Topo

Rodrigo Mattos

ANÁLISE

Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.

Flamengo sobrevive à opção esdrúxula de Rogério Ceni na escalação

Rogério Ceni orienta Gabigol em partida do Flamengo contra a LDU - Silvia Izquierdo-Pool/Getty Images
Rogério Ceni orienta Gabigol em partida do Flamengo contra a LDU Imagem: Silvia Izquierdo-Pool/Getty Images

20/05/2021 00h09

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

Quando anunciada, a escalação rubro-negra diante da LDU causou surpresa na torcida e em analistas. Eram três zagueiros de origem em campo, cinco titulares fora do jogo. O que exatamente Rogério Ceni queria em um jogo que poderia garantir a classificação do Flamengo em primeiro da Libertadores?

Não estavam em campo Isla, Arrascaeta, Diego, Bruno Henrique e Filipe Luís. Havia uma dedução de que Ceni priorizava a final do estadual, diante do Fluminense. Ceni rechaçou esta tese.

"Não, testamos três zagueiros de ofícios. Jogamos no exato sistema. Treinamos com Léo Pereira na função do Filipe Luís. Léo Pereira tem um jogo aéreo superior. Tem uma construção", afirmou o treinador rubro-negro, explicando que queria aumentar a estatura do time. Só citou desgaste de Filipe Luís.

Como escalação alternativa, Ceni mandou a campo três zagueiros de ofício, Bruno Viana, Gustavo Henrique e Léo Pereira. Na prática, não era muito diferente do esquema tático habitual. O time se defendia com uma linha de quatro com Matheuzinho, e tinha três defensores quando saia a bola e quando atacava. Léo Pereira fazia a função de Filipe Luís, e Matheuzinho se lançava à frente na direita.

O início de jogo mostrava um previsível Flamengo dominante pela sua maior técnica sobre o LDU. Até que Arão acertou um chute na cara de Amarilla e foi expulsou aos 15min. Obviamente, o jogo mudou e este é o único atenuante para o técnico do time.

Mas ainda havia a superioridade rubro-negra simbolizada pela jogada de Pedro. Dominou uma bola difícil, escorou o zagueiro e achou um espaço improvável para fazer o gol. Não durou muito tempo a vantagem. A zaga rubro-negra voltou a falhar pelo alto com Gustavo Henrique e Gerson, Guerra empatou a partida.

Aos poucos, Rogério Ceni começava a consertar os erros que tinha cometido na escalação. No intervalo, Ramón entrou no lugar de Léo Pereira, e Bruno Henrique dava a opção de velocidade no lugar de Gabigol.

O que não mudou foram os erros defensivos. Mais uma bola alta na área, mais uma falha. Matheuzinho permite a escorada na área, Bruno Viana deu as costas para o atacante Julio que virou a partida. O excesso de erros em jogadas aéreas é uma marca da temporada rubro-negra, um equívoco coletivo e, portanto, na conta também do treinador.

Em desvantagem, o treinador rubro-negro continuou a corrigir seus erros: colocou Diego e Arrascaeta em campo. Mas já era um time que tinha iniciado desfigurado, foi afetado por uma expulsão e depois seguiu meio bagunçado. Pressionava de forma inofensiva e a derrota levaria a decisão da vaga para a rodada final da Libertadores

Até que Arrascaeta arrancou um cruzamento precioso na bola parada para Gustavo Henrique. O empate salvou o Flamengo de se complicar na América do Sul. O time sobreviveu aos equívocos desta noite de seu técnico e se classificou ao mata-mata da Libertadores com uma rodada de antecedência. Detalhe: Ceni entendeu que não cometeu nenhum erro.