Topo

Rodrigo Mattos

Fla-Flu mostra que o apagão de TV vira o jogo a favor do árbitro

Leo Pereira, zagueiro do Flamengo, em ação no clássico com o Fluminense - Alexandre Vidal / Flamengo
Leo Pereira, zagueiro do Flamengo, em ação no clássico com o Fluminense Imagem: Alexandre Vidal / Flamengo

14/02/2020 04h00

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

Por conta da falta de acordo entre Flamengo e Globo, o Fla-Flu da semifinal da Taça Guanabara não teve transmissão de TV com suas várias câmeras e ângulos. Ao mesmo tempo, teve, sim, árbitro de vídeo já que a federação decidiu que os clubes bancassem por conta própria o equipamento. Com isso, ao contrário do que ocorria em passado recente, o árbitro tinha acesso a imagens que definiam lances polêmicos e o público na maior parte dos casos, não. E isso foi positivo para o desenrolar da arbitragem da partida.

Houve alguns lances duvidosos no Fla-Flu relacionados a impedimentos. Foi preciso uma consulta ao VAR para validar o gol do Fluminense de Evanilson por uma suposta posição irregular no início da jogada com Gilberto. Ele não estava e o gol foi validado. E houve três impedimentos marcados em ataques do Fluminense, dois deles resultaram em gols e um em um pênalti de Gustavo Henrique em Fernando Pacheco - todos foram anulados.

Das arquibancadas e da tribuna de imprensa, não era possível ver com clareza esses lances porque não havia replays imediatos nos celulares. O telão mostrou imagens do VAR em alguns lances, mas nem sempre o público vê com detalhes - confesso, por exemplo, que olhei para o telão e não peguei. Nem comentaristas fora ou dentro do estádio podiam ter opiniões peremptórias sobre as jogadas. Com isso, não falaram no rádio ou no twitter. Assim, houve menos foco na arbitragem e a torcida potencialmente prejudicada ficou menos inflamada.

Como exemplo pessoal, sempre corro para uma televisão grande das cabines para conferir lances, o que não foi possível. E acredito que não são poucos torcedores que, mesmo na arquibancada, acompanham as partidas na segunda tela. Desta vez, quem tinha a tela com detalhes era o staff do VAR e o árbitro Grazianni Maciel Rocha. Antes do árbitro de vídeo, os coitados dos juízes ficavam reféns sem imagens enquanto o público todo sabia o que ocorrera.

Na saída do estádio, que no caso da imprensa ocorre em meio da torcida do Fluminense, havia alguns grupos de torcedores comentando que "parece que foi pênalti". Mas não havia certeza, indignação. Era um comentário genérico.

Os debates após os jogos —vi os do SportTV e ESPN— também não eram concentrados em acompanhamentos frame a frame das imagens do impedimento. Até porque não havia câmeras tão detalhadas assim como costuma acontecer em transmissões grandes. A Ferj divulgou os vídeos do VAR de três lances no dia seguinte que indicam que houve acerto nas marcações que anularam os lances do Fluminense.

Esse texto não tem como objetivo pregar que seja dada menos informação ao público sobre as imagens do VAR e suas decisões. É preciso, sim, mostrar tudo na televisão quando de fato houver uma dúvida a ser tirada, em um lance discutível. E devemos gritar e nos indignar, sim, quando houver erros graves mesmo com o árbitro de vídeo, como já tem sido feito. A CBF e a Ferj, e a FPF devem ser cobradas por falhas.

Mas será que o acompanhamento frame a frame, ou as repetições exaustivas de lances decididos sobre arbitragem fazem bem ao jogo? O Fla-Flu teve uma concentração bem maior nos outros aspectos do jogo, que foi bom, do que na atuação do juiz.