Organizada do Corinthians é condenada por homofobia contra Emerson Sheik
A torcida organizada Camisa 12 terá que pagar uma multa por ofensas homofóbicas dirigidas ao ex-atacante do time Emerson Sheik, que em 2013 publicou uma foto dando um selinho em um amigo.
A organizada, que no dia seguinte levou ao centro de treinamento alvinegro faixas dizendo "Viado Não", "Vai beijar a PQP" e "Aqui é lugar de homem", foi condenada a pagar R$ 23,5 mil ao Estado. Marco Antonio de Paula Rodrigues, então presidente da torcida, que deu entrevistas defendendo os protestos e atacando Sheik, também terá de pagar R$ 23,5 mil.
A decisão tem caráter administrativo e tramitou dentro da secretaria de Justiça de São Paulo. Não cabe mais recurso. A punição baseou-se na lei estadual 10.948, de 2001, que pune atos ofensivos a homossexuais em São Paulo.
"Essa decisão é um marco e esperamos que possa suscitar o debate sobre a homofobia no futebol, um meio muito fechado e machista", disse o defensor público Bruno Baghim, que atuou como acusador no processo contra a Camisa 12.
Em 2013, após uma vitória do Corinthians no Brasileiro, Emerson Sheik postou a foto beijando o amigo Isaac Azar, com a seguinte legenda: "Tem que ser muito valente para celebrar a amizade sem medo do que os preconceituosos vão dizer."
Pressionado pela torcida, o jogador, hoje no Flamengo, chegou a pedir desculpas pela foto.
Mesmo que o próprio atacante não tenha levado a questão adiante, a secretaria de Justiça paulista recebeu denúncias de pessoas que se sentiram ofendidas pelos protestos da Camisa 12 e resolveu instaurar um processo. "Não importa se a pessoa alvo é ou não homossexual", disse o defensor Baghim. "É do interesse da sociedade que não haja homofobia e nós atuamos nesse sentido, também pensando no caráter educativo da punição."
Torcida vai apelar à Justiça contra multa
A Camisa 12, apesar de não poder mais recorrer na esfera administrativa, vai apelar à Justiça. Procurada pela reportagem, a organizada defendeu os protestos feito à época no caso do selinho, mas disse que hoje escolheria melhor as palavras usadas nas faixas.
"Hoje em dia esse negócio de homofobia está muito sério, mas não foi essa a nossa intenção", disse Geórgia Vilkas, da diretoria de comunicação da torcida. "A gente não achou certo ele fazer esse tipo de brincadeira, não aceita esse tipo de coisa. Mas não pensamos nas consequências. Hoje não faríamos as faixas com esses dizeres, escolheríamos melhor as palavras, justamente para não enfrentar processos como esse."
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