RMP: Conversas de além-mar sobre os possíveis técnicos do Flamengo

No dia em que um jornal turco cravou a contratação do técnico português Vitor Pereira, atualmente no Fenerbach, pelo Flamengo (o que, ao menos até agora, não é confirmado por nenhum dirigente daqui), dediquei-me a conversar com boas fontes de além-mar, amigos que fiz durante minhas andanças como repórter e correspondente na Europa. Os papos foram interessantes e por isso transcrevo alguns deles aqui.

Comecei, naturalmente, por aquele que é o maior sonho do torcedor rubro-negro, sebastianista como ele só: Jorge Jesus. Qual é sua real situação no Benfica? O que pensa? O que quer? Garantiu-me um experiente jornalista que o próprio Mister anda em dúvida. A ponto de perguntar a um agente próximo o que achava que deveria fazer:

- Ele pediu um conselho: demito-me e vou pra outro lado ou aguento (a pressão da torcida e de parte da diretoria)? O empresário disse-lhe, então, que ficasse firme no barco e tentasse ganhar um título pra sair por cima, já que o contrato acaba em seis meses. A tendência dele é aguentar, até porque a demissão neste momento (final do ano) creio que seria mais por política. E ele tem dificuldade em entender o porquê dessa guerra, pois é um homem do campo de futebol e só de futebol...

A um outro amigo comum, Jesus garantiu que não sabe de nada sobre sua possível dispensa. Mas, com franqueza, admitiu: "nós (os treinadores) somos sempre os últimos a saber". E emendou, com um certo conformismo: "Não estou preocupado se isso for verdade".

Uma de minhas fontes afirma que a maior pressão contra Jesus vem da torcida, mas acredita que a ligação dele com Luis Filipe Vieira, ex-presidente do Benfica, responsável por sua contratação e retirado do cargo, chegando a ser preso, o está prejudicando. E acrescenta:

- Ele é o treinador mais bem pago de Portugal e o Benfica também anda tentando diminuir os custos. Se perder as duas próximas partidas contra o Porto não vai aguentar (a primeira é pelas oitavas de final da Taça de Portugal, no próximo dia 23, e a segunda, pela Liga Portuguesa, no dia 30 de dezembro). Ontem, a CNN de Portugal revelou que nem os seus jogadores acreditavam na classificação à fase de mata-mata da Champions...

Esmiuçada a situação de Jesus, procurei saber de Vítor Pereira, o treinador que estaria de saída do Fenerbache, onde há relatos de problemas com alguns jogadores, como o veterano alemão Mesut Özil (ex-jogador do Real Madrid e campeão do mundo em 2014). E ouvi o seguinte:

- Diria que é o tipo de treinador que nasceu virado pra lua! Pegou o Porto, porque naquela época o Chelsea veio, pagou a cláusula de rescisão do (André) Villas Boas (15 milhões de euros, valor inédito na época) e ele era o adjunto. Assim assumiu o time principal. E aí tem um velho ditado aqui em Portugal que diz: "quem treinar o Porto arrisca-se a ser campeão" - completou, ironicamente.

- Ganhou três títulos de 2011 pra frente e depois foi trabalhar na China, enriquecer. De lá pra cá só tem trabalhado no estrangeiro, sem ganhar nada relevante, mas beneficiando-se do alto prestígio que os treinadores portugueses têm. É um grande estudioso (foi o 2º melhor na sua turma, no ano da formatura), mas com pouco carisma. Trabalha sério, isso sim, como a maioria dos portugueses que passam pela Faculdade de treinadores. Mas entre ele e o Carvalhal, sem dúvida, o Carvalhal!

Êpa, passemos então ao terceiro candidato nessa autêntica dança das cadeiras que parecem viver os portugueses candidatos a treinar o Flamengo em 2022. Vale a pena investir no atual técnico do Braga, que perdeu para o Porto, por 1 a 0, na última rodada, e ocupa uma honrosa quarta colocação, atrás apenas dos gigantes Porto, Sporting e Benfica?

- O presidente do Braga (Antônio Salvador) "vendeu" o (treinador) Ruben Amorim para o Sporting por 10 milhões de euros, o mesmo valor da multa de Carvalhal. Não tem porque soltá-lo por um tostão a menos. Salvador é duro nas negociações e, francamente, o Carvalhal não vale isso.

Restou-me uma pergunta pra encerrar a conversa. Se meu amigo fosse presidente, entre os três citados, qual escolheria para ser o seu técnico.

- Jorge Jesus, sem dúvida. Ele come à parte (de Carvalhal e Vítor Pereira). Dá de 10 a 0, nos dois. Começou de baixo, não passou em faculdade, subiu a pulso. E tem, sobretudo, uma grande equipe técnica. O cérebro é João de Deus, que foi um péssimo primeiro, mas é um excepcional segundo. Vítor Pereira é organizado, estudioso, metódico. Jesus é um vulcão. E Carvalhal segue mais a sua linha do que a de Pereira.

E você, quem preferiria? Faça sua escolha e sua aposta. A roleta continua rodando...