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Argentinos chegam a Kazan para ver Messi, mas não sabem como vão embora

Torcedores argentinos estão em Kazan, mas não sabem como vão embora  - Marcel Rizzo/UOL
Torcedores argentinos estão em Kazan, mas não sabem como vão embora Imagem: Marcel Rizzo/UOL

Marcel Rizzo

Do UOL, em Kazan

29/06/2018 09h26

Nicolas e seus sete amigos não têm a mínima ideia como vão embora de Kazan após a partida entre Argentina e França, neste sábado (30), às 11h (de Brasília), pelas oitavas de final da Copa do Mundo. Na manhã desta sexta (29), tomavam café da manhã em um restaurante da cidade que receberá o primeiro jogo de mata-mata na Rússia. A mudança de rota argentina no Mundial, saindo em segundo, e não em primeiro, do Grupo D complicou a logística do time de Sampaoli, que terá de viajar mais, mas também dos torcedores que prepararam um roteiro que agora mudou todo.

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E não está fácil chegar em Kazan. A turma de Nicolas demorou quase 40 horas, partindo quarta-feira (27) de São Petersburgo, onde na terça a Argentina venceu a Nigéria por 2 a 1 e passou de fase, passando por Moscou, depois Nizhny Novgorod, até finalmente Kazan na manhã de sexta.

A situação está tão complicada que a companhia de trens aqui da Rússia abriu um trem extra Moscou-Kazan nesta sexta-feira. O motivo? O grande número de argentinos na estação Kazanskaya, de onde sai a linha para Kazan. Cerca de 300 torcedores ficaram no local esperando transporte e Fifa acabou intermediando uma solução com os russos.

Para Nicolas, foram três trens, o último trecho pago (cerca de R$ 80), já que não havia mais vaga nos vagões gratuitos oferecidos pela Fifa a torcedores com o Fan ID, a identificação daqueles que adquiriram ingressos para o Mundial.

"Os voos estavam caros, a única maneira era de trem nesse percurso longo. Mas não há trem para voltar, então não temos ideia de como vamos embora após o jogo. Talvez morar em Kazan, o que acha?", brincou Nicolas Peres.

Se saísse em primeiro na chave, a Argentina faria as oitavas de final em Novgorod, a sede mais próxima de Moscou - são 420 km, cerca de 4h de trem. Era para lá que essa turma, e a maioria dos argentinos na Rússia, tinham passagens e ingressos para a partida. "Ainda vamos precisar dar um jeito de comprar os ingressos", admitiram os argentinos.

Alguns torcedores que voltaram de São Petersburgo a Moscou estão alugando vãs ou ônibus, pagando até US$ 150 (R$ 570) para um bate-volta da capital russa até Kazan, trajeto pela estrada de mais de 800 km que deve demorar, pelo menos, 11h para ser feito. "Chegam para o jogo e vão embora logo depois. Alguns outros amigos nossos estão fazendo isso. Muito cansativo", disse Nicolas. Eles, ao menos, já tinham conseguido hospedagem em um hostel próximo ao centro.

Na cidade, a dificuldade dos argentinos chegar a Kazan é visível. Na manhã dessa sexta na Rússia, madrugada no Brasil, se via poucos pelas ruas, algo raro em véspera de partida da Argentina em Copa do Mundo. Um deles, Tomas Caleres, deu sorte. Passeava pela rua Bauman, a mais famosa da cidade, com a camisa da Argentina e o ingresso no bolso. "No sorteio que a Fifa faz dos ingressos consegui para esse jogo e já estava programada minha vinda. Dei sorte de a Argentina sair em segundo", contou.

Sair em segundo do grupo não complicou apenas seus torcedores, mas o time de Messi também terá que rodar mais pela Rússia caso chegue até a decisão. Como cabeça-de-chave do Grupo D, a Argentina deu sorte e seria a seleção com menor deslocamento no país da Copa para ser campeã, desde que vencesse a chave.

Poderia jogar três vezes em Moscou, ao lado de sua base (Bronnitsy, a 60km), duas em Novgorod, a sede mais próxima da capital, uma vez em São Petersburgo, distância de 700 km, e uma Sochi, nas quartas, que seria a mais longa viagem (1.626 km). Agora, além de sair a Kazan, passará por Nizhny e terá que ir a São Petersburgo para uma eventual semifinal, e não mais Moscou.

"Mesmo assim acho que vamos ter uns 20 mil argentinos aqui (em Kazan), como sempre", disse um confiante Nicolas.

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