Gilmar Rinaldi: Del Nero pode ver convocações para evitar muitos desfalques

Diretor de seleções, Gilmar Rinaldi afirma que há um procedimento nas convocações da seleção brasileira. A lista é formulada por Dunga e, antes de ser anunciada, passa pelo crivo do presidente da CBF, Marco Polo Del Nero. Ele acredita na lógica que Del Nero quer assegurar que a seleção não participe de amistosos totalmente desfalcada. Ex-treinador da seleção, Mano Menezes também falou sobre o tema ao UOL Esporte.
As declarações de Gilmar Rinaldi e o procedimento descrito vão ao encontro do que diz o contrato firmado entre a CBF e as empresas International Sports Events (ISE) e Pitch International, que exploram comercialmente a seleção brasileira. Reportagem publicada neste sábado por O Estado de S. Paulo mostra como o acordo assinado em 2012 permite aos dois grupos controlarem, de certa forma, as convocações.
"Muitas vezes, esse procedimento (de mostrar a convocação para o presidente) é para um amistoso que tenha e ele não quer que o time vá totalmente desfalcado. É uma proteção para que os melhores estejam sempre nos jogos. Por isso a gente faz questão de apresentar a lista antes, mas ele não nos pede para fazer mudanças", declarou Gilmar Rinaldi ao UOL Esporte.
O diretor de seleções declara, porém, que jamais foi informado sobre isso estar previsto no acordo comercial entre a CBF e as empresas. "Eu não sabia desse contrato. Nós temos liberdade de convocar quem quisermos. Fazemos questão de mostrar para o presidente. Sempre apresentamos a convocação para ele. Mas eu nunca vi nada ou tive conhecimento de nada dessa forma. (...) O presidente nunca influenciou em convocação", explica.
Mano Menezes diz que Ricardo Teixeira não influenciou nas convocações
Em viagem à Europa, Mano Menezes atendeu a reportagem para negar qualquer interferência por razões comerciais em seu período como treinador da seleção, entre 2010 e 2012.
O Estado de S. Paulo cita que convocação feita por ele para amistosos no Gabão e no Qatar, em 2011, poderia ter causado desconforto. Meses depois de uma lista de Mano que não possuía jogadores importantes, sobretudo Neymar, o contrato assinado com a ISE apresentou novidades. A principal delas é que a CBF poderia ser punida financeiramente se a seleção não jogasse com força máxima. Se a empresa assim entendesse, poderia cortar pela metade a bolsa de US$ 1,05 milhão que é paga por jogo à entidade.
"Nunca fui abordado sobre esse assunto pelo presidente Ricardo Teixeira no tempo em que estive como técnico da CBF. A confirmação disso pode ser verificada nas convocações. Nenhum técnico, nos últimos anos, levou tantos novos jogadores para a seleção brasileira", declarou Mano Menezes, que ao todo listou 85 jogadores em pouco mais de dois anos na CBF. O treinador crê que esse dado exemplifica a liberdade para que montasse as listas sem interferências.
Perguntado sobre como era o procedimento sob o comando de José Maria Marin, sucessor de Teixeira na CBF, Mano se lembrou que a interlocução com o presidente era feita por Andrés Sanchez, então diretor de seleções. "Nunca tratei nenhm assunto direto sobre futebol com Marin, já que tínhamos um diretor de seleções, que era o Andrés", explica.
À época, Marin chegou a dizer publicamente que olharia todas as convocações de Mano Menezes antes de serem divulgadas, procedimento que manteve com Luiz Felipe Scolari.
A reportagem entrou em contato com Andrés Sanchez, que preferiu não dar declarações.
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