Orlando diz que dívida do São Paulo por Kaká aumenta diariamente R$ 35 mil
Do UOL, em São Paulo
11/08/2015 11h41
O presidente do Orlando City, Flávio Augusto, reiterou nesta terça-feira sua insatisfação com a diretoria do São Paulo, que não quitou a dívida referente ao empréstimo de Kaká. Em entrevista à ESPN Brasil, o dirigente clube norte-americano acrescenta que a dívida do time do Morumbi aumenta US$ 10 mil (quase R$ 35 mil) por dia, conforme estabelecido em acordo bilateral.
O Orlando entrou na Justiça brasileira contra o São Paulo cobrando mais de R$ 14 milhões.
“Existe multa de 10 mil dólares por dia [por descumprimento de contrato]. Esse valor vem sendo somado desde fevereiro, por conta que não foram prestadas essas coisas [informações de borderôs e outras prestações de contas]”.
Flávio Augusto diz que o Orlando pagou metade do salário de Kaká no período em que o atleta defendeu o São Paulo (segundo semestre de 2014).
“Não cobramos nenhum real para que o Kaká jogasse no São Paulo. E ele tinha o maior salário da Liga. Além disso, pagamos metade do salário para ele ir ao São Paulo. Faziam parte algumas cláusulas de contrapartida”, declarou.
“Nós respeitamos bastante a grandeza do São Paulo e seus torcedores. Entendemos que o problema é de gestão”.
Segundo Augusto, o São Paulo ofereceu encerrar a pendência oferecendo um valor considerado bem inferior ao pedido pelo clube dos EUA na Justiça. De acordo com o dirigente, o Orlando aceitou receber a quantia, mas mesmo assim o São Paulo não quitou.
“Foi difícil para o americano entender isso [postura do São Paulo]. Eles perguntam: ‘mas não está no contrato?’”.
Entenda a crise entre São Paulo x Orlando City
Orlando e São Paulo têm valores bem distantes quando o assunto é o tamanho da dívida. O clube dos EUA fala em R$ 15 milhões. O São Paulo, no entanto, questiona a multa de R$ 12,1 citada pelo clube norte-americano em ação publicada na quarta-feira e vê valor máximo de R$ 6 milhões (sendo R$ 3 milhões de dívida e mais R$ 3 milhões em correções).
A ação do Orlando City cobra do São Paulo o pagamento de R$ 1,7 milhão pela diferença média de renda de bilheteria no Morumbi entre os períodos pós-Kaká e pré-Kaká, valor acordado em contrato a ser repassado do clube brasileiro ao clube norte-americano. O Orlando anexou ao processo uma troca de e-mails entre seu CEO, Alexandre Leitão, e a diretoria são-paulina na qual o valor é aceito, mas alega não ter recebido os boletins oficiais de arrecadação de cada jogo.
No contrato de empréstimo de Kaká, assinado pela diretoria do São Paulo em julho de 2014, está escrito que o clube paulista tem de realizar prestação de contas sobre a renda de bilheteria e fazer o pagamento da diferença em janeiro de 2015. A prestação foi feita em fevereiro de 2015. O contrato também diz que a ausência da prestação de contas com "documentos idôneos" acarreta multa de US$ 10 mil por dia a partir da data inicial do contrato. No cálculo do Orlando, a multa hoje seria de R$ 12,1 milhões.
O São Paulo admite que o pagamento de R$ 1,7 milhão não foi feito. Entende que hoje, corrigido, o valor chega a R$ 3 milhões. Entende também, porém, que no Código Civil brasileiro há uma regra que impede que o valor da multa de um contrato seja maior que o valor do próprio contrato. Por isso, o São Paulo avalia que, uma vez que o valor corrigido a ser pago é R$ 3 milhões, a multa – se validada pela Justiça – é de no máximo R$ 3 milhões. Para o clube paulista, então, o valor máximo que o Orlando City pode conseguir com o processo é R$ 6 milhões.
O São Paulo usa a troca de e-mails com o CEO do Orlando City, Alexandre Leitão, como prova de que houve acordo por um valor e que apenas o pagamento, e não a prestação de contas, está atrasado.