do que aconteceu contra o Internacional, o São Paulo dominou completamente a posse de bola contra o Juventude – 71%, contra 29%, segundo dados do site Footstats. De nada adiantou diante da incapacidade em criar chances claras de gol: 16 chutes, sendo só dois no alvo. A maioria das finalizações veio em situações difíceis e fora da área.
Com dificuldade na armação de jogadas, o time voltou a abusar das ligações diretas, com 43 lançamentos longos. O Juventude, que passou o jogo na defensiva e no contra-ataque, teve 36.
Com a saída de Paulo Henrique Ganso, o São Paulo apostou no peruano Cueva para suprir a ausência. Depois de um bom início, o reforço caiu de produção nos últimos três jogos. Além disso, é praticamente a única opção para a função – sem ele, que é regularmente convocado para defender o Peru, a alternativa com características similares é Daniel.
Ataque depende de gringo trombador
Dos últimos cinco gols do São Paulo, quatro foram marcados por Andres Chavez. Mal alimentado e com dificuldades para criar, o setor ofensivo são-paulino tem dependido muito do estilo “trombador” do argentino para marcar seus gols.
Dos gols, um saiu de um chute quase do meio de campo; dois pelo alto, na base da força e jogo aéreo; o outro em lance de oportunismo, dividindo bola na área com zagueiro. É dos seus pés que saem os lances de maior perigo – nesta quarta, fez um gol, além de acertar um bom chute cruzado e assustar em cobrança de falta.
Pressão interna e externa cria crise
O resultado e os problemas apresentados em campo geraram cobranças contundentes da pequena torcida presente no Morumbi. Os gritos tiveram como principal alvo a diretoria, com cantos contra Leco e o gerente executivo Gustavo de Oliveira. Alguns jogadores específicos também foram vaiados e criticados.
Internamente, o tom também foi de cobrança. Maicon, o principal líder a falar com imprensa, disse ao deixar o gramado que a “diretoria precisa intervir”. Na zona mista, diminuiu o tom, mas voltou a cobrar melhoras – a si mesmo e a todos no São Paulo.
"Nossa equipe não está conseguindo trocar três passes e a defesa fica exposta. Toda hora a bola chega ao nosso gol e uma acaba entrando. O São Paulo é time grande e está jogando como time pequeno. A gente viu um São Paulo muito inferior contra o Inter. Todos os jogadores têm que mostrar responsabilidade e vergonha na cara", afirmou o defensor.
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